Scorpions – ‘Virgin Killer’ (1976): O controverso clássico do Hard Rock

 

“Virgin Killer” é o clássico da banda alemã de hard rock Scorpions, responsável por a chamar a atenção do mercado norte-americano e lembrado por sua polêmica capa.

“Virgin Killer” era o quarto disco de estúdio dos Scorpions e marcava a saída definitiva da musicalidade da banda do nicho do rock psicodélico rumo a uma sonoridade mais pesada. Este disco é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTOcuja proposta você confere nesse link.

Scorpions - Virgin Killer - Resenha - Artigo

Scorpions – “Virgin Killer” (1976): Por que você devia ouvir este disco?

Definição em um poucas palavras: pesado, capa censurada, disco de transição, heavy metal setentista.

Estilo do Artista: Hard Rock – Heavy Metal

Comentário Geral: Em “Virgin Killer” esqueça a super banda do rock alemão que geralmente nos vem à mente quando falamos em Scorpions. No início da carreira, ainda contando com a dupla fraterna de guitarristas, Michael e Rudolf Schenker, a banda investia em uma sonoridade um pouco mais psicodélica, se alinhando a nomes como Jethro Tull.

Esta fase, que começou ainda na década de 1960, culminou com o lançamento do primeiro álbum da banda, “Lonesome Crow” (1972), único registro na íntegra contando com Michael na guitarra, que deixou a banda em direção ao UFO, banda inglesa de hard rock. Apesar de perder um guitar hero, o Scorpions ganhou com a entrada do virtuoso Uli John Roth para manejar as seis cordas.

Discípulo de Jimi Hendrix, Uli manufaturava uma alquimia de virtuose e psicodelia, que permeava a voz peculiar de Klaus Meine, forjando uma sonoridade mais concisa e honesta do que seria apresentada na década seguinte. Não oriundo do circuito E.U.A./Inglaterra, o Scorpions experimentava um sucesso relativo na Europa e no Japão, sendo parte do resultado da energia desencadeada pelo movimento roqueiro destes países e que atingia as fronteiras adjacentes.

Em essência, o Scorpions era, em meados da década de 1970, o maior porta-voz da música pesada européia fora do Reino Unido. Com a entrada de Uli John Roth, as longas jams que os maiores nomes do estilo emanavam para os países vizinhos naqueles tempos e que o Scorpions ensaiava em seu primeiro álbum, foram transformadas em furacões de riffs e solos. Além disso, eles aceleraram as harmonias e deram um toque mais agressivo à voz de Klaus Meine, sem perder as pinceladas psicodélicas e musicalmente harmoniosas.

Scorpions - Virgin Killer
“Virgin Killer” é o melhor disco da primeira fase da carreira do Scorpions

Um exemplo para esta constatação está na faixa que batiza o melhor álbum desta primeira fase do Scorpions. “Virgin Killer”, a canção, apresenta o que havia de mais pesado no mundo do rock naqueles anos, sendo, sem dúvidas, uma das faixas mais agressivas da banda.

Ironicamente, esta é uma composição de Uli Roth, que se desligaria do Scorpions no limiar dos anos 1970 por desentendimentos quanto ao direcionamento musical: ele defendia a continuidade da fusão de psicodelia com rock pesado e o restante da banda queria investir em uma sonoridade mais heavy metal.

Dominado por guitarras pesadas, “Virgin Killer”, o álbum, tem em Uli John Roth sua mais brilhante estrela, um verdadeiro alquimista que faz em ouro as harmonias advindas de suas seis cordas manufaturadas em metal ordinário, transmutando uma simples balada como “Yellow Raven”, em uma das mais belas canções do Scorpions.

Muitos detratores da fase mais comercial do Scorpions gostam de alardear aos quatro ventos que a banda se vendeu ao fazer tantas baladas, ao contrário de primeira e mais honesta fase, onde faziam um som mais pesado. Falácia! Das nove composições que formam “Virgin Killer”, além da magistral “Yellow Raven”, temos mais duas baladas sensacionais, a saber “In Your Park” e “Crying Days”.

Claro que nenhuma destas se faz estruturada em melodramas musicais, mas sim desfilam classe extrema (cortesia das guitarras), sendo que “Crying Days” se apresenta difusa entre peso metálico e power ballad, devendo ter inspirado algumas bandas do heavy metal oitentista.

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Ademais, podemos destacar o heavy-boogie de “Backstage Queen”, o clássico “Pictured Life” (que define a futura fórmula de sucesso do Scorpions: direta, dinâmica, riff empolgante e refrão grudento) abrindo o álbum, sendo um esboço para o futuro clássico oitentista “Rock You Like A Hurricane”, além da pesada “Catch Your Train” (ensaiando a parceria de sucesso Meine/Schenker) sinalizando o caminho que a banda seguiria, e as duas canções entoadas pela voz de Uli Roth, “Hell Cat” e “Polar Nites”, mostrando toda a influência que Jimi Hendrix exercia em sua guitarra, carregada de groove e psicodelia.

Pouco lembrado pelos admiradores da fase oitentista do Scorpions, “Virgin Killer” mostra fluidez orgânica, heterogeneidade de composições que se completam como um quebra-cabeças, formatando o álbum mais consistente da fase Uli Roth, para mim, a melhor do Scorpions.

Numa época onde o Scorpions chocava com uma capa provocativa (leia mais abaixo), insinuava com um título ambíguo (seria um assassino de virgens ou uma virgem assassina?), a palavra de ordem para a músicas da banda era rebeldia, a mesma que se perdeu quando Uli Roth deu lugar a Mathias Jabs, após uma volta relâmpago de Michael Schenker.

Seja para conhecer uma fase pouco lembrada de uma das maiores bandas da história do rock, ou simplesmente para reverenciar a excelência de uma música como “Yellow Raven”, você devia ouvir “Virgin Killer”!

Ano: 1976

Top 3: Picture Life”, “Hell Cat” e “Yellow Raven”

Formação: Klaus Meine (vocais), Uli Jon Roth (guitarra, vocais), Rudolf Schenker (guitarra, backing vocals), Francis Buchholz (baixo, backing vocals) e Rudy Lenners (bateria).

Disco Pai: The Jimi Hendrix Experience – “Electric Ladyland” (1968)

Disco Irmão: UFO – “Force It” (1975)

Disco Filho: Accept – “Breaker” (1981)

Curiosidades: “Virgin Killer” (1976), quarto álbum do Scorpions, teve a capa censurada sob alegação de pornografia infantil. A modelo nua da foto que estampa o álbum tinha apenas 14 anos, com seu púbis estrategicamente escondido por uma rachadura do vidro que emolduraria a fotografia.

Pra quem gosta de: Capas censuradas, Lolita de Nabokov, dizer que a banda se vendeu, “rock pesado”, guitarrista virtuoso e cerveja escura.


Os 5 Melhores Discos do Scorpions

  1. Tokyo Tapes – Confira o disco;
  2. Virgin Killer – Confira o disco;
  3. Blackout – Confira o disco;
  4. Love At First Sting – Confira o disco;
  5. Acoustica – Confira o disco.

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