Opeth – Resenha de “Garden of the Titans: Live At the Red Rocks Amphitheatre” (2018)

 

Garden of the Titans Opeth Live At the Red Rocks Amphitheatre
Opeth, “Garden of the Titans: Opeth Live At the Red Rocks Amphitheatre” (2018, Shinigami Records) NOTA:10

Oito anos separam este “Garden of the Titans: Opeth Live At the Red Rocks Amphitheatre” do último DVD ao vivo do Opeth, “Live In Concert at the Royal Albert Hall” (2010).

Nestes oito anos, o Opeth lançou a trilogia de discos que redirecionou a sonoridade da banda para a estrutura do progressivo setentista, criando uma cisão entre os fãs.

Porém, este DVD pode ser um ponto de convergência tanto para os viúvos da fase death metal da bandaquanto para aqueles que também gostam da abordagem mais limpa, afinal, progressivo o Opeth sempre foi.

Eles foram buscar “Demon of the Fall”, no clássico “My Arms, Your Hearse”, de 1998, o disco em que encontraram sua fórmula musical equilibrando progressivo com metal extremo, que seria melhor lapidada em discos como “Still Life” (1999), “Blackwater Park” (2001) e “Deliverance” (2002), trinca brilhante que dá ao repertório de “Garden of the Titans”, uma versão ainda mais instigante da faixa “Deliverance”.

Responsável pelo desfecho do show, “Deliverance” é a prova de que o prog rock já estava diluído na música do Opeth desde aqueles tempos.

Até faixas do mais recente trabalho, “Soceress” (2016) – que resenhamos aqui -, como a faixa-título, “The Wilde Flowers” (que se confirma aqui como uma das melhores músicas daquele trabalho, com solo virtuoso de Fredrik Åkesson), “Era” e “Demon of the Fall”, que já tinham certo peso, ganharam ainda mais robustez nestas versões ao vivo.

Inclusive, “Soceress” abre o show com seu peso progressivo e suas passagens intrincadas, e de cara percebemos que a captação do som está perfeita, assim como a performance da banda.

Na sequência, o tracklist nos traz “Ghost of Perdition”, faixa retirada do experimental “Ghost Reveries” (2005). Aqui o registro do áudio se mostra ainda melhor nas passagens extremas, e a banda já tem o público na mão na segunda música.

Público que participa ativamente da melancólica e nostálgica “In My Time of Need”, escolhida do álbum “Damnation” (2003), que também funciona como um alívio emocional na complexidade técnica e pesada das demais composições.

Na segunda metade do show teremos o grande momento progressivo do show com “The Devil’s Orchard” “Cusp of Eternity” (um dos melhores momentos da apresentação), retiradas, respectivamente, de “Heritage” (2011) e “Pale Communion” (2014), junto a “Heir Apparent”, pinçada de“Watershed” (2008).

Esta última composição inclusive evidencia a influência do progressivo setentista na música do Opeth, mesmo antes de “Heritage”, em especial da banda Khan e seu clássico “Space Shanty” (1972).

Mesmo nesses momentos a sonoridade está mais agressiva quando necessário, ao mesmo tempo que o clima fornecido pelo local do show deixa as passagens climáticas com energia quase mística, enquanto desfilam suas composições de proporções épicas.

Como banda, o Opeth está muito preciso nas evoluções complexas, como unidade entre músicos com alto entrosamento. Porém, cabe ressaltar o trabalho do baterista Martin Axenrot, estruturando toda a grandiosa musicalidade da banda com destreza e segurança.

Claro que falar que Mikael Åkerfeldt é chover no molhado, pois ele se mostra não só um compositor de criatividade incomum, ou um músico versátil, habilidoso e técnico, capaz de liderar uma banda difícil de rotular, mas principalmente um frontman que se comunica constantemente com seu público. E nesses momentos, Åkerfeldt desfila um humor sagaz (repare na piada que ele faz com o frio do local e Jon Bon Jovi, antes de atacar “The Wilde Flowers”).

