Ramones: 5 discos essenciais da maior banda de punk rock da história

 

Conheça a música da pioneira banda Ramones com este fantástico conjunto de 5 discos! De “Rocket To Russia” a “Brain Drain”, explore esses álbuns seminais da maior de punk da história do rock.

Ramones - 5 Melhores Discos Best albumns

O Ramones foi a banda que resgatou o espírito puro do rock n’ roll, dando início ao punk rock! Hoje escolhemos 5 discos essenciais para representar toda a sua discografia. Formado em 1974, em Forest Hills, subúrbio de Nova York, o Ramones fez história com um som único, básico e avassalador, montado sobre três acordes em contraponto ao rock progressivo poluído por tecnicismos, megalomanias e superproduções. A proposta prosaica era impressa desde o visual construído com jeans rasgados e puídos combinados com velhas jaquetas de couro.

A imagem e o som eram inspirados nos 1960, principalmente em Freddie Cannon, Beach Boys, Beatles, The Who, Rolling Stones, Stooges, New York Dolls e The Trashmen, além das bandas de garage rock daquela década, num primitivismo que era estético, muito marcante e nem um pouco restritivo em termos musicais. O Ramones se revelou no mesmo circuito de bares e clubes de Nova York, de onde também saíram Talking Heads, Television e Blondie; começou gravando pelo selo Sire, em 1976, e foram tratados como heróis por punks de todo o mundo, durante décadas.

Após estabelecida a formação em quarteto com Joey Ramone (vocais), Johnny Ramone (guitarra), Dee Dee Ramone (baixo) e Tommy Ramone (bateria), em 1974, o Ramones começou a ganhar certo nome no cenário em que estava inserido. Seu primeiro show com esta formação se deu no lendário CBGB em agosto daquele ano. No ano seguinte, foram vaiados ao abrir para o bluesman Johnny Winter o que os impediu de conseguir um contrato com uma gravadora naquele momento. As coisa mudaram apenas quando conheceram Danny Fields, e assinam um contrato de cinco anos com a Sire.

Abaixo, listo aqueles que considero os cinco principais discos para conhecer a banda Ramones, não necessariamente os melhores, mas o mais estratégicos para ter uma ideia do que a banda fez em suas mais de duas décadas de atividade plena.

1) Ramones (1976)

O primeiro disco, “Ramones”, foi gravado em fevereiro de 1976, lançado dois meses depois, e custou a quantia irrisória de seis mil e quatrocentos dólares, sendo gravado em apenas 18 horas. O disco era visceral e trazia um total de 14 faixas (numa época que o normal eram 8 ou 10) em menos de meia hora de duração.

Todas as músicas traziam referências à surf music, pop rock, garage rock e ao rock n’ roll misturadas de forma primitiva e gravadas cronologicamente de acordo com a sequência com que foram sendo compostas. Dentre elas podemos (e devemos) destacar clássicos da gênese do punk rock como “Blitzkrieg Bop”, “Beat on the Brat”, “I Wanna Be Your Boyfriend”, “53rd & 3rd”, “Now I Wanna Sniff Some Glue” “Havana Affair”.

Abaixo você encontra uma oferta da edição em vinil deste primeiro disco dos Ramones.

Obviamente, o Ramones que revolucionava a música da época indo contra os padrões do mainstream era boicotado pelas rádios, o que não impediu o disco de chegar a primeiro lugar nas paradas inglesas, levando-os a Londres em julho de 1976. Neste mesmo período algumas bandas de jovens deslocados buscavam a mesma rusticidade na Inglaterra e esta passagem do Ramones por lá deu ainda mais força ao movimento que estaria fincado sobre as mesmas bases do punk novaiorquino, só que mais pesado e visceral.

“Ramones”, o disco, era simples e crú, em todas as suas faces, desde a arte de capa até a produção. O guitarrista Johnny Ramone criou as linhas baseadas nos famosos três acordes, Joey estabeleceu seu carismático vocal anasalado e junto ao grito de guerra “Hey ho, let’s go!” criou a essência que seria desenvolvida ao londo dos próximos discos. Até por isso ele tem lugar cativo em nossa lista de discos obrigatórios do Ramones.

