Killepsia – Killepsia (2017, EP) | Resenha

 

“Killepsia” é o auto-intitulado segundo EP da banda porto-alegrense que investe numa sonoridade que mistura heavy metal com o rock progressivo  e a música brasileira.

Killepsia - EP 2017 Independente

Realmente foi uma grata surpresa a audição deste segundo EP, auto-intitulado, da banda porto-alegrense Killepsia.

Sucessor de “Kronophobia” (2014), eu esperava algo mais alinhavado ao heavy metal tradicional, mas este trabalho apresenta uma banda renovando a proposta de misturar o heavy metal com o rock progressivo  e a música brasileira, com letras bem sacadas.

Com isso, elaboram uma personalidade musical forte, construída com o potencial libertador dos excessos e que não se abstêm aos impulsos transgressivos.

Até por isso, e omo consequência da criatividade e da inquietação destas quatro composições, fica complicado rotular a música do Killepsia aqui registrada.

Não que isso seja necessário, principalmente quando temos faixas dinâmicas e variadas, dialogando com referências nacionais e internacionais, já no groove irresistível que introduz “Role Model”, abertura do EP, empolgando de saída com baixo predominante e pulsante de Ian Ge Eff, além da bateria sincopada e pesada Rafael Severo.

Nesta composição já aparece a contínua variação de tempos e andamentos, equilibrando groove, técnica, peso e melodia, por imprevisíveis movimentos progressivos, num resultado bem formatado pela produção crua, orgânica, cinzenta e muscular, potencializando texturas e timbres, ora rústicos, ora amenos, principalmente nas guitarras de Vicente Telles e Giuseppe Oppelt, que desenham ótimos solos. Destaque também aos vocais bem encaixados, dramáticos, empostados, e fora dos padrões usuais, divididos entre Ian e Vicente.

E neste panorama, “Bordado” é uma forma um pouco mais acessível de apresentar esta fórmula musical, enquanto “Império” é mais enérgica, dentro de uma estética que pode assustar aqueles que se identificam com as práticas mais tradicionais do heavy metal, afinal vão do hard rock ao progressivo.

No geral, com naturalidade e fluidez, criatividade e coragem,  nos oferecem uma dança musical cativante, intrigante, personalíssima e eloquente, de construções instrumentais engenhosas, atingindo o ápice na faixa de encerramento, “Incertezas”, pesadíssima e com passagens doom sinistras.

Um trabalho pra marcar o nome Killepsia em lista de bandas a se prestar atenção nos passos futuros.

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