IN FLAMES – “Clayman” (2000) | VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO

 

“Clayman”, clássico disco da banda IN FLAMES, é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTOcuja proposta você confere nesse link.

Definição em um poucas palavras: revolucionário, influente, pesado, melódico, ponto de transição da banda.

Estilo do Artista: Melodic Death Metal

In Flames - Clayman (2000, Nuclear Blast, 2020, Shinigami Records)

Comentário Geral: “Clayman” é um dos grandes clássicos do In Flames, indiscutivelmente!

Porém , olhando em retrospecto ele foi também um disco criticado pelos fãs por diminuir os solos de guitarra e por abusar das linhas vocais limpas.

O engraçado é que muitos destes hoje se vêem saudosos dos tempos de “Clayman” em vista dos discos atuais do In Flames, que desde “Reroute To Remain” (2002) olhou para novos horizontes dentro metal moderno. 

O In Flames surgiu em 1990, na Meca do death metal melódico: Gotemburgo. Porém, o primeiro disco só veio em 1994, intitulado “Lunar Strain”. 

A demora se deu pela instabilidade da formação da banda que a perseguiria por quase toda a década.

Tanto que só foi começar a desenhar um time robusto de músicos com a entrada do vocalista Anders Fridén, que havia gravado do clássico “Skydancer”, do Dark Tranquillity.

Tanto que o próximo trabalho da banda, “The Jester Race”, lançado em 1995, já mostrava um pouco mais do que eram capazes.

Em meio a novas mudanças na formação o In Flames não parava de crescer e construir uma discografia de respeito.

Na sequência veio “Whoracle” (1997) e “Colony” (1999), esse segundo considerado um dos definidores do que seria chamado posteriormente de Gotemburg Sound.

Esse disco também marcou a estabilização da formação do In Flames com Jesper Strömblad e Björn Gelotte (guitarras), Daniel Svensson (bateria), Peter Iwers (baixo) e Anders Fridén (vocals), a mesma que gravou “Clayman”, lançado em 2000.

“Acho que quando fomos de ‘Colony’ para ‘Clayman’, fomos capazes de solidificar nossa formação e desenvolver um processo de composição fluido”, destacou o vocalista Anders Fridén.

Funcionou tão bem que pela primeira vez o In Flames entregava um novo álbum apenas um ano após o lançamento do antecessor

Mas banda queria mais do que simplesmente dar continuidade ao que fizeram em “Colony”.

Os samples e os loops de bateria, além de pinceladas industriais, permaneceram em “Clayman”, mas agora eles dividiam espaço com alguns sintetizadores, que juntos eram parte das músicas e não mais elementos extras.

Era claro em “Clayman” que o In Flames queria testar o máximo de tensão que as cordas que delimitavam o ringue do death metal melódico suportava.

A proposta era claramente ir até o ponto de ruptura da fórmula e remolda-la de uma forma mais diversificada e dinâmica.

Com isso desenvolveram uma sobreposição de melodias gêmeas impressas de forma limpa dentro de um crossover de death metal melódico sueco com o as melodias agressivas do hardcore.

Não obstante, o In Flames, e em particular esse disco, acabou se tornando uma das máximas inspirações das bandas comumente catalogadas como New Wave of American Heavy Metal.

“Bullet Ride” (dona de um refrão certeiro e um groove de guitarra matador), “Pinball Map” (outro refrão que gruda na cabeça) e “Only For The Weak” (onde o death metal melódico é levado a um novo patamar), a trinca de abertura, já apresentava a nova marca musical do In Flames ao mesmo tempo que se tornava três de seus maiores clássicos em todos os tempos.

Os riffs soavam diferentes, as harmonias de guitarra eram inspiradíssimas, as melodias brilhantes e os ritmos tinham uma dinâmica menos linear que a apresentada nos dois discos anteriores.

Uma faixa como “Satellites and Astronauts”, por exemplo, trazia uma desenvoltura progressiva e sutis harmonias jazzísticas de guitarra.

Os vocais eram ora gritados, ora declamados, criando um atrito de agressividade melódica com tensão que gerava ápices quase catárticos, alimentados também por grooves sincopados e por teclados bem alocados, como os de “…As The Future Repeats Today”.

Até por esse atrito entre forma e conteúdo, existia muita energia emanando destas composições, das quais ainda podemos destacar “Square Nothing” (com harmonias de guitarra brilhantes), “Clayman” (lançando mão de mais peso), “Suburban Me” (com um solo de guitarra de tirar o fôlego) e “Another Day In Quicksand” (pesadíssima!).

Hoje, depois de vinte anos de lançamento, me pergunto sem medo de pedras o quanto o In Flames estava influenciado por também bandas norte-americanas da época, principalmente por músicas como “Brush the Dust Away” e “Strong And Smart”.

De certa forma, “Clayman” é uma espécie de trabalho de transição para o que o In Flames se tornaria na década seguinte, mesmo que aqui a sonoridade ainda estivesse solidamente ligada às suas raízes.

Esse marco ficou ainda mais forte por causa do DVD “The Tokyo Showdown”, de 2001.

Afinal, no álbum seguinte, “Reroute To Remain” (2002) foram criticados duramente, como se tivessem perdido sua essência em busca de soar mais comercial e acessível pelos novos elementos adicionados à sua sonoridade.

A tentativa de aproximação ao mainstream era nítida e isso incomodou muitos fãs. Mas deu certo e eles se veriam em festivais norte-americanos como o Ozzfest.

Nem com o equilíbrio da fórmula musical encontrada em “Soundtrack To Your Escape”, o In Flames parecia não satisfazer o fãs antigos da banda, mesmo com suas doses generosas de peso e agressividade.

Mas isso tudo é conversa para um outro artigo.

Aproveite que a Shinigami Records relançou esse clássico no Brasil numa belíssima edição de aniversário e vá atrás do seu já!

Ano: 2000

Top 3:  “Bullet Ride”, “Pinball Map” e “Only for the Weak”.

Formação: Daniel Svensson (bateria), Björn Gelotte (guitarra), Peter Iwers (baixo), Jesper Strömblad (guitarra) e Anders Fridén (vocais)

Disco Pai: Dark Tranquillity – “Skydancer” (1993)

Disco Irmão: Arch Enemy – “Burning Bridges” (1999)

Disco Filho: Soilwork – “Natural Born Chaos” (2002)

Curiosidades: Na capa de “Clayman”, podemos ver o Homem Vitruviano, de Leonardo Da Vinci, que posicionou o ser humano dentro de um círculo e de uma quadrado, enfatizando a harmonia entre o feminino e o masculino nos termos da geometria sagrada.

O Homem Vitruviano também é um tributo à proporção divina, ou razão áurea, um coeficiente numérico que pode ser encontrado por toda a natureza.

Pra quem gosta de: Melodias, quebrar regras, pagar de moderno e gritar enquanto escuta sua música favorita.

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