Overdose – “Progress of Decadence” (1993) | Você Devia Ouvir Isto

 

“Progress of Decadence”, quinto álbum de estúdio da histórica banda mineira OVERDOSE, é nossa indicação de hoje da seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO.

A proposta desta nossa seção você confere nesse link.

Overdose - Progress of Decadence (1993, Cogumelo Records) Resenha Review

Definição em um poucas palavras: pesado, guitarra, metal mineiro, percussão

Estilo do Artista: Groove/Thrash Metal

Comentário Geral:  O Overdose que entregou “Progress of Decadence”, em 1993, já estava anos luz à frente daquela banda que em 1985 causou impacto com o split “Século XX” ao lado do Sepultura (com “Bestial Devastation”). Porém, no ínterim entre esses dois trabalhos, a banda mineira conseguiu enviar uma forma muito particular de heavy metal, à partir de referências clássicas do thrash metal, speed metal e do metal tradicional.

O próprio guitarrista e fundador Cláudio David reforçou a originalidade da sonoridade do Overdose, ao comentar sobre álbum “…Conscience…” (1987), onde a banda passou suas letras para o inglês: “O Overdose foi uma das primeiras bandas a fazer progressivo”. Longe de ser um exagero, a afirmação de Cláudio era reforçada com o virtuosismo impresso no disco “You’re Really Big!” (1989), principalmente na complexa faixa instrumental “Age of Aquarius”, com teclados bem colocados sobre uma estrutura erudita.

A inquietude criativa já era marcante nessa época, na virada para a década de 1990, e a necessidade permanente de romper com dogmas estílicos fez o Overdose mover em outra direção à partir de “Addicted to Reality”, de 1990, iniciando um processo que culminaria na musicalidade que ouvimos em “Progress of Decadence” (1993)Nada nesse redirecionamento é gratuito, afinal, tanto as letras quanto a musicalidade buscavam uma ruptura com o status quo do heavy metal desde a gênese do Overdose.

Entretanto, o início da década de 1990 traz uma versão mais pesada, voltada ao thrash metal, do Overdose, ao mesmo tempo mais engajada em seus temas, como pode ser ouvido mais fortemente em “Circus of Death” (1992), um dos grandes clássicos da banda.

Toda essa apologia à obra do Overdose antes de “Progress of Decadence” se faz necessária para situar o leitor mais desavisado de que não existe experimentação gratuita ou imitação na proposta musical deste trabalho. Afinal,  “Progress of Decadence” é diversas vezes acusado de tentar copiar o que o Sepultura registrou em “Chaos A. D.” (1993).

Sobre isso, Cláudio David comentou à revista Roadie Crew: “Muitos acreditam que o Overdose copiou o Sepultura, o que não é verdade. ‘Progress of Decadence’ foi lançado seis meses antes de Chaos A. D. “Ademais, as percussões das duas bandas são de estilos completamente diferentes. O Overdose utiliza elementos das escolas de samba, enquanto o Sepultura era mais tribal”. Na verdade, esse disco do Overdose funde a verve progressiva, com a linha mais pesada da banda, contextualizada à musicalidade percussiva do Terceiro Mundo.

Terceiro Mundo aliás, que já era tema de letras como “Sweet Reality” (presente no disco “Addicted to Reality”), “Filhos do Mundo” (ainda registrada lá do split com o Sepultura) e “Dead Clowns” (do aclamado “Circus of Death”) para ficar em três exemplos mais óbvios. Juntam-se a estas os dois clássicos imediatos de “Progress of Decadence”: “Favela” “Straight to the Point”; ambas compostas nos Estados Unidos enquanto tentavam conseguir um contrato para o Overdose. “As percussões criaram uma sonoridade bem diferente dentro do Metal, o que foi fundamental para assinarmos com uma gravadora americana”, reforçou Cláudio David.

“Progress of Decadence” rendeu frutos à banda, como figurar no Top 10 das College Radios norte-americanas, turnês nos Estados Unidos e na Europa, além de participações em festivais de destaque como o Dynamo Open Air. O video clip de “Straight To The Point” teve ótima aparição na MTv norte-americana ao lado de bandas que ajudavam a renovar o heavy metal nos anos 1990 nos Estados Unidos como Fear Factory, Prong e Korn. Entretanto, com as mudanças do mercado fonográfico, à partir de 1997, o Overdose entraria num hiato que geraria reuniões ciclotímicas até  o retorno definitivo em 2016.

Ano: 1993

Top 3: “Straight to the Point”“Favela” e “Street Law”.

Formação: Pedro Amorim “Bozó” (vocal), Sérgio Cichovicz (guitarra), Cláudio David (guitarra), André Márcio (bateria) e Eddie Weber (baixo).

Disco Pai: Prong – “Prove You Wrong” (1991)

Disco Irmão: Sepultura – “Chaos A. D.” (1993)

Disco Filho: Eminence – “Humanology” (2003)

Curiosidades: Lutando com as força que tinha o Overdose manteve esse espaço conquistado com o ótimo “Scars” (1995), disco que os colocou em turnê com o Mercyful Fate, uma das suas maiorias influências. Infelizmente este disco não foi lançado no Brasil “por descaso da nossa gravadora americana”, como registrou Cláudio David. “Eu cheguei a negociar com gravadoras brasileiras para lançar ele aqui e passei tudo de mão beijada para a nossa gravadora, mas eles simplesmente não fizeram os contatos. Isso foi na época em que a diretoria da gravadora mudou e a nova diretoria tirou o foco das atenções do Overdose. O “Scars” foi um disco injustiçado, pois não teve quase nenhum apoio da gravadora.” 

Pra quem gosta de: Carnaval, heavy metal, Terceiro Mundo, Cidade de Deus e cerveja.

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