Exhorder – Resenha de “Mourn the Southern Skies” (2019)

 

Enfim, após quase três décadas, podemos ouvir “Mourn the Southern Skies”, álbum do Exhorder sucessor de “The Law” (1992)

Quando se fala na gênese do groove metal, muitos lembram do Pantera, do Machine Head e até mesmo do Prong, mas o Exhorder foi tão importante quanto.

Seu primeiro disco, “Slaughter in the Vatican”, de 1990, e “The Law” (1992), que veio na sequência, foram discos precursores na valorização do groove dentro da proposta pesada e violenta do thrash metal.

Na verdade, não seria exagero credencia-los como os criadores do Groove Metal.

Exhorder - Mourn the Southern Skies
Exhorder – “Mourn the Southern Skies” (2019, Shinigami Records)

Após entrar em hiato em 1994, o Exhorder tentou alguns retornos, mas que de fato só frutificou em material novo após a reformulação da banda em 2017, quando o vocalista Kyle Thomas e o guitarrista Vinnie LaBella resolveram aparar as arestas (Vinnie saiu da banda novamente em 2020).

Ao lado da dupla está um trio de respeito dentro do thrash metal: o baixista Jason VieBrooks (Heathen, Grip Inc.), o baterista Sasha Horn (Forbidden, Novembers Doom) e o guitarrista Marzi Montazeri (Heavy As Texas, Philip H. Anselmo & The Illegals).

Nesse contexto, “Mourn the Southern Skies” é apenas o terceiro álbum de estúdio, o primeiro em quase três décadas, de uma banda icônica, o que aguça nossa curiosidade pelo que será ouvido.

Vale registrar de saída que essas novas dez faixas materializaram novamente o velho espírito do Exhorder, ao mesmo tempo que soa contemporâneo, bem equilibrado entre o passado e o presente do metal, como mostra a longa faixa-título que encerra o disco.

Essa música é de longe a melhor do repertório. Musicalmente trabalhada nos detalhes, possui profundidade nos arranjos, muito sentimento e uma leve tendência progressiva, seja nos climas bem desenvolvidos ou nas variações dos andamentos.

No geral, a determinação punk ainda está energizada pela a raiva inerente ao thrash metal desde a faixa de abertura, a iracunda “My Time”, que abre disco instilando um refrão certeiro e dinâmica tão tempestuosa quanto cativante, numa fórmula que ainda renderá “All She Wrote”, outro bom momento do disco.

Mas agora eles tem uma arma mais poderosa para potencializar seus sons de revolta: os solos de guitarra tempestuosos, pesados e rápidos, como podemos ouvir na cadenciada “Asunder” (outra dentre as melhores músicas do disco).

Isso sem falar nos já esperados riffs cadenciados e truncados que nos dão aquele sentimento de força e poder que o heavy metal dotado de um bom groove possui e que aqui está impresso em “Hallowed Sound” e “Rumination”.

Claro que as comparações com “Slaughter in the Vatican” são desnecessárias para não dizer injustas. Afinal, esse primeiro álbum tem status de cult dentro do heavy metal atualmente e existe uma distância de tempo e circunstância entre ambos, o que torna esse tipo de argumentação comparativa inválida.

Sendo assim, vamos analisar “Mourn the Southern Skies” apenas pelo que ele é!

A velocidade e a intensidade estão mais controladas por aqui (tudo bem, “Beware The Wolf”“Ripping Flesh” são duas exceções), um sintoma da maturidade dos músicos que compuseram e gravaram essas músicas, consequentemente mais trabalhadas e não tão instintivas.

Além disso, existe um tempero mais roqueiro dentro da receita thrash metal que o Exhorder nos entrega, como na brilhante “Yesterday’s Bones” e na arrastada “The Arms of Man” que têm algo de Black Sabbath em algumas passagens e solos arrepiantes.

Por falar em comparações, o timbre de Kyle Thomas por vezes remete ao de Phil Anselmo no álbuns “Cowboys from Hell” “Vulgar Display of Power”. Suas linhas são construídas com determinação furiosa, mas sem esquecer do poder de uma melodia forte para um bom refrão. E aqui existem vários deles!

Se o groove metal é sua praia, aproveite que o disco foi lançado no Brasil via Shinigami Records e vá atrás de “Mourn the Southern Skies”, pois ele feito por quem estava na gênese do estilo.

FAIXAS:

1. My Time
2. Asunder
3. Hallowed Sound
4. Beware The Wolf
5. Yesterday’s Bones
6. All She Wrote
7. Rumination
8. The Arms Of Man
9. Ripping Flesh
10. Mourn The Southern Skies

FORMAÇÃO

Kyle Thomas »» vocal
Vinnie LaBella »» guitarra
Marzi Montazeri »» guitarra
Jason VieBrooks »» baixo
Sasha Horn »» bateria

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