Skid Row – “The Gang’s All Here” (2022) | Resenha

 

“The Gang’s All Here” é o sexto álbum estúdio da banda norte americana de hard rock heavy metal Skid Row, o primeiro com o vocalista sueco Erik Grönwall, dando um sentimento de renascimento para uma banda que parecia não ter mais nada a entregar ao mundo do rock!

Abaixo você lê nossa resenha completa deste disco lançado no Brasil pela parceria entre os selos Shinigami Records e earMUSIC.

"The Gang's All Here" é o sexto álbum estúdio da banda norte americana de hard rock e heavy metal Skid Row, o primeiro com o vocalista sueco Erik Grönwall, dando um sentimento de renascimento para uma banda que parecia não ter mais nada a entregar ao mundo do rock!

Como um fã da banda sueca H.E.A.T eu fiquei realmente triste com a saída do vocalista Erik Grönwall, pois pra mim ele era o elemento vital que transformava-os de uma boa banda de hard rock num nome diferenciado, capaz de criar discos que rivalizavam com os clássicos da era de ouro do gênero nos anos 1980.

Qual não foi minha surpresa quando o sentimento de tristeza se transformou em expectativa, afinal, ele foi anunciado como novo vocalista de uma das maiores bandas de hard rock da história: o Skid Row. Sempre imaginei como os vocais de Erik soariam numa banda mais pesada e despojada e até ficava imaginando como ele se saíria num disco como “The Savage Playground”, do Crashdiet. Mas o destino preparava algo ainda melhor: um disco ao lado do Skid Row.

Oriunda de Nova Jersey, o Skid Row teve uma das ascenções e quedas mais vertiginosas da história do rock. Seus dois primeiro discos, “Skid Row” (1989) e “Slave To The Grind” (1991), se tornaram clássicos absolutos do hard rock e várias de suas músicas são símbolos do fim da era de ouro do gênero. O Skid Row disputava, lado a lado, o posto de maior banda do hard rock (ou pelo menos no concurso de beleza de seus vocalistas) em 1989 junto aos dois maiores nomes da cena até então, os multiplatinados e queridinhos da MTv, Bon Jovi e Guns N’ Roses.

Porém, após o disco “Subhuman Race” (1995) – que considero tão bom quanto os dois primeiros, mas que é desconsiderado diversas vezes – as rusgas com o vocalista Sebastian Bach chegaram ao limite e ele foi defenestrado do quinteto que era completado por Scotti Hill (guitarra), Dave “The Snake” Sabo  (guitarra), Rachel Bolan (baixo), Rob Affuso (bateria). A verdade é que no ano de 1995 as coisas já estavam bem diferentes no mercado fonográfico. O grunge havia feito a cabeça dos adolescentes noventistas e sobravam duas alternativas: mudavam a sua forma de fazer música (como fez o Bon Jovi com “These Days”) ou implodiam (como aconteceu com o Guns N’ Roses). O Skid Row tentou a primeira alternativa e lançou “Subhuman Race”, mas o fracasso da perfomance do vocalista Sebastian Bach durante turnê (que foi vaiado no Brasil, quando a turnê passou pelo Hollywood Rock) resultou na sua saída e um hiato do Skid Row que se estendereia, em estúdio, até o disco “Thickskin”, de 2003.

A partir daí, o Skid Row apresentou uma versão ciclotímica de si mesmo, com vocalistas diferentes (como Johnny Solinger, Tony Harnell e ZP Theart) e apenas mais um disco de estúdio, intitulado “Revolutions Per Minute” (2006). Ou seja, tivemos que aguardar mais de uma década e meia por um novo disco da banda. Mas a espera valeu a pena, pois em outubro de 2022 eles entregaram “The Gang’s All Here”, seu melhor disco de estúdio desde “Slave To The Grind” (1991), à começar pela produção brilhante de Nick Raskulinecz (que já trabalhou com bandas icônicas como Foo Fighters, Rush, Alice In Chains, Halestorm e Evanescence), que conseguiu imprimir de forma orgânica e cristalina o pesado hard rock do Skid Row.

