“The Everlasting Plague” é o décimo primeiro álbum da banda norte-americana de Brutal Death Metal Pathology, lançado em 2021, e que chega ao Brasil pela parceria entre os selos Nuclear Blast e Shinigami Records. Abaixo você lê nossa resenha deste disco.
O Pathology nasceu em 2006 e se tornou um dos grandes ícones do gore-death metal estadunidense, principalmente por misturar elementos do brutal death metal com o slam death metal. Com “The Everlasting Plague” a banda chega à marca de onze álbuns lançados em quinze anos, mostrando que sua identidade permanece intacta (mesmo que o único remanescente dos primórdios seja o baterista Dave Astor) desde a capa de Par Olofsson, trazendo o tradicional padre insano que estampa a maioria de seus discos agora como um zumbi dominando uma cidade destruída.
Esta é uma ótima ilustração daquilo que ouvimos nestas doze demonstrações de insanidade musical sustentada pelos preceitos mais brutais e sujos do death metal. Não há piedade na torrente de blast beats, riffs cavalares, atonais e rápidos (de fato, as guitarras são o único ponto de brilhantismo por aqui), e nos vocais guturais (bem comuns e previsíveis, diga-se) que juntos erguem uma parede sonora intensa que equilibra o brutal death metal com o technical death metal tendo em pontuais ousadias melódicas seu fulcro.
Essa ousadia melódica é bem exemplificada em “A Pound of Flesh” que abre o disco com suas quebras de ritmo intercalando movimentos mais intensos como faziam as bandas suecas nos primórdios do death metal melódico. E isso não é algo pontual, pois também está presente na ótimas “As The Entrails Wither” (trazendo até alguns acordes acústicos) e “Corrosive Cranial Affliction”, que aparecem no terço final do disco.
É importante lembrar que do final de 2012 a 2018, o Pathology parou de fazer turnês e se tornou um projeto apenas de estúdio. Com a mudança de postura no verão de 2018 e a chegada dos músicos Obie Flett (vocais), Ricky Jackson (baixo) e Dan Richardson (guitarra), os shows trouxeram uma dinâmica diferente, menos calculada, para os discos da banda, algo que pode ser conferido neste “The Everlasting Plague” o segundo trabalho após retomarem as apresentações ao vivo.
O trabalho em estúdio é limpo (até demais em alguns momentos – a bateria esta super-produzida) dando uma abordagem bem mais moderna (existem até esbarrões no metalcore por aqui) a todo este compêndio de premissas anacrônicas de metal extremo (mesmo naqueles momentos em que os guturais são totalmente ininteligíveis), sendo realizado no Sharkbite Studios, sob a orientação de Zack Ohren, que cuidou da produção, engenharia de som e mixagem.
Mesmo com todo um contexto bem definido para sua musicalidade caótica e pesadíssima, o Pathology consegue variar bem seu repertório, oxigenando sua fórmula e deixando tudo mais atrativo. Além destas faixas “mais melódicas”, temos a insanidade caótica dos tempos frenéticos de “Procession of Mangled Humans” e “Submerged in Eviscerated Carnage” ao lado de “Diseased Morality” (uma das melhores faixas do disco) e “Dirge for the Infected” duas músicas que espalham a sujeira do death metal old school para todo lado.
Quanto ao tema, o título do disco dialoga com o período em que vivemos, ao mesmo tempo que busca um significado mais profundo ao fazer analogias com as mazelas da nossa sociedade e, também, na mente humana. Todas as músicas foram escritas no período de pandemia e refletem bem este espírito em meio a todo caos instrumental de um repertório onde, além das já citadas, ainda devo destacar a pedrada “Death Ritual Deciphered” que surge no final do disco.
Ou seja, em “The Everlasting Plague”, o Pathology, definitivamente, não é o mais brilhante de seu segmento musical mórbido e brutal, mas ainda pratica uma fórmula pouco indicada a ouvidos sensíveis e indicada fortemente àqueles que ainda se lembram do que é slam death metal.
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