Confira a proposta desta seção aqui…
Dia Indicado Pra Ouvir: Quarta-Feira;
Hora do dia indicada para ouvir: Sete da Noite;
Definição em um poucas palavras: Alternativo, América Querida, Baladas, Contra Tudo Isso Que está aí, Grudento, Guitarra, Punk, Urbano.
Estilo do Artista: Punk/Classic Rock.
Comentário Geral: Quando Johnny Ramone começou o Ramones junto com Dee Dee Ramone na sala de seu apartamento, ele via a música como uma possibilidade para cinco anos, nunca supôs que a banda fosse além disso.
Em 1992, o Ramones já tinha quase duas décadas de existência e se preparava para lançar seu décimo segundo disco de estúdio, “Mondo Bizarro”, nos impressionando por marcar ainda mais o fato de que eles nunca perderam a força ao longo destes anos, mesmo fazendo a mesma música desde o início.
Esse disco chegava em uma fase conturbada na carreira da banda.
É o primeiro disco de estúdio do Ramones após o álbum ao vivo “Loco Live” e continua a variedade entre a abordagem das composições como ouvimos em “Brain Drain” (1989). Além disso, era o primeiro disco de estúdio da banda três anos após deixarem a gravadora Sire Records e o primeiro com Radioactive Records.
Porém essa não era a maior mudança para o Ramones na década que se abria para os pais do punk rock.
Em “Mondo Bizarro” o Ramones trazia uma grande diferença em suas fileiras: a saída do baixista e compositor Dee Dee Ramone durante a turnê de “Brain Drain” (1989).
Em sua autobiografia, Johnny Ramone diz que a perda de Dee Dee foi o maior baque na carreira da banda e completa dizendo que, “em primeiro lugar, Dee Dee não tocou nos três últimos álbuns do Ramones em que levou os créditos. Ele perdeu o interesse por tocar baixo. Ia ao estúdio, mas simplesmente não dava bola.”
E nos shows estava ainda pior:
“Às vezes, durante os shows, ele se perdia numa música, e eu tinha que fazer um roadie ir lá e fazê-lo parar de tocar para que eu desse cobertura até a canção terminar. Ele nem sabia que estava perdido.”
O guitarrista ainda nos conta que ao vivo eles baixavam o volume de Dee Dee no mixer e ele tinha que cobrir suas falhas no palco. “Dee Dee estava cada vez mais doido, e não eram apenas drogas”, Johnny registra justificando que provavelmente era uma combinação da insatisfação com a banda e com seu casamento.
Porém, nem quando ele começou a aderir à cultura do rap/hip hop, “tudo o que detestávamos”, como o próprio Johnny define, o plano era sua saída do Ramones.
Ainda tendo como fonte a autobiografia do guitarrista ele nos diz que jamais pensou em substituir Dee Dee: “Ele aparecia quando tinha que estar lá. Ele era Dee Dee, nosso baixista.”
O baixista se desligou da banda em julho de 1989, depois de alguns shows na Califórnia. Meses depois ele apareceu no estúdio onde trabalhavam e fez um acordo para continuar escrevendo canções para o Ramones.
Exatamente por isso ele ainda contribui com três dos grandes momentos de “Mondo Bizarro”: o clássico “Poison Heart”, a forte “Strenght to Endure”, e “Main Man” (eficiente em sua simplicidade), todas ao lado do produtor do disco anterior, Daniel Rey.
O mais curioso é que Dee Dee teria ficado furioso pelo fato da banda ter escolhido apenas três músicas dele pro disco. Ele teria entregue a Johnny uma fita com quinze composições.
Ironicamente, desse disco, o Ramones só tocaria até o fim da banda justamente duas de suas composições: “Strenght to Endure” e “Main Man”, as melhores de um disco que, segundo Johnny, tinha “seu ponto fraco nas canções”.
Peço licença para discordar frontalmente do líder e guitarrista, pois acho “Mondo Bizarro” um disco mais inspirado que alguns que eles ofereceram nos anos 1980.
Das três composições de Dee Dee, Joey só coloca suas linhas vocais em “Poison Heart” e deixa as outras duas à cargo do novo baixista, C. J. Ramone, um fã de Black Sabbath nascido no Queens, em Nova York, e ex-membro de uma banda de heavy metal chamada Axe Attack.
“Assim que vi CJ eu disse: ‘É ele’. Soube na mesma hora. Ele se parecia com o Dee Dee, tocava como o Dee Dee”, nos conta Johnny. E o guitarrista de fato procurava um Dee Dee mais jovem!
Tanto que Johnny orientou cada ação de CJ, inclusive dando gravações de shows para que o novo baixista estudasse a postura de Dee Dee em seus melhores dias.
Antes de entrarem em estúdio com a nova formação, decidem gravar o ao vivo “Loco Live” (1991) em Barcelona, na Espanha, um disco capaz de dizimar qualquer dúvida sobre a capacidade do Ramones no início dos anos 1990.
Todas músicas são executadas com um intensidade renovada e rapidez vertiginosa, mostrando como CJ tinha encarnado o espirito Ramone do pseudônimo que recebera, além da capacidade de manter a adrenalina sempre em nível altíssimo. O que só gerou expectativa para o novo disco de estúdio, que chegaria em 1992.
“Mondo Bizarro” apesar da dinâmica versátil é formado por temas curtos (as treze faixas não preenchem quarenta minutos de música), e abre com “Censorshit”, um punk “três acordes” à moda Ramones, e com uma crítica forte em sua letra quanto a censura norte-americana liderada por Tipper Gore.