A mensagem de renascimento da banda está clara em títulos como “The Gang’s All Here” “Not Dead Yet”, mas, principalmente, em “Ressurrected” (um hard rock de primeira linha), onde Erik canta um refrão melodioso, mas certeiro: “We’re not playing dead/ That’s all in their head/ Now’s the time to see/ We’re resurrected”. O recado está claro para todos que diziam que o Skid Row estava morto sem Sebastian Bach. E para o antigo vocalista, em especial, parece que vários versos de diversas músicas são direcionados. Mas pode ser só impressão minha!

Abaixo você tem ofertas de uma edição em vinil e outra em CD, respectivamente, de “The Gang’s All Here”, do Skid Row.

Musicalmente, a essência pesada, suja e urbana da música do Skid Row está presente e foi amplificada e renovada pela energia, determinação e jovialidade da voz de Erik Grönwall, algo evidente já na faixa de aberta, “Hell Or High Water”, uma faixa que tem todas as marcas do primeiro disco da banda (assim como “When The Lights Come On” te fará lembrar de “Piece of Me”), desde o refrão, passando pela timbragem, linhas vocais e transições, mas com um solo que invoca todos os demônios do heavy metal, chegando a lembrar os que o Judas Priest estregou em “Painkiller”. Aliás, os solos deste disco estão inspiradíssimos: técnicos, melódicos, pesados e cheios de adrenalina.

A faixa título mantém a energia em alta, chegando na sequência com um groove malicioso, peso controlado e um refrão feito para se cantar junto. Nesta música Erik mostra que não precisamos ficar mais saudosos de Sebastian Bach, pois sua performance é tão técnica e agressiva quanto a do antigo vocalista. O jovem sueco estudou muito bem a cartilha dos norte-americanos e teve personalidade para inserir sua própria identidade, como faz muito bem em “Not Dead Yet”, que chega na sequência com mais força, determinação e um refrão com uma mensagem direta como um soco, assim como ouviremos nas pesadas “Nowhere Fast”, “Tear Ya It Down” “World on Fire”.

A melhor faixa vem na sequência: “Time Bomb” é uma das melhores e mais pesadas músicas que o Skid Row já fez, uma mistura de Black Sabbath com o Skid Row do primeiro álbum, sobre uma base cadenciada guiada por uma linha de baixo insinuante, com um riffão musculoso e linhas vocais que nos dão um sentimento de força e poder. Isso tudo forma uma composição viciante onde Erik veste a camisa dez com personalidade e marca um golaço de placa (pra usar uma analogia futebolística). Essa música é perfeita fusão de heavy metal com hard rock!

Ao lado de “Time Bomb”, como melhores faixas de “The Gang’s All Here”, está a belíssima balada “October’s Song”. Mas esqueça emulações de “I Remember You” “In A Darkneed Room”, pois “October’s Song” está mais para uma filha da obra-prima “Quicksand Jesus” (uma das mais belas composições que o hard rock nos deu) com “Breaking Down” (ótima balada de “Subhuman Race”) e assim como na música de 1991 a performance do vocalista é determinante para que o trabalho sobre melodias melancólicas e introspectivas soe tão emocional e carnal.

Claramente, “The Gang’s All Here” é um disco de hard rock construído sobre a tríade: riffs de guitarra, refrãos certeiros e solos vibrantes. E quanto aos refrãos, eles são tão empolgantes quanto nos solos que mencionamos antes. Não tem um refrão que não seja melodicamente construído para marcar, mas sem usar artifícios fáceis!

Por isso tudo, certamente, “The Gang’s All Here” é um dos melhores discos de hard rock das últimas três décadas! Espero, sinceramente, que esta formação ainda nos ofereça mais discos, pois parece que, enfim, reencontraram a química perdida nos anos 1990. Bem vindo de volta, Skid Row! Fizeram muita falta por aqui.

Leia Mais:

Abaixo você tem ofertas de mais discos da banda norte-americana Skid Row.

Outros Artigos que Podem Ser do Seu Interesse:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *