Slam Death Metal é uma dissidência do brutal death metal que investe em passagens mais arrastadas e lentas, inserindo levadas quebradas e midtempo em meio a toda a massa sonora do death metal, construída com riffs cromáticos e palm mutes (que desenham os chamados “slams”), vocais ultra-guturais e timbres graves desenvolvendo uma música pesada, complexa e criativa, e de interseções com o goregrind.
Em suma, o slam death metal traz elementos semelhantes ao brutal death metal, como os riffs pesados em tremolo e a estética visual, embora no slam death metal os blast beats e os solos de guitarra sejam menos importantes e visualmente a aparência macabra e violenta do brutal death metal seja levada ao extremo.
Os vocais, em geral, são os guturais típicos do death metal, às vezes ininteligível por serem extremamente graves, além de apresentarem ritmos vocais inspirados no hip hop, um gênero que emprestou certas assinaturas rítmicas ao slam death metal, o que o leva a ser comparado ao nu metal pelo uso dos riffs atonais e ao deathcore, mesmo que as conexões com estes gêneros não sejam realidade.
Qual Banda Inventou o Slam Death Metal?
O slam death metal surgiu da cena novaiorquina do death metal nos anos 1990, combinando elementos herdados da sonoridade e da atitude do hardcore de Nova York. Neste cenário, o Suffocation foi a primeira banda a usar os riffs cromáticos e o palm mute, mas a primeiras, de fato, puramente slam death metal foram o Devourment, o Vomit Remnants e o Internal Bleeding.
Esta tríade de promotores da pura podreira é frequentemente considerada a parcela das primeiras bandas que popularizaram a maioria das bases fundamentais do slam death metal, como a estrutura das composições e a estética visual do gênero. Com isso, logo chegariam nomes fortes do gênero como o Pathology, Abominable Putridity, Ingested, Katalepsy, Extermination Dismemberment, Kraanium e o Blunt Force Trauma, além de bandas híbridas com o metalcore e o nu metal como o Waking the Cadaver.
5 Discos Essenciais do Slam Death Metal
1) Devourment – “Butcher the Weak” (2006)
O Devourment nasceu em Dallas, no Texas, em 1995, sendo credenciado como o real definidor do slam death metal. A banda se separou e se reformou algumas vezes, mantendo apenas Brad Fincher como o único membro original ao longo do tempo em que cunhava discos definidores do gênero como este “Butcher the Weak” (2006), uma demonstração de extrema brutalidade e depravação.
Cada música aqui é original e cativante e os blast beats estão níveis muito acima do que era praticado na época em termos de brutalidade e agressividade, como mostram “poesias” do quilate de “Anal Electrocution” e “Babykiller”, duas provas de que este pode se um dos discos mais doentios da história do heavy metal. Basicamente, tudo o que foi usado e desenvolvido em termos musicais por bandas como Abominable Putridity, Ingested e Kraanium é bebido diretamente da fonte do Devourment, em especial deste disco e do anterior, “Molesting the Decapitated” (1999).
Leia Mais: Devourment – “4 Dimensions of Auditory Terror” (2021, Split) | Resenha
2) Abominable Putridity – “The Anomalies of Artificial Origin”(2012)
A Abominable Putridity é uma banda russa de slam death metal formada originalmente em Moscou, no ano de 2003, e que fez história dentro do death metal pelos excessos de seus dois primeiros discos, “In the End of Human Existence” (2007) e “The Anomalies of Artificial Origin” (2012).
Qualquer um deles poderia estar nesta lista, mas escolhemos o segundo por ser um curso básico (são apenas de 25 minutos de música) e intensivo de slam death metal. Tudo por aqui é superlativo: as letras gore, os timbres graves dos guturais e o peso mastodôntico do instrumental. A produção mais suja e longe do aspecto clínico dos discos de seus pares faz com que o disco soe como uma peça tipicamente deathgrind à la Dying Fetus e não uma versão computadorizada do Devourment.
3) Pathology – “The Time of Great Purification” (2012)
O Pathology nasceu em 2006 e se tornou um dos grandes ícones do gore-death metal estadunidense, principalmente por misturar elementos do brutal death metal com o slam death metal. Em meio a uma discografia irregular, “The Time of Great Purification” surge como uma verdadeira obra-prima do slam death metal cometida pela banda liderada pelo baterista Dave Astor.
Continuando o excelente trabalho feito no disco anterior, “Awaken to the Suffering” (2011), o Pathology entrega uma coleção de faixas sobrecarregadas de violência, o espírito destrutivo e os temas blasfemos em pedradas como “Imprisoned by Fear”, “A Bleak Future” e“Tyrannical Decay” que desfilam guitarras insanas, vocais monstruosos e letras que chegam a ser engraçadas de tão exageradas.
4) Blunt Force Trauma – “Vengeance for Nothing”(2012)
A banda japonesa Blunt Force Trauma, foi fundada em 2006 na cidade de Osaka, e tem apenas este full lenght em sua discografia. E se tem uma coisa que os japoneses são bons é em praticar excessos. Não à toa “Vengeance for Nothing” (2012) tem potencial de ser o melhor disco da história do slam death metal, isso porque como o próprio nome da banda diz eles são uma espécie de culto de adoração ao Dying Fetus.
“Live for Nothing or Die for Something” é uma faixa que mostra que dá pra ser criativo e diferenciado mesmo num gênero bem definido e ensimesmado como o slam death metal, sendo melhor do que qualquer coisa que o próprio Dying Fetus tenha feito na carreira.
5) Devouring Humanity – “Devouring Humanity”(2016)
Com um dos discos mais brutais da nossa lista o Devouring Humanity abria sua discografia dando uma declaração de intenções de agressividade e excessos de todos os elementos basilares do slam death metal em um disco auto-intitulado.
As nove músicas que aqui se desenrolam e pouco mais de trinta minutos promovem uma insana brutalidade caótica desenvolvida como uma extensão do Artery Eruption, outra banda destacável do slam death metal, onde tocava também Brian Mohler, que ao lado do irmão Grant Mohler comete atrocidades geniais do metal extremo como “Suffering of Biblical Proportions” e “Brutality Accomplished”.
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