“Resurrection Day” tem a impressionante marca de ser o vigésimo quinto álbum da banda alemã de heavy/speed/power metal Rage, lançado em 2021 e que chega ao Brasil pela parceria entre os selos SPV/Shinigami Records.
Além disso, o disco traz novidade da formação ser outra vez um quarteto. Se não me falha a memória, o último disco com quatro integrantes lançado pelo Rage foi o ótimo “Ghosts” (1999). Outra relação que “Resurrection Day” tem com este disco de 1999 é a música “Black Room”, uma balada power metal que começou a ser trabalhada ainda naquela época.
Ou seja, só pra situar o leitor, um ano após o eficiente “Wings of Rage” (2020), a banda capitaneada por Peter “Peavy” Wagner entrega mais um disco, “Resurrection Day”, com formação renovada após a saída do guitarrista Marcos Rodríguez e da entrada dos também guitarristas Jean Bormann e Stefan Weber, este último ex-membro das bandas alemã Axxis e Scanner.
E posso dizer sem medo que o trabalhado de guitarras é um dos melhores que já ouvimos na discografia vasta do Rage, com solos bem construídos, timbragens modernas, principalmente nos riffs pesados, mas sem perder a a identidade e detalhes desenhados em locais estratégicos dando um acabamento melhor às músicas (“Mind Control”, por exemplo, seria uma faixa inócua sem o trabalho de guitarras apresentado). Tudo isso com mais energia, técnica, versatilidade e criatividade do que oferecido nos três discos anteriores.
O espaço curto de tempo entre os dois últimos discos se deve à impossibilidade do Rage de realizar shows para divulgar “Wings of Rage” (2020) em consequência das restrições geradas pela pandemia de COVID-19. Sem poder fazer shows os músicos começaram a trabalhar em novas composições.
Como era de esperar a adição de mais uma guitarra deu uma parcela adicional de peso e corpo à sonoridade do Rage, mantendo a veia melódica e esbarrando várias vezes no thrash metal (principalmente em “Extinction Overkill”), além de renovar e dar mais versatilidade aos riffs e ao solos, como mostra a trinca “Virginity” (com um peso groovado certeiro), “A New Land” (uma típica música do Rage e dona de um dos melhores solos do disco) e “Arrogance and Ignorance” (com alguns dos movimentos mais pesados do disco), fatalmente os melhores momentos do disco.
Claro que o Rage não apresenta nada de novo, mantendo o heavy metal cheio de ganchos melódicos fáceis e saborosos, equilibrando bem o peso e a melodia num conjunto de faixas consistente dentro do padrão power metal bem produzido de sempre. Além disso, este é certamente um dos discos mais pesado da discografia da banda alemã, algo demonstrado desde a vigorosa faixa de abertura, a própria “Ressurrection Day”.
Um fato que impressiona em “Resurrection Day” é o entrosamento de um time de músicos que não chegou a tocar ao vivo juntos, mas que consegue gerar fluidez na execução impressa por uma produção que amplificou a densidade apesar de manter a forte identidade inorgânica dos discos do Rage.
Os vocais de Peavy ainda conseguem imprimir força e vigor na musicalidade do Rage, sendo muito eficientes em outras composições de destaque como “Monetary Gods” (com um clima de início dos anos 2000), “Black Room” e “Traveling Through Time”, essa última, uma música inspirada pela peça “Schiazula Marazula” do compositor renascentista Giorgio Mainerio.
No final, queria destacar a ótima capa de “Resurrection Day”, pra mim a melhor desde a do disco do Rage com a Lingua Mortis Orchestra. Quer ouvir um heavy metal pesado, mas extremamente melódico e divertido? Pode ir atrás de “Resurrection Day” sem medo.
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