Joe Satriani – “The Elephants of Mars” (2022) | Resenha

 

“The Elephants of Mars” (2022) é o décimo oitavo disco do lendário guitarrista norte-americano Joe Satriani, um trabalho criativo e experimental que irá marcar sua carreira.

Abaixo você lê nossa resenha deste disco que chega ao Brasil pela parceria entre os selos earMUSIC e Shinigami Records.

Joe Satriani - The Elephants of Mars (2022, Shinigami Rec, earMUSIC) Resenha review

Joe Satriani tem para si uma marca que poucos conseguiram: ser dono de uma música cuja melodia extrapolou o âmbito do rock sendo conhecida por muita gente mesmo que elas não saibam quem ele é. Obviamente estou falando da clássica “Summer Song”, que no Brasil foi tema de um programa esportivo diário nos anos 1990.

No entanto, seu valor como músico virtuoso esta impresso em toda uma vasta e altamente qualificada carreira solo, com discos emblemáticos como “Surfing With the Alien” (1987), “The Extremist” (1992), “Crystal Planet” (1998) e “Strange Beautiful Music” (2002), que mostram a técnica apurada, a virtuose cheia de feeling e o amadurecimento de um músico dotado de um talento tão grande que, em certa ocasião, recusou o convite para substituir Ritchie Blackmore no Deep Purple.

Até por isso, é sempre interessante conferir o que um músico deste gabarito tem para nos entregar em um mundo que vê a névoa da pandemia de COVID-19 se esvanecer. E Joe Satriani não decepciona com “The Elephants of Mars”, seu décimo oitavo disco de estúdio da carreira, lançado em 8 de abril de 2022 pela sua nova casa, a gravadora earMUSIC.

Disco que sucede “Shapeshifting’ (2020), “The Elephants of Mars”, pelo título e pela belíssima capa inspira algo de psicodélico, mas este não será o caso, apesar de termos um dos seus repertórios mais diversificados, criativos e bem desenhados de sua discografia, com interseções musicais que surpreendem além da já conhecida capacidade técnica nas seis cordas, superando as ousadias incompreendidas de álbuns como “Joe Satriani” (1995) e “Engines of Creation” (2000). De uma forma diferente, podemos dizer que Satriani buscou um pouco daquele sentimento experimental.

Acompanhando Satriani temos os músicos Bryan Beller (baixo), Rai Thistlethwayte (teclados) e o onipresente Kenny Aronoff (bateria), que apesar de terem gravado suas partes em separado conseguiram uma química orgânica que tirou qualquer impressão de desconexão ou frieza estéril nas execuções gerando momentos empolgantes como em “Sahara” (com arabescos provocantes numa típica composição de Satriani), “Faceless”, “Blue Foot Groovy” (com uma pegada blues/funky de arrepiar) e “Pumpin'”.

Porém, os tesouros de “The Elephants of Mars” estão em seus movimentos mais ousados e imprevisíveis, à começar da própria faixa-título e seus elementos de música eletrônica mesclados a world music, passando pelas escalas orientais de “Doors of Perception”, a influência de Robert Fripp e Allan Holdsworth brilhantemente desfiadas em “Sailing the Seas of Ganymede“, o apelo burlesco das melodias de “Dance of the Spores” e a beleza melancólica de “Desolation”. É interessante observar que em “Through a Mother’s Day Darkly” há uma voz que se mistura à música, mas sem letras.

Muito além das abordagens diferenciadas, todas estas músicas se destacam, assim como em todo o repertório, pelo bom gosto na escolha dos timbres de guitarra usados em cada uma. São muitas camadas instrumentais sobrepostas, apoiadas num brilhante trabalho de estúdio liderado por Eric Caudieux, que foi capaz de imprimir músicas complexas em suas estruturas de forma limpa e assimilável.

Sem dúvidas, “The Elephants of Mars” pode ser uma porta de entrada para a vasta obra de Joe Satriani, principalmente para aqueles que nunca foram além de suas músicas mais conhecidas, pois mesmo que este seja um disco mais orientado ao fusion do que seus antecessores, traz narrativas melódicas acessíveis e interpretações muito cativantes.

Satriani está reinventando a música instrumental na guitarra? Não! Longe disso… Mas isso realmente não importa, pois, acredite em mim, se você gosta de música sofisticada e diferenciada, “The Elephants of Mars” é um disco que merece ser ouvido por ser obra de um mestre no seu ofício.

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