O Peso – ‘Em Busca do Tempo Perdido’: Um tesouro perdido do Rock Nacional

 

Você é fã de rock nacional? Então você não pode deixar de ouvir “Em Busca do Tempo Perdido”, primeiro e único álbum da banda O Peso, uma obra-prima do rock brasileiro setentista que ainda hoje tem impacto pela pegada blues rock.

Se você é fã do rock brasileiro, provavelmente já ouviu falar do icônico álbum da banda O Peso, “Em Busca do Tempo Perdido”. Lançada em 1975, esta obra-prima do rock nacional ainda ressoa com os fãs de hoje, com suas linhas vocais poderosas e riffs de guitarra intensos. Vamos dar uma olhada neste álbum clássico e por que ele ainda é relevante hoje.

Você é fã de rock nacional? Então você não pode perder deixar de ouvir "Em Busca do Tempo Perdido", primeiro e único álbum da banda O Peso, uma obra-prima do rock brasileiro setentista que ainda hoje tem impacto pela pegada blues rock. Se você é fã do rock brasileiro, provavelmente já ouviu falar do icônico álbum da banda O Peso, "Em Busca do Tempo Perdido". Lançada em 1975, esta obra-prima do rock nacional ainda ressoa com os fãs de hoje, com suas linhas vocais poderosas e riffs de guitarra intensos. Vamos dar uma olhada neste álbum clássico e por que ele ainda é relevante hoje.

“Em Busca do Tempo Perdido”, d’O Peso, não é apenas um álbum clássico do rock nacional, é um marco cultural para o rock brasileiro. O álbum foi lançado em um momento de agitação política e social no Brasil, e suas letras refletiam o pensamento de uma geração roqueira do Brasil vivia o sonho do rock inglês dentro da realidade dura do nosso país. A banda O Peso era conhecida pelo seu som purista dentro do rock numa época em que as misturas entre o rock e a música brasileira era o que estava em voga.

Este disco é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTOcuja proposta você confere nesse link.


Ofertas de Discos do Rock Nacional dos anos 1970

Abaixo, estão os links (em azul) de ofertas de discos clássicos deste período do rock nacional pré-anos 80:

  1. Rita Lee – Fruto Proibido (1975) [CD]
  2. Moto Perpétuo – Moto Perpétuo [CD]
  3. Mutantes – Ao Vivo [Disco de Vinil]
  4. Secos Molhados – Secos Molhados [Disco de Vinil]
  5. Novos Baianos – Acabou Chorare [Disco de Vinil]
  6. Ronnie Von – A Misteriosa Luta Do Reino De Parasempre Contra O Império Do Nuncamais [Disco de Vinil]
  7. Casa Das Máquinas ‎- Lar De Maravilhas [CD]

O Peso: “Em Busca do Tempo Perdido” – Você Devia Ouvir Isto

Definição em um poucas palavras: Classudo, Guitarra, Harmônica, Retrô, Som Brasil, Urbano;

Estilo do Artista: Rock Nacional;

O Peso - Em Busca do Tempo Perdido
O Peso – “Em Busca do Tempo Perdido” (1975, Polydor)

Comentário Geral: A geração musical nordestina da década de 1970 era enraizada fortemente nos ritmos regionais. O rock produzido naquelas paragens era diluído em doses fartas de brasilidade musical. Pensando bem, esta era uma característica de fronteiras mais amplas. Em 1975 o rock nacional havia produzido um ínfimo número de bandas que se dedicavam ao que poderíamos chamar de rock clássico, aquele praticado em terras estrangeiras e que se embriagava de blues, folk e guitarras psicodélicas, por vezes também chamado de hard rock.

Em sua maioria, a cena brasileira do rock era composta por devotos do rock progressivo e/ou psicodélico, mesclado à herança da Música Popular. Essa era uma cena já relevante, mas em termos de classic/hard rock sem misturas, éramos quase órfãos. Porém, aquele mesmo ano de 1975 nos daria um dos melhores momentos desse classic/hard rock feito por aqui.

Em sua segunda vinda para o Rio de Janeiro, o vocalista Luiz Carlos Porto (uma espécie de Rod Stewart nascido no Ceará) resolveu que era hora de buscar o tempo perdido (como o próprio nome do vindouro álbum indica). Ao lado da enciclopédia do rythm & blues, o guitarrista norte-americano Gabriel O’Meara, Luiz Carlos construiu um dos melhores nomes do rock brasileiro: O Peso.

Na verdade, quando o guitarrista chegou, a banda já existia. Tudo bem que ela se resumia ao vocalista e ao parceiro Antonio Fernando. “O produtor Guti de Carvalho se aproximou de mim e me pediu para montar uma banda para apoiá-los”, contaria mais tarde Gabriel. Sem dúvidas ele era o mais experiente do grupo. Além de ser amigo próximo de Tim Maia, Gabriel substituiu, em 1971, ninguém menos que Pepeu Gomes (que, por sua vez, havia substituído Lanny Gordin) na banda de Gal Costa, na época do histórico show “Fa-Tal”, após sua saída para montar o Novos Baianos. Isso sem contar os três anos que ele passou tocando soul em Detroit, lar da Motown, antes de seu pai, que morava no Brasil, convidá-lo para vir passar umas férias por aqui e ele ficar por tempo indeterminado.

No início, a formação d’O Peso com Gabriel O’Meara, Luiz Carlos Porto, Carlos Scart (baixo), Constant Papineanu (teclado) e Geraldo D’Arbilly (bateria) fez seus primeiros shows como banda de apoio do cantor paraibano Zé Ramalho. Mas vamos para o álbum em si!

