Chuck Klosterman – “Killing Yourself To Live – 85% of a True Story” (2006): Resenha de Livro

 

Killing Yourself To Live - 85% of a True Story Chuck Klosterman
Chuck Klosterman – “Killing Yourself To Live – 85% of a True Story” (2006, Scribner)

“Eu não entendo por qual razão você quer escrever um livro de não-ficção que será comparado constantemente a “Alta Fidelidade”, de Nick Hornby!”

Com esta citação inicial a “Voz da Razão” de Chuck Klosterman, editor da revista Spin à época, refletia um pouco sobre o caráter deste livro que ele mesmo escrevera, intitulado “Killing Yourself To Live – 85% of a True Story”.

Não que o autor nos ofereça uma razão para ter levado adiante o projeto além de sua pesquisa de campo para o artigo da revista; esta justificativa ele deixa para nós leitores.

Aos meus olhos, após estudar um pouco da biografia de Chuck posterior aos eventos narrados neste livro, todo este volume se baseia em um exorcismo de velhos fantasmas, um despejo de memórias e emoções necessário para um nova formatação do seu interior, vislumbrando um novo futuro.

Mais do que uma road trip, este livro é fruto das reflexões de um homem comum, que nos coloca no banco do passageiro de seu carro alugado, oferece-nos uma boa música como trilha sonora da viagem e mata o tempo com conversas amigáveis, mesclando crônicas de sua vida com análises mais do que interessantes acerca da cultura pop em geral.

Na verdade, a carona que o autor nos dá tem lugar em sua mente e, talvez por isso, a transição entre análises culturais, reflexões amorosas, flashbacks e relatos confessionais pareça tão truncada.

Afinal, é desta forma que nossa mente age. Confesso que algumas partes soam maçantes, principalmente quando Chuck se dedica a contextualizar os lugares e ambientes por onde passou anteriormente e, até mesmo, quando tenta desembaraçar o novelo de sua complicada vida amorosa.

Em contrapartida, temos momentos geniais, como a conversa sensacional com um desconhecido, cheio de teorias, que vão desde o uso benéfico das gravatas ao ato deliberado de enraivecer pessoas para conhecer suas opiniões verdadeiras.

Ou então, a forma como Chuck relaciona seus amores da vida com os integrantes da banda Kiss, dando grau de importância e personalidade de acordo com a paridade aos membros originais e seus substitutos, e ainda uma análise impagável sobre a “fauna” que se encontra nas road trips.

No contexto cultural pop, é impossível não destacar o entrelace que Chuck consegue fazer entre o 11 de setembro de 2001 e o álbum “Kid A”, do Radiohead, a análise sobre o clássico “Rumors“, do Fleetwood Mac, o comparativo das ironias poéticas entre as canções “Slow Ride”“Free Ride”, respectivamente, do Foghat e de Edgar Winter, e a melhor definição que já li sobre Sid Vicious:

“Sid Vicious era um gênio musical porque ele não podia tocar música. Ele é o exemplo de que a importância de uma entidade musical não é, necessariamente, musical!”

Além disso, temos um relato forte sobre a tragédia ocorrida com a banda de Hard Rock Great White e uma argumentação altamente pessoal sobre sua opinião de que a voz de Rod Stewart é mais impactante do que a de Frank Sintra, bem como inferir um perspicaz -não necessariamente real, mas instantaneamente interessante – retrato de Rod à partir de quatro de suas canções.

Sem falar na análise final acerca da fatalista cena grunge de Seattle, principalmente sobre Kurt Cobain e um esclarecedor comparativo entre o Nirvana  e o Pearl Jam, antes do suicídio de Kurt.

Entre momentos mais sonolentos e passagens mais instigantes, temos um livro carregado de humor inteligente e análises fluidas, como se todo o papo se desse entre conversas no carro e discussões leves numa mesa de bar, onde a viagem pelos locais trágicos da história do rock é simplesmente um plano de fundo para o autor desenvolver seu exercício libertário, que certamente foi mais importante para seu autoconhecimento do que para nossa apreciação.

O que não faz deste livro menor ou menos divertido de ser experimentado, afinal, se tudo falhar aos seus olhos, ele ao menos te dará a melhor análise que poderá ler sobre a cocaína!

O livro, infelizmente, não foi lançado o Brasil e poucas vezes vi um título se encaixar tão bem como resumo das verdades implícitas de uma obra, indo, aqui, muito além do simples empréstimo do título da música do Black Sabbath.

Klosterman usa seu relato confessional para afogar um velho Chuck e deixar emergir uma nova vida e, usando uma brincadeira feira ao longo da obra, nos dá um livro que é 85% fenomenal e 15% descartável!

Para ler o artigo fruto desta road trip escrito por Chuck Klosterman para a Revista Spin, basta clicar aqui

Chuck Klosterman Killing Yourself To Live - 85% of a True Story
Para Chuck Klosterman, a morte é capaz de transformar roqueiro cabeludos em profetas messiânicos, pois alguns rockstars não começam a viver até que morram!

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