King Witch – Resenha de “Body of Light” (2020)

 

O King Witch é uma banda escocesa que encapsula todas as nuances climáticas e a técnica melódica do metal inglês junto a abordagem moderna do heavy rock neste seu segundo disco, “Body of Light” (2020).

Formado em 2015, o quarteto acumula comparações com nomes como Black Sabbath, Candlemass, Mastodon e High On Fire, mas também marca sua identidade nas composições impressas por um competente trabalho em estúdio.

“Body of Light” foi gravado no Deep Storm Productions, produzido e mixado por Kevin Hare e o guitarrista Jamie Gilchrist, masterizado por Tom Dring e chega dois anos após o debut “Under the Mountain”.

King Witch - Body of Light (2020, Hellion Records)

Claro que é impossível não perceber as influências também de Trouble (principalmente nos climas mais iluminados), Deep Purple e Rainbow, criando uma atmosfera psicodélica, densa, valvulada e dramática, por músicas elásticas e bem estruturadas.

Os riffs arrastados, obscuros e sorumbáticos se revelam pelo peso carregado e sujo das guitarras graves, ásperas e chapadas (na melhor escola Tony Iommi) que duelam com os vocais épicos, enquanto a cozinha pulsante constrói uma massa sonora instigante, pra dizer o mínimo.

É verdade que o King Witch não soa inovador, sendo até mesmo simplista dentro da estética do heavy/doom metal, e tendo um leve sabor nostálgico, sem soar anacrônico, em alguns momentos.

O grande trunfo do som da banda mora nas guitarras de Jamie Gilchrist, desenhando riffs técnicos, solos vigorosos e harmonias sombrias, e nos vocais enérgicos de Laura Donnelly, claramente influenciada por nomes como Veronica Freeman, Dio e Messiah Marcolin.

Mesmo com as composições se desenrolando por mais de cinco minutos em sua maioria, com  sabedoria cada instrumento dá aquilo que a música pede, sem firulas desnecessárias.

Nesse desenho, temos músicas variadas, o que gera uma dinâmica envolvente e imersiva no trabalho que explora de forma orgânica, determinada e moderna, as possibilidades que o blues rock abriu para o heavy metal.

As guitarras, por exemplo, se baseiam em riffs e progressões sinuosas e misteriosas, tipicamente stoner, renovando a abordagem fuzzeada, sem querer soar anacrônico.

Neste contexto eles apresentam uma faixa melhor que a outra: “Body of Light” (uma montanha russa stoner metal); “Of Rock And Stone” (com seu peso sorumbático); “Call of the Hunter” (talvez a melhor do disco); “Return to Dust” (numa vibe mais rock e climática que metal); “Order From Chaos” (outra pra colocar entre as melhores); “Solstice” (um doom de dar orgulho ao Candlemass); “Witches Mark” (a mais acelerada e impetuosa do disco); e “Beyond The Black Gate” (essa vai dar orgulho ao Black Sabbath) são excelentes, cada uma à sua maneira, num conjunto onde o peso doom contrasta com as influências melódicas do heavy rock setentista.

Por isso tudo, “Body of Light”, é um disco muito acima da média para quem gosta da sua fatia de heavy metal mais profunda, densa e com peso acachapante!

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