Riverside – Resenha de “Eye of the Soundscape” (2016)

 

“Eye of the Soundscape” é um álbum lançado em outubro de 2016, pela banda Riverside, onde exploram um lado mais experimental e instrumental, além de ser o disco com as últimas gravações do guitarrista Piotr Grudziński, que faleceu em fevereiro daquele ano.

O Riverside sempre executou uma exploração impiedosa da sensibilidade musical, tendo forjado uma verdadeira obra-prima em seu sexto álbum, “Love, Fear and the Time Machine” (2015).

Agora, como uma evolução natural dentro da banda, que pretende abrir uma nova era em sua discografia, lançam “Eye Of The Soundscape”, um álbum duplo que compila nove faixas que foram lançadas como bônus ou perdidas em lançamentos raros, além de quatro faixas inéditas, numa proposta progressiva instrumental, cheia de experimentações eletrônicas e texturas progressivas diferenciadas.

Riverside - Eye of the Soundscape (2016, Inside Out Music)

Ao explicar esse giro de cento e oitenta graus na sonoridade da banda, que introduziu esta natureza pouco ortodoxa eu sua discografia, trocando as doses homeopáticas de Hard Rock por um experimentalismo atmosférico, Mariusz Duda  afirmou que

“tinha um sentimento de que o sexto álbum do Riverside poderia ser o último capítulo de uma história. Que os lançamentos futuros poderiam ter uma sonoridade diferente”.

Creio que Duda não tinha a dimensão do impacto deste fim de era, enquanto comemorava com o guitarrista Piotr Grudziński a possibilidade de registrar um trabalho como este “Eye Of The Soundscape”, referenciado por Duda como “um grande sonho”, mas que seria o último álbum com o Grudziński, que faleceu de causas naturais em fevereiro de 2016, no meio do processo de manufatura e ajuste destas composições.

As novas faixas apontam para uma mudança interessante de direcionamento, explorando, sem abusos, um lado menos sinfônico da música progressiva, ao adicionar elementos clássicos do Rock Eletrônico e do Ambient ao progressivo etéreo e melancólico inerente ao Riverside.

“Where The River Flows”, uma das novas composições, que abre o trabalho, traz um experimentalismo eletrônico brilhante, numa fusão de Pink Floyd com Kraftwerk, assim como acontece na introspectiva e transcendental “Eye of the Soundscape”, outra das inéditas.

É importante mencionar que mesmo sobre toda esta exploração, o clima não soa frio ou sintético, sendo interessante notar a naturalidade deste amálgama musical, evidenciando o quanto estes elementos estão presentes no DNA da banda, mesmo no Eletro-prog “Shine”, ou no groove melancólico de “Sleepwalkers”.

Este álbum, além de um elemento de transição na discografia, representa o fim de um ciclo e presta um tributo à memória da obra que Grudzinski ajudou a manufaturar e deixa ainda mais imprevisível o próximo passo do Riverside.

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