Quais são os melhores supergrupos do death metal? Esta é a pergunta que queremos responder neste artigo, onde falaremos sobre bandas do gênero formadas por músicos renomados, indicando os melhores discos para conhecê-las. Sempre lembrando que as escolhas das bandas são apenas pelo meu gosto pessoal, nada além disso.
Os supergrupos começaram a surgir dentro do rock à partir da década de 1960, como bandas formadas por músicos com alguma relevância dentro de seus nichos musicais. Os grandes exemplos foram o Cream de Eric Clapton, o Emerson Lake & Palmer, o Rainbow de Ronnie James Dio e Ritchie Blackmore, o ASIA e o Mr Big, só para citar alguns que se desenvolveram até o fim dos anos 1980.
Oficialmente o death metal teve seu pontapé inicial com o clássico “Scream Bloody Gore” (1987), do Death, mesmo que várias fontes históricas contestem e afirmem que o estilo começou dois anos antes com o lendário “Seven Churches” (1985), do Possessed. Até por isso, as bandas de death metal criaram reputação ao longo das décadas seguintes e os supergrupos do metal da morte só começam a aparecer em meados dos anos 1990, salvo raríssimas exceções.
Se pensarmos friamente o Death começou essa história de reunir músicos de renome no death metal ou dele para para gravar discos seminais após “Leprosy” (1988). Em “Spiritual Healing” (1990), por exemplo, Chuck Schuldiner trouxe James Murphy (guitarra – Hallows Eve e Obituary), Terry Butler (baixo – Massacre) e Bill Andrews (bateria – Massacre) para a formação. Ao longo dos discos seguintes ele reuniria músicos como Sean Reinert e Paul Masvidal do Cynic, Steve DiGiorgio do Sadus, Gene Hoglan do Dark Angel e Andy LaRocque do King Diamond enquanto lapidava a musicalidade pesada para algo mais técnico e progressivo fazendo do Death um supergrupo diferente em cada disco novo.
A verdade é que os supergrupos se desenvolveram como uma parcela mais do que interessante dentro do gênero, trazendo até mesmo músicos de outros estilos para seu universo pútrido, pesado e brutal. Pensando nisso, abaixo estão listados aqueles que considero os melhores supergrupos do death metal.
Lock Up
O Lock Up é um dos melhores nomes da cena se dividindo entre o death metal e o grindcore e que começou como um projeto paralelo de Shane Embury e Jesse Pintado, respectivamente, baixista e guitarrista do Napalm Death. Ambos buscavam um retorno à brutalidade dos primórdios do death metal numa época em que sua banda principal estava cada vez mais interessada em experimentalismos.
O próprio nome Lock Up já mostrava essa vontade, pois veio de uma técnica de bateria de death metal na qual os braços são enrijecidos para produzir os blast beats. Completando a primeira formação do Lock Up tínhamos o baterista Nick Barker (à época no Cradle of Filth) e o vocalista e mentor intelectual do Hypocrisy, Peter Tägtgren, que na segunda formação seria substituído pelo vocalista do At The Gates, Tomas Lindberg.
Ouça os discos: “Pleasures Pave Sewers” (1999) e “Hate Breeds Suffering” (2002)
Bloodbath
O Bloodbath é o supergrupo de death metal em essência. O nome da banda veio da música “Blood Bath”, das lendas do thrash/death metal britânico Cancer, e seus membros eram oriundos de bandas suecas como Opeth, Katatonia e Edge of Sanity, que se juntaram com a proposta de praticar o mais puro death metal à moda escandinava do Entombed misturado com a veia norte-americana do Obituary e do Morbid Angel.
A primeira formação do Bloodbath que iniciou as atividades em 1998 continha Mikael Åkerfeldt (Opeth, Katatonia, Steel), Anders “Blakkheim” Nyström (Katatonia, Bewitched), Jonas Renske (Katatonia) e Dan Swanö (Edge of Sanity) e ao longo dos anos que se seguiram vieram Peter Tägtgren, do Hypocrisy, o baterista do Witchery (e eventualmente do Opeth), Martin “Axe” Axenrot, e Nick Holmes, vocalista do Paradise Lost.
Ouça os discos: “Resurrection Through Carnage” (2002), “The Fathomless Mastery” (2008) e “The Arrow of Satan Is Drawn” (2018).