2) Rocket To Russia (1977)

O quarteto ainda voltaria aos palcos londrinos, mas antes gravariam seu segundo disco, “Leave Home” (1977), que era uma espécie de segunda parte do primeiro trabalho, com destaque às faixas “Pinhead” (que trazia o outro grito marcante do Ramones, “gabba gabba hey”), “I Remember You” “Commando”. A única diferença era que agora a capa era colorida.

No mesmo ano de “Leave Home”, o Ramones lançaria aquele que é considerado seu disco mais clássico, “Rocket to Russia”. Este é o último disco da banda com o baterista Tommy Ramone, que se tornaria apenas o produtor, abrindo espaço para a chegada de Marc Bell, do Dust, que seria, a partir dali, Marky Ramone. “Esse foi o melhor disco do Ramones, contém os clássicos. A banda tinha chegado no auge tanto em estúdio quanto ao vivo”, registrou Johnny Ramone em sua autobiografia.

Abaixo você encontra uma oferta da edição em vinil de “Rocket to Russia”, dos Ramones.

“Rocket to Russia”, mantinha a essência primal e visceral do Ramones, mas apresentava uma produção melhor acabada, mesmo gastando apenas vinte e cinco mil dólares para gravá-lo em agosto de 1977 no Media Sound Studios, em Manhattan, Nova York. A capa seguia o estilo dos dois primeiros discos, mas a contra-capa que se destacava por trazer o futuro mascote da banda batizado de Pinhead se agarrando a um foguete.

Ao lado do primeiro disco, “Rocket to Russia” é o trabalho com o maior número de clássicos da banda em um mesmo trabalho. A lista é impressionante: “Cretin Hop”, “Rockaway Beach”, “Here Today, Gone Tomorrow”, “I Don’t Care”, “Sheena Is a Punk Rocker”, “We’re a Happy Family”, “Teenage Lobotomy”, “I Wanna Be Well” e “Ramona”. O que torna este disco uma obra-prima do rock e um dos discos essenciais do punk rock. Além destas, o repertório ainda trazia dois covers para “Surfin’ Bird”, do Beach Boys, e “Do You Wanna Dance”, do Trashmen.

3) Road to Ruin (1978)

Já com Marky Ramone como baterista, o Ramones lançou “Road To Ruin” em 1978, seu quarto disco de estúdio e o primeiro que contém  canções que ultrapassavam os três minutos, como “Questioningly” “I Wanted Everything, mas não pense que diminuíram a velocidade das músicas (“I’m Against” “Go Mental” estão aqui para nos lembrar disto). A capa mostrava uma certa preocupação estética, mas a pegada se mantinha, principalmente pela produção crua de Tommy Ramone.

“Road To Ruin” traz dois dos maiores sucessos do Ramones, a viciante “I Wanna Be Sedated” (composição de Joey) e a balada “Needles And Pins”, um cover dos Searches, na verdade composta pelos americanos Jack Nitzsche and Sonny Bono, mas que ficou marcada pela personalidade de Joey Ramone numa interpretação histórica. Além de Joey, o novo baterista se destacava e mostrava que seria importantíssimo na musicalidade do Ramones pela técnica e energia que empregava.

Abaixo você encontra uma oferta da edição em vinil de “Road to Ruin”, dos Ramones.

Novamente o disco tem boa repercussão na Inglaterra (neste época o Sex Pistols já estava acabando), mas é praticamente ignorado nos Estados Unidos, mesmo assim a banda recebeu o convite de Roger Corman, um produtor de filmes B, para trabalharem no cinema. O filme, intitulado “Rock ‘n’ Roll High School”, falava de uma fã apaixonada pela banda e que escreve canções para serem gravadas por eles em meio a um contexto de rebeldia contra os padrões conservadores da sociedade inglesa. Lançada em 1979, a trilha sonora deste filme trazia a ótima faixa título que estaria em seu próximo álbum de estúdio, “End of the Century” (1980).

