Watain – “The Agony And Ecstasy of Watain” (2022) | Resenha

 

“The Agony And Ecstasy of Watain” é o sétimo álbum de estúdio da banda sueca de black metal Watain, uma das mais celebradas do estilo na atualidade.

Abaixo você lê nossa resenha deste disco que foi lançado no Brasil pela parceria entre os selos Nuclear Blast e Shinigami Records, numa edição digipack luxuosa com capa em alto relevo.

Watain - The Agony and Ecstasy of Watain 2022 Shinigami Nuclear Blast Resenha Review Black Metal

O Watain surgiu no final dos anos 1990 com a intenção de recuperar a crueza, a rispidez e a agressividade do black metal escandinavo, numa época em que o estilo estava dominado por bandas mais melódicas, teatrais e góticas ou de sonoridade mais brutal, com interseções no death metal.

Levando o legado do black metal sueco à frente, o Watain se tornou uma das banda mais conhecidas do gênero, premiada em seu país natal, mas não se aquietou na zona de conforto, entregando experimentalismos no espetacular álbum “The Wild Hunt”, de 2013, onde rebelaram-se contra a rebelião da qual fazia parte, e forjaram um dos melhores discos do gênero na última década, com ousadia quase progressiva.

Uma postura que lhes custou apontamentos desfavoráveis dos mais fervorosos, por sua vez indignados com as progressões mais complexas e alguns vocais limpos. E talvez por isso tenham retornado ao modus operandi cáustico e ríspido de outrora em “Trident Wolf Eclipse”, álbum que chegou em 2018 retomando o black metal puro de seus primeiros discos.

Mas para mim, o que parecia um recuo em sua evolução musical, na verdade era um passo à frente daquele disco de 2013. Mesmo com uma incisividade, agressividade e peso que remeta ao passado da banda. A dinâmica e criatividade de  “Trident Wolf Eclipse”, um disco de clima denso e árido, mostrava que o Watain na verdade estava numa plena evolução, que agora culmina em “The Agony And Ecstasy of Watain”, um disco que tem potencial para ser aclamado futuramente como um clássico do black metal, pois é um disco de belo senso mórbido misturado com a força primitiva e crua., algo entregue já na explosiva abertura com “Ecstasies in Night Infinite”.

“The Agony And Ecstasy of Watain” foi gravado ao vivo ao lado do parceiro de longa data, Tore Stjerna, no estúdio Necromorbus, que agora esta domiciliado numa antiga igreja no interior da Suécia. Só este fato já explica o clima criado e que está presente na vibração obscura, orgânica, genuína e vívida que permeia todo o disco. Aliás, o trabalho em estúdio é o melhor desde “Lawless Darkness” (2010).

As dez músicas cunhadas pelo trio fundador da banda (o vocalista E. Danielsson, o baterista H. Jonsson – que não gravou o álbum – e o guitarrista P. Forsberg) novamente variam de momentos envolventes a movimentos de pura anti-música, num de seus momentos mais pesados e agressivos da carreira. Além de E. Danielsson e P. Forsberg, a formação que gravou o disco foi completada com o baixista A. Lillo, o guitarrista H. Eriksson e o baterista E. Forcas.

Todos foram muito eficientes na execução de uma musicalidade que soa uma clara fusão de “Casus Luciferi” (2003) e “The Wild Hunt”, como podemos ouvir em faixas como a melódica “The Howling”, a gótica “Serimosa” e a épica “We Remain”, esta última com contribuições da vocalista Farida Lemouchi (Molasses, ex The Devil’s Blood) e o guitarrista Gottfrid Åhman (PÅGÅ, ex In Solitude). Ambas são faixas diferenciadas que mostram uma banda antenada com a realidade do gênero que pratica, mas ainda com suas convicções bem definidas.

Mesmo em outros momentos, como em “Leper’s Grace”, “Before The Cataclysm” e “Funeral Winter”, o Watain mantém uma boa variação do black metal tempestuoso e infernal com partes mais acessíveis, que funcionam como alívios melódicos em meio ao caos, num atrito que só aumenta o poder da musicalidade cheia personalidade própria, permeada por influências de Dissection, Emperor, Darkthrone, Satyricon e Tribulation, num quebra-cabeças musical tão coeso e surreal quanto as histórias de terror de Junji Ito, principalmente em “The Howling” e “Septentrion“, as melhores músicas do disco.

O Watain apresenta em “The Agony And Ecstasy of Watain” mais um disco digno de seu legado, misturando o melhor de seu musicalidade de forma madura e ainda impactante!

Leia Mais:

Ofertas de Discos do Watain:

Outros Artigos que Podem Ser do Seu Interesse:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *