Insidious Disease – “After Death” (2020) | Resenha

 

“After Death” é o segundo álbum da banda Insidious Disease, uma espécie de supergrupo do metal extremo totalmente devotado ao death metal sujo, tradicional e violento. O disco foi lançado no Brasil pelo selo Shinigami Records.

Insidious Disease - After Death (2020, Shinigami Records) Resenha Review

O Insidious Disease reúne um timaço do metal extremo: o baixista Shane Embury (Napalm Death), os guitarristas Silenoz (Dimmu Borgir) e Cyrus (Susperia), o vocalista Marc Grewe (ex-Morgoth) e o baterista Tony Laureano (Brujeria e Nile).

Ou seja, só músicos gabaritados dentro do mundo da “podreira”.

Sucessor de “Shadowcast” (2010), este “After Death” é um disco que encapsula todos os aspectos mórbidos e degenerados do death metal clássico, mas com impressão moderna, orgânica, consequência de um ótimo trabalho em estúdio.

Nesses dez anos que separam os dois discos do projeto, algumas ideias estão melhor desenvolvidas, os arranjos estão bem trabalhados, mas sem perder a energia, a crueza e a agressividade.

Essa observação vem desde a capa do mestre Dan Seagrave que traz mórbidas referências lovecraftianas, desde o verde-acinzentado que domina a paleta de cores, até a ideia de culto infernal e ancestral que ela enseja.

Em comparação ao primeiro trabalho, o desenho musical que remete ao fim da década de 1980 e começo dos anos 1990, com influências óbvias de Obituary, Death, Bolt Thrower, Pestilence e Massacre, soa agora mais dinâmico enquanto se mantém guiado por guitarras brutais e vocais muito agressivos.

O instrumental gerado por estes músicos habilidosos é uma sobreposição de movimentos de impacto, como ouvimos nas pesadíssimas “Soul Excavation” (abertura certeira), “Betrayed” (com um groove de quebrar o pescoço), “Divine Fire” “Unguided Immortality” que abrem o trabalho mostrando uma regularidade no alto nível que se espera desse time.

Estruturalmente, todas as composições nos trazem introduções criativas, cozinha groovada e pesada, além do incessante zumbido cavernoso das guitarras.

Os climas mórbidos estão bem desenhados pelo timbre sujo ou pelas melodias macabras das guitarras que sustentam e dialogam com o desfile de vociferações grotescas (como ouviremos na pesadíssima “An End Date With the World”).

Alguns movimentos ainda fazem aquela tangência salutar com o thrash metal (de nomes como Kreator e Sepultura), dinamizando e oxigenando o peso inerente à proposta de revitalização da estética old-school do death metal, aliás, muito bem feita em “Enforcers of the Plague” outro destaque do repertório ao lado de “Secret Sorcery”.

Ou seja, percebemos uma diversidade impulsionada pela criatividade nas músicas que não se valem de artifícios fáceis para desenhar brutalidade musical, como a velocidade degenerada ou o uso excessivo de blast-beats (ouça “Invisible War” e perceba uma bateria brutal sem usa-los).

Com todo esse cuidado na construção das músicas o Insidious Disease foge com eficiência de certos anacronismos, gerando um resultado final brilhante no que tange ao death metal.

Por isso tudo, “After Death” claramente mostra que o Insidious Disease não está tentando reinventar nada dentro do death metal, se dedicando apenas a praticar com bastante coesão sua proposta, entregando de forma muito profissional o que todo admirador da “podreira” clássica aprecia: peso, brutalidade, técnica, desconforto e perversão musical, tudo isso muito bem embalado numa arte macabra!

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