Os seus vocais limpos estão brilhantes e bem amparados pelos backing vocals de Joakim Svalberg e Fredrik Åkesson, e os guturais se mostram ainda mais fortes e impactantes. E cabe aqui um registro da importância dos backing vocals para o resultado final da música do Opeth, em especial nas partes limpas.

“Garden of the Titans” traz além de alta vibração, honestidade até nos erros naturais a um show, onde percebemos que poucos foram os ajustes em estúdio. Por isso, cada desenvolvimento soa natural e existem algumas diferenças interessantes das versões originais.

Ainda é necessário enaltecer o trabalho da direção de fotografia que escolheu bem as imagens e deu uma dinâmica perfeita entre imagem e som.

Basicamente, quando analiso um registro em vídeo de um show me atento a três detalhes: 1) repertório (aqui, curto, mas muito bem escolhido); 2) a performance (precisa e brilhante); e 3) mixagem (indefectível).

Mas no caso deste “Garden of the Titans” outro elemento merece atenção: o local.

show aqui registrado aconteceu em 11 de maio de 2017, no Red Rocks Amphitheater, um palco à céu aberto, em Denver, Colorado (EUA), o que contribui para a beleza das imagens e para o clima diferente, além da acústica natural que deixa o som ainda mais vívido.

O visual, valorizado nas tomadas aéreas que ainda pegam a cidade ilumina ao fundo do palco, impressiona tanto quanto a música do Opeth.

“Garden of the Titans: Opeth Live At the Red Rocks Amphitheatre” é, não só um complemento para o espetacular  “Live In Concert at the Royal Albert Hall”, bem como um material de dar orgulho aos grandes discos ao vivo da história do rock/metal, lançado no Brasil pela Shinigami Records em DVD e CD duplo (trazendo o áudio do show completo).

Material obrigatório!

TRACKLIST

DVD
1. Sorceress
2. Ghost Of Perdition
3. Demon Of The Fall
4. The Wilde Flowers
5. In My Time Of Need
6. The Devil’s Orchard
7. Cusp Of Eternity
8. Heir Apparent
9. Era
10. Deliverance

CD1

1. Sorceress
2. Ghost Of Perdition
3. Demon Of The Fall
4. The Wilde Flowers
5. In My Time Of Need

CD2

1. The Devil’s Orchard
2. Cusp Of Eternity
3. Heir Apparent
4. Era
5. Deliverance

FORMAÇÃO

Mikael Åkerfeldt (vocal e guitarra)
Martín Méndez (baixo)
Martin Axenrot (bateria e percussão)
Fredrik Åkesson (guitarra)
Joakim Svalberg (teclado, piano e Mellotron)

Cutura Pop e Underground Opeth Garden of the Titans Live At the Red Rocks Amphitheatre Cutura Pop e Underground Opeth Garden of the Titans Live At the Red Rocks Amphitheatre Cutura Pop e Underground Opeth Garden of the Titans Live At the Red Rocks Amphitheatre Cutura Pop e Underground Opeth Garden of the Titans Live At the Red Rocks Amphitheatre Cutura Pop e Underground Opeth Garden of the Titans Live At the Red Rocks Amphitheatre Cutura Pop e Underground Opeth Garden of the Titans Live At the Red Rocks Amphitheatre Cutura Pop e Underground Opeth Garden of the Titans Live At the Red Rocks Amphitheatre Cutura Pop e Underground Opeth Garden of the Titans Live At the Red Rocks Amphitheatre Cutura Pop e Underground Opeth Garden of the Titans Live At the Red Rocks Amphitheatre Cutura Pop e Underground Opeth Garden of the Titans Live At the Red Rocks Amphitheatre Cutura Pop e Underground Opeth Garden of the Titans Live At the Red Rocks Amphitheatre 

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