RESENHA | Brave – “The Oracle” (2020)

 

“The Oracle” é o terceiro álbum da banda de power metal brasileira Brave. Um disco que tem a missão de ser o sucessor de “Kill the Bastard” (2016), o responsável pela consolidação da banda no cenário nacional.

Fundado em 1998, no interior paulista, o Brave retirou seu nome do filme “Brave Heart” (1995), e passou pelas mudanças de formação tão comuns no undergorund até chegar ao time que gravou “Kill the Bastard” e “The Oracle”: Sidney Milano (vocal), Carlos Bertolazi (guitarra), Ricardo Carbonero (baixo) e Carlos Alexgrave (bateria).

Brave - The Oracle (2020, Anti Posers Records)

Praticante de um power metal tradicional e agressivo, o Brave traz como trunfo para “The Oracle” exatamente o fato de ser o segundo trabalho da banda com a mesma formação, uma condição que refletiu no entrosamento entre os músicos e fortaleceu ainda mais as potencialidades de sua música pesada.

Não seria exagero dizer que o Brave resgata em “The Oracle” aquele espírito beligerante e enérgico do tradicionalismo do metal teutônico enquanto exploram cada uma das possibilidades criativas dentro de seus limites estílicos.

Até por isso, as influências de Accept, Grave Digger, Rage, Anvil e Manowar não só são nítidas como confessas. Inclusive, o timbre do vocalista Sidney (dono de uma voz extremamente versátil, como prova a faixa-título) remete, por diversas vezes, ao de Chris Boltendahl, do Grave Digger.

“The Oracle”, antes de tudo, evidencia a maturidade que o Brave atingiu dentro dessa proposta de equilibrar peso incisivo com melodia trabalhada pelas guitarras, seja nos riffs ou nos solos, e impressa por uma produção orgânica e honesta.

Essa é uma observação perceptível e confirmada já na primeira composição, “Firestorm”, que chega após a ótima introdução.

Aliás, peso é o que não falta por aqui, seja nas guitarras vigorosas ou nos refrãos imperativos, mesmo que a produção deixe um pouco a desejar no quesito “potência sonora”.

Ainda assim não podemos reclamar da nitidez com que os instrumentos e a voz são registrados, sem um pingo de artificialidade, todos bem alinhados nos cânones do power/heavy metal.

Percebe-se a bem definida e consciente estratégia de que fazer o simples bem feito pode funcionar melhor que as ousadias experimentais tão íntimas do risco de cair na armadilha de soarem como a harpa eólica do estilo.

Quando se transita entre as formas mais puras do heavy metal e do power metal, como é o caso do Brave, essa é uma estratégia inteligente e madura. Aliás, a maturidade vem também impressa nas letras, na capa, no trabalho em estúdio e até na duração das músicas.

“The Oracle” é relativamente curto para os padrões modernos do power metal, mas mantém a regra de ouro da era clássica do heavy metal de só colocar no disco as oito melhores composições, sem preocupar com a extensão, mantendo a dinâmica do LP, com duas aberturas e dois desfechos.

Por isso, fica difícil de apontar destaques num repertório tão coeso e o sentimento de “quero mais” impulsiona audições seguidas do disco que cresce a cada novo play.

Mesmo assim, não dá para deixar de mencionar faixas como “Wake the fury” (capaz de provocar headbangins involuntários), “We fight for Odin”, “Valhalla” (uma composição multifacetada, sendo mais um destaque para a versatilidade do vocalista), “Fall to the Empire” (com um ótimo refrão!) e “We burn the heart” (uma belíssima balada power metal).

Definitivamente “The Oracle” é um disco que tem os grandes clássicos do power/heavy metal como modelo!

Acha que estou exagerando? Vá atrás e confira!

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