Mas antes de “End of the Century”, um disco produzido por Phil Spector, a banda marcou esta sua primeira fase primal e agressiva com o clássico disco ao vivo “It’s Alive”. Lançado em 1979, o disco duplo gravado ao vivo em Londres trazia vinte oito faixas tocadas com fúria, energia e velocidade determinantes para influenciar o hardcore na década seguinte. Quem dúvida disso é só ouvir a pedrada “Bad Brain”, presente em “Road to Ruin”, e se perguntar de onde veio o nome da seminal banda de hardcore?

A década de 1980 é um tanto conturbada para o Ramones, que estava se dividindo entre sua veia agressiva e minimalista do rock e a necessidade de evoluir musicalmente. O primeiro passo na nova década veio com o interesse por Phil Spector, o produtor do Beatles, para trabalhar com a banda, resultando no disco “End of the Century”, que apesar dos bons momentos com “Do You Remember Rock ‘n’ Roll Radio?” “Rock ‘n’ Roll High School”, mostrava desde a capa um animal selvagem domesticado e desconfortável com o padrão quadrado aplicado para tentar sair do underground.

4) Animal Boy (1986)

Os efeitos desta “domesticação” trariam marcas na discografia do Ramonesa pelos próximos discos que oscilariam em qualidade dentro de seus respectivos repertórios. “Pleasant Dreams” (1981) era muito bem produzido e “We Want the Airwaves” já explicava o motivo, sendo este um dos destaques junto com “The KKK Took My Baby Away”. Esta faixa é emblemática pois falava veladamente dos problemas entre Joey e Johnny (o KKK da letra).

Em “Pleasant Dreams” a irmandade dos Ramones rachou de vez e eles começaram a assinar as letras em separado. As brigas entre os músicos ficaram cada vez mais flagrantes chegando a atrapalhar ensaios e horas de gravação. Até por isso, resolvem tirar um ano de férias fazendo que o Ramones sofresse de seu primeiro hiato de 2 anos entre algum de seus discos.

“Subterranean Jungle” (1983) traria “Outsider” “Psycho Therapy”, mas os problemas com bebidas e drogas mitigaram o restante do repertório. Os músicos iam para o estúdio completamente bêbados e as divergências pessoais faziam com que não se falassem nem durante o trabalho. Na sequência, “Too Tough to Die” (1984) mostrava uma banda se reencontrando num repertório mais forte (já sem Marky Ramone que deu espaço para Richie Ramone) liderado por “Mama’s Boy”, “Durango 95” “Howling at the Moon (Sha-La-La)”, sendo que este disco poderia muito bem estar nesta lista.

Abaixo você encontra uma oferta da edição em capa dura de “Commando”, a autobiografia de Johnny Ramone.

Entretanto, escolhi “Animal Boy” (1986) para representar a fase oitentista do Ramones por ele estabilizar a intenção hardcore do disco anterior que os colocou de volta entre os punks de Nova York. “Animal Boy” foi produzido por Jean Beauvoir, ex-Plasmatics, e segue a linha hardcore do disco anterior, mostrando a face mais pesada do Ramones, numa pegada mais seca e agressiva, mas sem perder o poder de cativar das melodias simples, exemplificado em clássicos como “Somebody Put Something in My Drink”, “My Brain Is Hanging Upside Down (Bonzo Goes to Bitburg)”, “Something to Believe In” e a própria “Animal Boy”.

“Animal Boy” foi o disco que enterrou a fase ciclotímica do Ramones e colocou-os no rumo certo para o último terço de sua carreira. “Halfwat to Sanity” (1987) chegou mantendo a boa fase e as trocas na bateria: sai Richie, entra Clem Burke, do Blondie, que ficaria pouco tempo até o retorno de Marky Ramone que havia resolvido seus problemas com álcool e as drogas.

