Incantation – “Vanquish In Vengeance” (2012) | Resenha

 

“Vanquish In Vengeance” é o oitavo álbum da banda Incantation, lançado em 2012, e recentemente relançado no Brasil em luxuoso formato slipcase pelo selo Black Hole Productions.

Incantation - Vanquish In Vengeance (relançamento 2021 Black Hole Productions)

Formada no verão de 1989, pelo guitarrista e vocalista John McEntee e o baixista Paul Ledney, ambos influenciados por bandas como Sodom, Possessed e Hellhammer, tanto na agressividade, no peso e na velocidade, quanto no culto ao lado mórbido da humanidade e o desejo de ser anti-religioso, a banda norte-americana Incantation é uma das maiores representantes do death metal de conotações rítmicas inspiradas pelo doom metal e líricas alinhadas ao black metal. 

No caminho até “Vanquish In Vengeance”, lançado em novembro 2012, vieram mudanças de formação, sempre com John McEntee na linha de frente do Incantation, e clássicos do death metal como “Mortal Throne of Nazarene” (1994) e “Diabolical Conquest” (1998), para ficar em apenas dois deles.

A musicalidade forte e convincente do Incantation chegou incólume a “Vanquish In Vengeance”, que àquela altura já era seu oitavo álbum de estúdio, produzido pelo velho conhecido Bill Korecky (ele trabalha com a banda desde os anos 1990) e mixado pelo renomado Dan Swanö.

Alguns, ao ouvir “Vanquish In Vengeance” pela primeira vez, certamente podem oferecer objeções quanto a modernidade da produção frente a uma musicalidade tão old-school, mas é fato que o que se perde em organicidade, se ganha em limpidez e definição dos instrumentos (algo perceptível nos primeiros minutos do disco num rápido duelo de baixo e guitarra).

Ao lado de John McEntee neste disco estavam o guitarrista Alex Bouks (que ficou na banda entre 2007 e 2014), o baterista Kyle Severn (que já estava na terceira passagem pelo Incantation e tinha gravado o clássico “Diabolical Conquest”) e o baixista Chuck Sherwood (que está no posto desde 2008).

Esse time conseguiu criar um disco muito coeso entre peso e agressividade, onde a personalidade do Incantation está impressa nas sensações e emoções que os arranjos provocam no ouvinte.

As músicas soam energizadas como nos clássicos noventistas e erguidas sobre um alicerce de autorreferências que não traduzem vanguarda, mas reafirmam a fidelidade à sua história pela fúria e espontaneidade de que se valem.

Existem momentos que somos remetidos aos temas mais diretos de seus primeiros discos e outros nos levam às formas técnicas dos seus discos da primeira década do novo milênio, tendo no tradicionalismo do death/doom o alívio rítmico do extremismo metálico, algo bem definido na macabra e arrastada “Profound Loathing”.

Nas dez faixas de “Vanquish in Vengeance” os riffs atonais e as harmonias dissonantes e devastadoras, ambos alicerçados por uma bateria versátil, emolduram todo um escopo de música profana tão valorizado desde os primórdios do death/black metal.

De uma forma rigorosa, o Incantation segue à risca os mandamentos mais blasfemos do puro death metal em faixas como “Invoked Infinity” (um arrasa-quarteirão de peso e dissonâncias), “Ascend into the Eternal” (variando a dinâmica de forma inteligente), “Haruspex” e “Legion of Dis” (um doom/death de onze minutos experimentais, numa releitura moderna do que o Hellhammer fazia nos anos 1980 com dissonâncias e urros mórbidos), sem dúvidas os quatro grandes destaques do repertório simplesmente por serem expressões de sua personalidade musical alinhada à velha escola do death metal.

Veja bem, o Incantation é uma banda da velha guarda, mas nesse disco não está seguindo no piloto automático do tradicionalismo. Eles pincelam detalhes modernos aqui e ali entre sua proposta brutal, que instigam o ouvinte e revelam um desejo de ser criativo por parte dos compositores.

Por falar em brutalidade, “Transcend into Absolute Dissolution” “Vanquish in Vengeance” são muralhas sonoras erguidas como nos velhos tempos do Incantation e permitem ainda observar como os vocais de John McEntee melhoraram, desde que ele assumiu o posto em 2004.

Concluindo, “Vanquish In Vengeance” era, sem dúvidas, o melhor disco que o Incantation lançava desde o tão citado “Diabolical Conquest” (1998) e se death metal à moda tradicional é o que você gosta, vá atrás desse disco imediatamente!

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