De cara, Joey Ramone chama a atenção pela belíssima interpretação vocal, algo que se repetiria por todo o disco. O vocalista apresenta nestas novas composições uma abordagem mais variada, principalmente nas três primeiras faixas, e a dinâmica com o vocal de CJ funciona muito bem.
A segunda faixa, “The Job That Ate My Brain”, mostra um Joey com voz menos empostada, num punk mais direto e tenso que a abertura (como também ouviremos em “Anxiety”), enquanto “Poison Heart” traz a vibe de uma segunda parte de “Pet Sematary”.
Inclusive a forma mais melódica de “Poison Heart” pode ser vista se repetindo no álbum, mais precisamente em “Tomorrow She Goes Away” (mais uma com a assinatura de Daniel Rey, agora em parceria com Joey) e “It’s Gonna Be Alright” com seu refrão certeiro, uma mensagem para os fãs e ecos dos primórdios do rock.
E por falar em rock dos anos 1950, “Touring” é herdeira direta de Chuck Berry, uma espécie de “Rock N Roll High School” dos anos 1990.
Porém, os destaques máximos dos vocais de Joey vão para o cover iracundo de “Take it as it Comes”, do The Doors, quiçá melhor que a original, e com teclado à cargo de Joe McGinty, e à belíssima balada “I Won’t Let It Happen”.
Confesso que algo sempre me chamou a atenção nas baladas do Ramones. A honestidade crua, a simplicidade emocional, o que for, sempre me acerta em cheio e talvez essa seja a balada da banda que mais gosto, ainda mais pela interpretação chorosa e propositadamente displicente de Joey.
Tudo bem, eu sei que ela tem o refrão chupado descaradamente de “I Won’t Let It ‘Appen Agen”, do Slade. Mas isso não tira seus méritos como uma boa canção!
Voltando ao rock n’ roll, “Cabbies on Crack” (com solo de Vernon Reid, do Living Colour)e “Heidi Is a Headcase” trazem aquela tenacidade da primeira faixa novamente para o jogo, com ótimas cadências e melodias sagazes.
Principalmente por essas faixas, mas não só por elas, podemos colocar a questão de ser neste disco a melhor performance de Johnny Ramone em estúdio com a banda? Ele está preciso e inspirado, dando uma aula de guitarra simples voltada ao modo clássico do punk rock.
O Ramones ainda figuraria na trilha sonora da sequência de “Cemitério Maldito”, com a faixa “Poison Heart”, assim como já havia acontecido com “Pet Sematary”, do álbum “Brain Drain”, que figurou na trilha sonora do primeiro filme, esse sim baseado no livro de Stephen King. Quer saber como Stephen King convidou pessoalmente o Ramones para a trilha sonora? Basta conferir esse texto especial!
Durante a turnê de “Mondo BIzarro” o Ramones passou pelo Brasil e teve até gás lacrimogêneo no show do Rio de Janeiro, que foi jogada no meio do público, provocando uma confusão que chegou a ferir algumas pessoas. Devido a fumaça até a banda teve que sair do palco.
Esse incidente junto a outros casos anteriores em shows do Ramones no Brasil, fez com que tirassem o país da rota dos shows até 1994.
Cabe mencionar que a banda era gigante na América do Sul, principalmente na Argentina e no Brasil, e foi deste continente ao sul do Equador que saiu o primeiro disco de ouro da banda, justamente por “Mondo Bizarro”, logo seguido também fora laureados no Japão e nos Estados Unidos, mas nesse último pela coletânea “Ramonesmania” (1988)
“Mondo Bizarro” é um álbum com o pedigree do Ramones, com melodias amadurecidas e tenacidade sonora em comum acordo com a reflexão musical e o bom gosto advindo da experiência.
Confira, pois VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!
Ano: 1992;
Top 3: “Poison Heart”, “Strenght to Endure”, e“I Won’t Let It Happen”.
Formação: Joey Ramone (vocais), Johnny Ramone (guitarras), C. J. Ramone (baixo), e Marky Ramone (bateria).
Disco Pai: Slade – “Slayed?” (1972)
Disco Irmão: Motorhead – “March or Die” (1992)
Disco Filho: Joey Ramone – “Don’t Worry About Me” (2002)
Curiosidades: O título “Mondo Bizarro” foi tirado do título de um filme de 1966, escrito e dirigido por Lee Frost, que fazia parte de um segmento cinematográfico originado com o clássico italiano “Mondo Cane”, de 1962. Estes filmes misturavam documentário com ficção numa estética chocante e mais tarde daria impulso a franquias como “Faces da Morte“.
Pra quem gosta de: Seguir em frente, colar na prova, cinema exploitation, jaquetas de couro, jeans rasgado e rock com três acordes.
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Olá Sérgio! Obrigado pelo comentário!
Anotei sua sugestão do Rose Tattoo e logo mais, logo menos, publicarei algo sobre a banda.
Em tempo, viu nossa escolha dos cinco discos pra conhecer do Black Sabbath? Segue o link: https://gavetadebaguncas.com.br/black-sabbath-5-discos/
Ah! E amanhã tem um artigo sobre o primeiro disco do Motorhead saindo!
Abraços!
Sou fã do Ramones desde 1986, e para mim, Mondo Bizarro é um dos melhores álbuns deles, ao lado de Leave Home e Rocket to Russia.
Ramones, Motorhead e Black Sabbath – sem Tony Martin – são minhas bandas de cabeceira.
Long Live Rock ‘ n’ Roll!
Sugestão: que tal criticas sobre os dois primeiros albuns do Rose Tattoo? O primeiro álbum deles é sensacional!