“Em Busca do Tempo Perdido” traz a perfeita exibição de como o rock inglês de fins dos anos 1960, inspirado no blues de Chicago, pode ser executado com letras em português, sem soar caricato. Não por acaso os agradecimentos do disco incluem Jeff Beck e Erasmo Carlos. Costumo encarar este álbum como uma colagem do que há de melhor no rock n’ roll puro e simples de Rolling Stones, Led Zeppelin (preste atenção a “Eu não sei de Nada”), The Band (de quem acho que emprestaram o nome da banda), Faces, Allman Brothers Band e  Blind Faith.

Quer uma canção com riffs empolgantes de guitarra, piano temperado pelo boogie e vocal arrasa quarteirão? Ouça “Eu Sou Louco Por Você” (que traz um sensacional solo de piano ao melhor estilo bluesy), “Lúcifer” (um rock com uma combinação sombria de versos e solos endiabrados) ou “Só Agora (Estou Amando)”, essa última com guitarra certeira, solos de harmônica e letra com direito a vários “ié-ié-iés”.

Por outro lado, se sua vontade é se deliciar com acordes inspirados pelo folk rock, sirva-se sem cerimônia de “Não Fique Triste” (uma balada que beira o pop, de beleza simplória quase inédita) ou de “Em Busca do Tempo Perdido” (uma típica evolução dos acordes acústicos, adornado por percussão inspirada pelo antigo trabalho de Carlos Santana). O classic rock setentista se dedicou também bastante às baladas que aqui tem sua representante: “Me Chama de Amor” traz vocal introspectivo de vibração soul, backing vocals em harmônia às notas de piano e solo de guitarra dilacerante.

Além disso, durante todas as faixas o sabor do blues é degustado por nossos ouvidos e se mostram sem disfarce em “Eu Não Sei de Nada” (um blues rock arrastado com intercurso psicodélico) e a magistral “Blues”. Pensando bem, “Blues” é o ápice musical do disco, com tudo de melhor que o estilo que intitula canção tem a dar: piano malicioso, harmônica duelando com vocais emocionados e solos de guitarra que descambam para um final apoteótico, onde é impossível não se lembrar do fabuloso Lynyrd Skynyrd.

A arte gráfica é um caso à parte, sugerindo um humor sarcástico encarnado num hipopótamo que esbanja peso e parece caçar os músicos. Por isso tudo, este álbum exala o melhor perfume do rock clássico, com notas aromáticas retiradas do blues, tornando a fusão dos estilos indissociável  e homogênea. No mesmo ano de lançamento do álbum, a banda participou da edição do Hollywood Rock, festival organizada por Nelson Motta em parceria com Erasmo Carlos, e que trazia nomes como Rita Lee, o próprio Erasmo Carlos, Raul Seixas, Os Mutantes e o Vímana (aquela banda progressiva com Lobão, Lulu Santos, Ritchie na formação).

Infelizmente as divergências entre os músicos trouxe instabilidade à formação e O Peso decretou seu fim em 1977, após a saída do vocalista Luiz Carlos Porto para uma carreira solo. Seu único disco solo foi lançado em 1983,com produção de Marcelo Sessekind (que também tocou guitarra no disco) e Lulu Santos, sendo lançado pelo selo Polygram. Porém, mesmo sendo uma época favorável ao rock, o disco foi um fracasso de vendas, sendo hoje um raro item de colecionador.

Já Gabriel O’Meara se dedicou ao trabalho em estúdio como músico e produtor. Compôs músicas para Tim Maia (como “Carinhos” e “Eu Só Quero Ver”) e Sandra de Sá, tocou em discos de Zé Ramalho e produziu álbuns de samba, com o disco de estréia de Almir Guineto. Até tentaram um retorno com O Peso, em 1984, no auge do sucesso do rock nacional e após a volta de Luiz Carlos com um disco solo (o vocalista passou um período recluso), mas a segunda encarnação da banda durou apenas até 1986, quando saíram de cena sem gravar mais nada. Fatidicamente, naquele ano de 1986, após um show em Fortaleza, o vocalista sofreu um grave acidente de moto, se afastando da música, e impedindo definitivamente um retorno da banda por causa de uma esquizofrenia.

Se você acha que o rock nacional começou nos anos 1980, VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO de modo urgente e quase educacional!

Ano: 1975

Top 3: “Eu Sou Louco Por Você”, “Blues” e “Lúcifer”.

Formação: Luiz Carlos Porto (Vocal),  Gabriel O’Meara (guitarra), Constant Papineau (piano), Carlos Scart (baixo), Geraldo D’arbilly (bateria) e Carlos Graça (bateria).

Disco Pai: Jeff Beck Group – “Truth” (1969).

Disco Irmão: A Bolha – “É Proibido Fumar” (1977).

Disco Filho: Celso Blues Boy –  “Som na Guitarra” (1984).

Curiosidades: O vocalista cearense Luiz Carlos Porto, dois anos antes de montar o grupo, participou do Sétimo Festival Internacional da Canção com a composição “O Pente”, ao lado do parceiro Antônio Fernando.  Outra curiosidade é que o guitarrista Gabriel O’Meara usava guitarras Gibson, mas alguns solos deste disco foram registrados com uma Fender Stratocaster emprestada por Lulu Santos.

Pra quem gosta de: vocalista que soltam o gogó, relíquias perdidas, fotos antigas, cerveja preta e hipopótamos.

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