RESENHA | Kryour – “Where Treasures Are Nothing” (2019)

 

“Where Treasures Are Nothing” é o primeiro álbum da banda brasileira de Melodic Death Metal/Metalcore Kryour, lançado em 2019.

A banda mostra coragem ao abrir sua discografia com um álbum conceitual ousado na temática, ao refletir sobre o humanismo e explorar acontecimentos desde o nascimento até a morte.

As influências de Children of Bodom, At the Gates, As I Lay Dying e Insomnium são musicalmente óbvias, mas Gustavo Iandoli (vocal e guitarra), Wesley Peira (guitarra), Gustavo Muniz (baixo) e Matheus Carrilho (bateria) as usam como força motriz da própria identidade.

Kryour - Where Treasures Are Nothing (2019, Independente)

Até por isso, o estilo desenvolvido pelo Kryour soa tão natural e sincero, liberto de amarras de estilos e referências, afinal eles percorrem diversas vertentes do metal desde as clássicas até as mais modernas.

Ou seja, pode esperar um som que possui bases de death metal que descambam para arranjos de heavy metal tradicional, mas que depois voltam para death metal, o que traz uma certa originalidade e dinâmica para a musica, principalmente pelos timbres do metalcore, como no intrincado groove progressivo da ótima “Theater of Destiny”.

Um ponto positivo vai para a produção de Diego Castro que conseguiu dar um padrão muito profissional para a sonoridade do Kryour, lembrando bastante os timbres usados por Gojira e Meshuggah.

Ele conseguiu potencializar todos os pontos positivos do Kryour quanto ao instrumental, dando brilho às guitarras, organicidade para a bateria, definição e corpo ao baixo (que é o destaque de “Rainy”, um interlúdio de extremo bom gosto) e primeiro plano aos vocais.

As composições são muito bem trabalhadas, principalmente na construção das poderosas melodias crispadas de técnica e dos refrãos certeiros desde a empolgante abertura “Anxiety”.

Claro, existem também backing vocals muito bem alocados e melodicamente construídos, como em “The Leaving”, onde esses vocais em segundo plano dão um clima diferente para uma faixa mediana.

Sustentados por uma seção rítmica altamente competente, esses elementos estão inseridos num contexto bem trabalhado, onde os músicos claramente se preocuparam com cada aspecto das composições que possuem início, meio e fim.

Nesse contexto, faixas como “Chaos Of My Dream” (uma música especial em todos os aspectos), “Restless Silence” (com groove certeiro e imperativo), “Falling In Oblivion” (amplificada pelo atrito de contrastes com a belíssima “Clarification” que serve da introdução para ela) e “My Conjugué” (um metal moderno acachapante) se destacam de saída como os pontos altos do repertório.

Inegavelmente, o timbre vocal de Gustavo Iandoli lembra bastante o de Alexi Laiho e não existem linhas vocais limpas por aqui.

Junto aos vocais guturais temos guitarras pesadas, gravemente timbradas e com bom equilíbrio entre velocidade e groove, imprimindo alguns riffs secos aqui e acolá que deixam os arranjos ao mesmo tempo sofisticados, modernos e violentos.

Em resumo, técnica desenvolvida, potência devastadora, melodia refinada (aconselho uma audição atenta à sutileza emocional de “When We Got To Go”) e uma dinâmica cativante é aquilo que ouvimos em “Where Treasures Are Nothing”.

Se você procura um exemplar moderno do heavy metal, feito com a marca do metal nacional, pode ir atrás de “Where Treasures Are Nothing”, pois o Kryour é uma das bandas que demonstram, com muita energia, um grande potencial de crescimento na cena atual.

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