5) Brain Drain (1989)

No ano de 1988 o Ramones lançou a coletânea “Ramonesmania”, com um apanhado dos melhores temas da banda até aquele momento. Foi uma ótima forma de manter o ritmo de lançamentos num ano que não teríamos um novo álbum de inéditas, pois eles haviam assinado com uma nova gravadora, a Chrysalys, ou seja “Brain Drain”, o melhor disco do Ramones desde “Road To Ruin”, seria o último pela Sire.

Mesmo que nunca tenha sido uma banda de popularidade gigantesca nos Estados Unidos, o Ramones tinha alguns fãs ilustres, dentre eles o escritor Stephen King. A história nos conta que a admiração era mútua e durante uma breve passagem da banda pela Nova Inglaterra, Stephen King os convidou para ir a sua casa em Bangor, no Maine. Os convidados ilustres jantaram com o escritor, discutiram beisebol, ficção científica e Dee Dee Ramone foi presenteado com uma cópia do livro “O Cemitério”.

Assim nasceria “Pet Sematary”, uma a composição que se tornaria tão importante quanto o filme para o qual foi composta à convite do próprio Stephen King, intitulado “Cemitério Maldito”, onde Dee Dee resumiu uma das melhores passagens do livro em alguns versos. Ou seja, Stephen King tinha uma canção de uma de suas bandas favoritas em uma de suas melhores adaptações para o cinema. O Ramones ainda figuraria na trilha sonora da sequência de “Cemitério Maldito”, com a faixa “Poison Heart”, presente no ótimo disco “Mondo Bizarro” (1992).

Abaixo você encontra uma oferta do clássico livro de terror “O Cemitério”, de Stephen King, que inspirou o clássico “Pet Sematary”, dos Ramones.

“Pet Sematary” abre o lado B do vinil de “Brain Drain” estando bem acompanhada num repertório que traz as magníficas “I Believe in Miracles”, “Punishment Fits the Crime”, “Merry Christmas (I Don’t Want to Fight Tonight)” “Can’t Get You Outta My Mind”, além das pesadas “Zero Zero UFO” “Lean To Listen”, a grudenta “Don’t Bust My Chops”, faixas que só elevam ainda mais a qualidade absurda deste álbum, que também ficou marcado como o último a contar com Dee Dee Ramone, mas que se mostra um dos melhores momentos da banda na fase em que lapidaram mais o seu punk, indo além dos três acordes.

Em sua autobiografia, Johnny Ramone diz que a perda de Dee Dee foi o maior baque na carreira da banda e completa dizendo que, “em primeiro lugar, Dee Dee não tocou nos três últimos álbuns do Ramones em que levou os créditos. Ele perdeu o interesse por tocar baixo. Ia ao estúdio, mas simplesmente não dava bola.” O baixista se desligou da banda em julho de 1989, depois de alguns shows na Califórnia. Meses depois ele apareceu no estúdio onde trabalhavam e fez um acordo para continuar escrevendo canções para o Ramones.

Após a saída de Dee Dee Ramone no meio da turnê eles escolheram C.J. Ramone para o posto, um fã de Black Sabbath nascido no Queens, em Nova York, e ex-membro de uma banda de heavy metal chamada Axe Attack. Na sequência teríamos mais um disco ao vivo, “Loco Live” (1991), gravado na Espanha e mais alguns discos de estúdio, sendo que dois deles, “Mondo Bizarro” (1992) e “Adios Amigos!” (1995) poderiam muito bem estar nesta lista, mas como já escrevemos um artigo especial para cada um abrimos espaço para outros.

Em sua autobiografia , Johnny Ramone nos confessa que, em 1995, no saguão de um hotel, enquanto assistia a um programa da ESPN, tivera sua aceitação da aposentadoria. Todavia, o próprio Johnny Ramone afirmaria que em sua cabeça a banda nunca esteve acabada até Joey Ramone falecer, em abril de 2001. Para o líder dos Ramones, que faleceria três anos depois, “não havia mais Ramones sem Joey”. Ou seja, a banda virou apenas história em 1995, mas deixou um legado gigantesco para o rock!


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