“Alchemy Of Souls: Part I” é o quarto disco da banda espanhola Lords of Black, famosa não só pela sua forma inventiva e híbrida de heavy metal, mas também por ser a banda do vocalista Ronnie Romero e do guitarrista Tony Hernando.
Musicalmente, esse trabalho mantém o metal tradicional mesclado a elementos melódicos, sinfônicos e progressivos, mas com a adrenalina do hard rock.
Ou seja, temos arranjos épicos, explosões de melodia ou técnica instrumental, e vocais dramáticos, sustentados pela seção rítmica sólida e precisa onde está o novato Jo Nunez (bateria) e também o baixista Dani Criado.
Aliás, a troca na bateria foi a única importante mudança daquele Lords of Black que nos deu “Icons of the New Days” em 2018, afinal, o vocalista Ronnie Romero chegou a deixar a banda em 2019, mas voltou no ano seguinte.
Obviamente, esse foi um evento que impactou o guitarrista e principal compositor Tony Hernando. Mas ele conseguiu manter a banda até a volta de Romero com o vocalista Diego Valdez, do Dream Child.
Grosso modo, essas onze músicas são desenhadas por um power/heavy metal marcado pela personalidade forte e emoção sincera, à partir de influências óbvias.
Um dos destaques do repertório mostra bem como funciona essa tal criatividade do Lords of Black, afinal, “You Came To Me”, responsável por fechar o material, é uma peça que é tocada ao piano em parceria com o músico erudito Victor Diez.
Embora o álbum seja apresentado como “Parte I”, “Alchemy of Souls” não é propriamente um disco conceitual com enredo linear.
Esse subtítulo serve mais como um indicativo de que essas músicas guardam uma conexão de temática: a guerra entre o bem e o mal em todas as esferas do universo e do ser humano.
Com esse tema e com os eventos que cercaram a banda no ínterim desde “Icons of the New Days” (2018), não espanta o fato desse ser um disco mais sombrio.
Ao mesmo tempo, “Alchemy Of Souls” é o trabalho mais maduro do Lords of Black até agora.
As composições são guiadas pelas guitarras e, nesse sentido, o trabalho em estúdio ao lado de Roland Grapow deu ainda mais brilhantismo e força ao instrumento de Tony Hernando, que guia pontos estratégicos do repertório como “Dying to Live Again”, “Into The Black”, e “Disease in Disguise”, seja pelos riffs pesados, as harmonias classudas ou pelos solos empolgantes.
O Lords of Black injeta em suas músicas um peso moderno e dinâmico, mesmo naquelas que estejam alinhadas a padrões desenvolvidos nos anos 1990, como ouvimos na primeira e na terceira partes do disco
Isso tira o cheiro de mofo dos arranjos, deixando apenas o timbre vocal de Ronnie Romero como o elemento mais impregnado de deja vu na sonoridade.
“Deliverance Lost”, por exemplo, é outro destaque e resgata aquele speed metal mezzo melódico mezzo progressivo praticado nos anos noventa ao mesmo tempo que serve de evidência para esse meu ponto.
Por sua vez, “Sacrifice” e “Closer to Your Fall” (com trabalho brilhante de Romero) vão trazer algo do hard/melodic rock europeu atual para o jogo musical do Lords of Black, se tornando dois dos momentos mais cativantes do disco, com refrão certeiro, daqueles que grudam de primeira.
Aliás, o hard rock será um terreno que também se fará presente na dramática “Brightest Star”, uma faixa que mistura com bastante classe o Helloween com o Whitesnake.
Essa segunda parte do disco te faz lembrar que a banda espanhola lançou seus últimos três discos, incluindo este, pela gravadora italiana Frontiers Records, pois está mais encaixada à tradição musical do selo.
À partir de “Shadows Kill Twice” eles voltam à tenacidade power/heavy metal dando até mesmo um toque mais progressivo aqui e acolá, nas músicas.
Em “Tides of Blood”, por exemplo, Ronnie Romero brilha como discípulo de Ronnie James Dio, assim como Tony Hernando de Tony Iommi, numa faixa cadenciada, sombria e com DNA sabático.
Porém, a grande composição por aqui é a épica “Alchemy of Souls”, com seus mais de dez minutos de pureza metálica e maturidade para misturar peso, melodia e dramaticidade, numa dinâmica envolvente que te leva por uma viagem musical.
Enfim, esse é mais um excelente lançamento da Frontiers que a Hellion Records traz para o Brasil em formato slipcase.
Vá atrás, pois vale muito a pena!
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