Six Feet Under
Originalmente formado em 1993, em Tampa, na Flórida, como um projeto paralelo do vocalista Chris Barnes e Allen West, guitarrista do Obituary, o Six Feet Under acabou se tornando a banda principal do vocalista após sair do Cannibal Corpse. A dupla trouxe para completar a formação que gravou o primeiro disco, “Haunted”, lançado em 1995, nada menos que Terry Butler (advindo do Death e do Massacre) e Greg Gall (do Last Rite).
Logicamente, as mudanças na formação vieram e musicalidade groovada dentro do death metal sujo, tradicional e agressivo propiciou experimentalismos interessantes para o estilo, seja em discos de inéditas ou em históricos discos de covers (como o estranho “Graveyard Classics II”, onde eles só gravam músicas do AC/DC).
Ouça os discos: “Warpath” (1997), “Graveyard Classics” (1999) e “Undead” (2012).
Brujeria
Uma banda cujo nome significa bruxaria ou magia negra e também foi associado a um dos massacres mais terríveis da historia mexicana (onde 24 pessoas foram encontradas mortas com o corpo esquartejado e na parede estava escrita a palavra Brujeria) só podia se tornar uma lenda dentro do death metal. Na época em que surgiu, na virada para os anos 1990, muitas curiosidades rondavam o Brujeria. Numa era sem internet poucas eram as informações. Ninguém sabia quando surgiram e ninguém conseguia sequer ver um show da banda, muito menos saber os nomes dos músicos.
O pouco que se sabia era que se tratava de um projeto louco dos integrantes do Faith No More (Billy Gould), Napalm Death (Shane Embury) e do Fear Factory (Dino Cazares e Raymond Herrera) com vocalistas pouco conhecidos, cujas letras seriam partes de rituais satânicos cantados em espanhol, entoadas sobre uma base death metal/grindcore ulta-violenta e embaladas em capas chocantes.
Nem preciso dizer que Brujeria criou um culto de mistério e uma forma macabra e pouco convencional de death metal nos anos 1990, e que na era da informação perdeu um pouco impacto, mesmo que musicalmente ainda seja de arrepiar!
Ouça os discos: “Matando Güeros” (1993) e “Raza odiada” (1995).
Memoriam
O Memoriam surgiu como uma fusão do Bolt Thrower com o Benediction, duas lendárias bandas do death metal britânico, formado em 2015, na lendária Birmingham, por Karl Willetts (vocal, Bolt Thrower), Frank Healy (baixo, Benediction), Andy Whale (bateria, ex Bolt Thrower) e Scott Fairfax (guitarra, músico ao vivo do Benediction), com o intuito de reviver as formas mais sepulcrais, ásperas, orgânicas e sujas do death/doom metal entremeado à incisividade e à sujeira do crust/punk. O Memoriam teve sua primeira baixa importante na formação com a saída do baterista Andrew Whale, em 2018, substituído por Spikey T. Smith (Sacrilege, English Dogs e Killing Joke) e com isso ofereceu uma atualização também na sonoridade.
Ouça os discos: “For the Fallen” (2016), “Requiem for Mankind” (2019) e “To the End”(2021).
Sinsaenum
O Sinsaenum é um supergrupo de death metal que chama a atenção pela formação inusitada que junta membros de Dragonforce, Mayhem, e Slipknot, numa forma agressiva e extremamente técnica do estilo, com uma dose macabra da frieza sombria do black metal e um pouco de dinâmica thrash metal, em músicas brutais, técnicas, virulentas, e obscuras, que não buscam reinventar o gênero, mas praticá-lo com empolgação e esmero.
“Echoes of Torture”, primeiro álbum (e aqui já fica a dica de qual trabalho do Sinsaenum você deve ouvir) foi gravado por verdadeiro timaço de músicos: Stéphane Buriez (guitarra, do Loudblast), Frédéric Leclercq (do DragonForce), Sean Zatorsky (vocais – do Chimaira), Attila Csihar (vocais – do Mayhem), Heimoth (baixo – Seth) e Joey Jordison (bateria – Slipnkot e Murderdolls).
Vltimas
Para fechar no texto trouxe um dos supergrupos de death metal mais novos da lista, formado em 2015 e responsável por trazer o ícone David Vincent de volta ao metal extremo. Ao lado dele no Vltimas está o baterista do Cryptopsy, Flo Mounier, e o guitarrista Rene Erikssen, que já tocou no Mayhem e no Aura Noir.
Seu único disco até o momento, “Something Wicked Marches In”, lançado em 2019, é um disco de death metal puro, feito por quem conhece do riscado. Não seria exagero dizer que o Vltimas é um dream team do metal extremo e que este disco entrega exatamente o que se espera da capacidade dos nomes envolvidos.
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