Primal Fear – Resenha de “Metal Comando” (2020, Shinigami)

 

“Metal Commando” é o décimo terceiro disco de estúdio do Primal Fear, uma banda que nunca atingiu um status gigantesco dentro do heavy metal, mas possui uma discografia consistente.

Praticante de um power metal contundente, recheado de riffs e refrãos de metal tradicional e energizado pelos aspectos cativantes e eletrizantes do hard rock, o Primal Fear apresentou uma forma diversificada e pesada dessa proposta tradicional em “Metal Commando”.

Primal Fear - Metal Commando (2020, Shinigami)
Primal Fear – “Metal Commando” (2020, Nuclear Blast, Shinigami Records)

Desde que saiu da Nuclear Blast e rumou para a Frontiers, a banda vinha, a cada álbum encaixando essa proposta no formato mais melódico da gravadora italiana, mas sem perder a identidade.

Isso podia ser sentido já em “New Religion” (2007), o primeiro disco daquela nova fase, e foi ficando cada vez mais destacado até  “Apocalypse” (2018), álbum anterior.

Mesmo que não perdessem a regularidade na qualidade geral dos discos – “Delivering the Black” (2014), “Rulebreaker” (2016) e “Apocalypse” (2018) eram ótimos trabalhos – era perceptível que as composições estavam moldadas para o público alvo da gravadora.

“Metal Commando” marca a volta do Primal Fear para a Nuclear Blast (no Brasil saiu via Shinigami Records em duas versões diferentes) e de certa forma transparece uma banda mais motivada e determinada, mesmo que dê continuidade à tormenta de guitarras cortantes, melódicas e fortes do disco anterior.

Ou seja, a “mudança de casa” não significa mudanças estéticas na musicalidade.

O Primal Fear entrega exatamente aquilo que se espera dele. Ainda bem!

Essa motivação reflete num conjunto de composições variadas, desenhando à própria maneira uma ode ao puro e tradicional heavy metal de entidades como Judas Priest e Accept (influências que estão amalgamadas na ótima faixa “Raise Your Fists”).

A abertura com “I Am Alive” é uma confissão de intenções desse disco.

Essa faixa será um dos grandes destaques, não só de “Metal Commando”, mas da última década da banda (junto com “New Rise”), pelo ritmo veloz sobre o qual desenham melodias certeiras na guitarra e o refrão grudento, dois elementos imprescindíveis para a boa prática do heavy metal.

Seguindo pelos destaques, “Along Came the Devil” apresenta a faceta de peso groovado e cadenciado que o Primal Fear bebeu da fonte do Accept e que encontra sua contraparte na rápida e agressiva “Lost and Forgotten”, um típico power metal de manual.

Por falar em contraparte, se “Hear Me Calling” é uma que pende para o hard rock, lembrando algo que caberia num bom disco do Sinner (banda do baixista Matt Sinner), então “My Name Is Fear” nos faz lembrar do puro heavy/power metal instilado nos primeiros discos do Primal Fear.

Tudo por aqui soa amplificado. O peso, a variação de velocidade, as melodias, o tom épico e até mesmo os clichês parecem renovados, principalmente os que são desenhados nas guitarras do trio Naumann/Karlsson/Beyrodt.

Na longa faixa de encerramento (com mais de treze minutos), intitulada “Infinity”, o Primal Fear esboçou uma saída de sua zona de conforto, ousando um pouco mais dentro da parcela épica de sua musicalidade.

Sabemos que originalidade nunca foi um dos pontos fortes do Primal Fear, seja no trabalho gráfico das capas ou no molde que forja suas músicas, mas destas vez se permitiram oysar ainda mais e explorar além de sua parede de três guitarras, nos oferecendo “I Will Be Gone”, uma balada acústica belíssima e nada piegas.

O mais curioso é que mesmo essa faixa soando completamente desconexa da essência do Primal Fear, ela tem um lugar imprescindível na dinâmica do repertório.

Claro que nem tudo funciona. “Halo”, por exemplo, chafurda nos truques batidos do power metal e soa menor dentro do repertório, assim como “Howl Of The Banshee” e “Afterlife”.

Cabe mencionar ainda que esse é primeiro disco com o baterista Michael Ehré, um nome quase onipresente quando se fala em power metal europeu na atualidade.

Quem acompanha a banda sabe que sua maior virtude é a competência em criar o puro heavy metal, sem desvios de caráter e “Metal Commando” é uma consequência direta deste fato.

Ou seja, temos mais um disco típico da discografia do Primal Fear, e se você gostou de qualquer disco que eles lançaram após “Black Sun” (2002), pode ir atrás de “Metal Commando” sem medo.

FAIXAS:

1. I Am Alive
2. Along Came The Devil
3. Halo
4. Hear Me Calling
5. The Lost & The Forgotten
6. My Name Is Fear
7. I Will Be Gone
8. Raise Your Fists
9. Howl Of The Banshee
10. Afterlife
11. Infinity

FORMAÇÃO:

Ralf Scheepers »» Vocal
Tom Naumann »» Guitarra
Alex Beyrodt »» Guitarra
Magnus Karlsson »» Guitarra
Michael Ehré »» Bateria
Mat Sinner »» Baixo

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