Judas Priest – “Rocka Rolla” (1974) | Você Devia Ouvir Isto

 

“Rocka Rolla”, primeiro disco do JUDAS PRIEST, é nossa indicação de hoje da seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTOcuja proposta você confere nesse link.

Judas Priest - Rocka Rolla (1974, 2021 Hellion Records)

Definição em um poucas palavras: debut, guitarra, capa de mal gosto, pesado, produção ruim.

Estilo do Artista: Heavy Metal

Comentário Geral:  O embrião do Judas Priest surgiu em setembro de 1969 por Alan Atkins e Bruno Stappenhill, dois amigos que moravam em West Broomwich, cidade próxima a Birminghan.

Porém, aquele Judas Priest que entrou no Olympic Studios, em Londres, entre junho e julho de 1974 para gravar seu primeiro disco já era bem diferente.

Na época o Judas Priest contava com o guitarrista K. K. Downing, o baterista John Hinch, o baixista Ian Hill e Rob Halford nos vocais. O guitarrista Glenn Tipton entrou no time pouco antes de começarem as gravações.

A indicação para que Tipton entrasse no Judas Priest veio do produtor Rodger Bain, que já conhecia o guitarrista do trio The Flying Hat Band, onde Tipton também era vocalista e praticava uma sonoridade muito próxima à do Black Sabbath.

O convite para entrar no Judas Priest foi feito a Glenn Tipton por K. K. Downing numa loja de discos em Birmingham. Com o aceite de Tipton o Judas Priest se tornaria um quinteto, formatação que seguiria pelas próximas décadas.

Essa dupla de guitarristas marcaria a história do heavy metal pela velocidade nas linhas melódicas e eletrizantes, e mesmo com a produção discutível, o potencial da dupla pode ser sentido no disco do Judas Priest, intitulado “Rocka Rolla”, e que saiu em setembro de 1974.

Foram três semanas de estúdio, mas a banda ficou extremamente descontente com o resultado final, à começar pela produção de Rodger Bain.

E acredite, podia ter sido pior. Pelo menos eles não acataram a sugestão dos executivos da Gull Records de colocar naipe de metais nos arranjos.

O trabalho em estúdio não imprimiu o peso necessário às guitarras e a reformulação do heavy metal proposta pelo Judas Priest seria adiada para os próximos discos.

Rob Halford creditou à inexperiência da banda em estúdio e a consequente intimidação que sentiram pela figura de Rodger Bain, um produtor de renome nos primórdios do heavy metal, para se posicionar sobre o resultado final que fez o Judas Priest soar inofensivo frente ao peso cavalar do Black Sabbath.

K. K. Downing, contudo, dá uma outra visão sobre o resultado final da produção:

“Quando estávamos gravando o som estava bom e pesado, mas quando o álbum saiu o volume era tão baixo que me convenci que algo tinha saído errado.”

Já o baixista Ian Hill reforçou que achava o som da edição original péssimo: “o nosso material não era ruim, mas acabou sendo estragado pela produção horrível”.

E Hill não estava enganado em seu veredicto, afinal, o alto potencial de composições como “Never Satisfied”, “One For the Road”, “Cheater” (com direito a uma harmonica nos arranjos) e a faixa-título, sobrepôs esse problema da produção, mostrando o ritmo marcado das guitarras que seria o traço mais proeminente da personalidade do Judas Priest.

single para a faixa-título saiu em agosto de 1974, mas não foi muito bem nos charts o que não impulsionou as vendas do disco, que foram fracas.

Caminhando pelo repertório de “Rocka Rolla”, além das faixas citadas temos “Winter/Deep Freeze” seguida de “Winter Retreat”, “Dying to Meet You” (com Halford empostado a voz de uma forma que não faria novamente no futuro) e “Run of the Mill”, todas mostrando uma dramaticidade cáustica, estruturas mais cerebrais e menos instintivas, encaixando riffs, refrãos precisos e dinâmica envolvente à psicodelia progressiva da época.

De fato, o material era forte e funcionava como um cartão de visitas de um novo nome do heavy rock, principalmente quando o Judas Priest defendia essas composições nos palcos e criava uma reputação de grandes shows.

A arte de capa de John Pasche chamou a atenção e também foi alvo das críticas dos músicos. Porém, o problema foi um pouco mais complicado porque diz a lenda que a Coca-Cola ameaçou processar o Judas Priest por causa das semelhanças com a marca.

Tanto que a capa da versão norte-americana foi trocada para uma imagem de Mel Grant.

Em suma, com “Rocka Rolla” o Judas Priest mostrava um gigantesco potencial de crescimento  e a turnê de promoção foi realizada até dezembro de 1975, quando entram no London’s Morgan Studios para registrar “Sad Wings of Destiny”, já com um velho conhecido novamente nas baquetas, Alan Moore.

Todavia, “Sad Wings of Destiny” é assunto para esse outro artigo.

Ano: 1974

Top 3: “Rocka Rolla”, “Never Satisfied”, e “Winter/Deep Freeze”

Formação: Rob Halford (vocais), Glenn Tipton (guitarra), K. K. Downing (guitarra), Ian Hill (baixo) e John Hinch (bateria)

Disco Pai: Wishbone Ash – “Argus” (1972)

Disco Irmão: Scorpions – “Fly to the Rainbow” (1974)

Disco Filho: Saxon – “Saxon” (1979)

Curiosidades: O nome da banda veio da músicas “The Ballad of Frankie Lee and Judas Priest”, de Bob Dylan. Recentemente o selo Hellion Records relançou “Rocka Rolla” numa edição em slipcase, incluindo um versão demo de “Diamonds And Rust” como faixa bônus.

Pra quem gosta de: Bandas em formação, heavy rock com toque progressivo, Coca-Cola e vocalistas que soltam o gogó.

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