Hollywood Vampires – Resenha de “Rise” (2019)

 

Hollywood Vampires Rise
Hollywood Vampires – “Rise” (2019 | Shinigami Records) NOTA:8,5

Não podemos nem dizer que o Hollywood Vampires é um supergrupo do rock, pois ele extrapola o âmbito musical, quase como uma confraria da cultura pop norte-americana.

Em seu centro nervoso estão ícones como Alice Cooper (o cara que popularizou o teatro dos horrores no rock), Joe Perry (guitarrista do Aerosmith e um dos símbolos da tríade sexo, drogas rock n’ roll nos anos 1970) e Johnny Depp (um dos atores mais renomados de hollywood).

Mais do que isso, o Hollywood Vampires me parece uma reunião de amigos ilustres para se divertirem produzindo e tocando rock n’ roll!

Nesse contexto, “Rise” chega como segundo álbum do projeto (o primeiro foi o auto-intitulado de 2015) e, de cara, podemos destacar a melhora na receita setentista do rock preparada pelo fogo da modernidade por quem entende do assunto: Joe Perry e Alice Cooper.

A parcela curiosa do trio é justamente Johnny Depp, que até surpreende nos vocais do cover da excelente “Heroes”, do GENIALÍSSIMO David Bowie. E apesar do ator estar longe de ser um exímio guitarrista/vocalista, ele não faz feio quando é chamado ao protagonismo, e em qualquer disco que “Heroes” esteja inclusa ela será sempre o destaque principal! Creio que nem aqueles discos de versões em flautas peruanas conseguiriam mudar isso!

Outro cover é para “You Can’t Put Your Arms Around A Memory”, do pouco lembrado, mas também genial, Johhny Thunders, aqui com os vocais de Joe Perry, que não se saiu tão bem quanto Duff McKagan, quando o Guns N’ Roses fez uma versão para ela em seu disco “The Spaghetti Incident?”. Mas essa música dificilmente alguém conseguirá estragar. Sendo assim, ponto positivo para Mr. Perry & Cia.

Para fechar os covers, temos uma pegada punk irresistível na versão de “People Who Died”, da Jim Carroll Band, no final do disco e que merece atenção.

Porém, mudando o equilíbrio da balança entre covers e composições inéditas, desta vez, fizeram um pouco diferente do que no primeiro álbum, pois “Rise” é composto em sua grande parte por novas músicas, concebidas exclusivamente para esse projeto, o que só desperta ainda mais a nossa curiosidade.

O repertório exala liberdade criativa, e aquela vibe sleazy com atitude irônica e sarcástica permanece nessas novas dezesseis faixas gravadas pelo trio. Com isso conseguem erguer uma personalidade musical que mistura os melhores aspectos artísticos de cada um deles. O que eles fazem em “Congratulations” é de arrepiar!

Ou seja, a festa de halloween regada a hard rock continua desde os rocks mais contundentes e lascivos como “The Boogieman Surprise” (antecipada por um curta sequência de melodias num cravo, que dá um sabor gótico retrô delicioso) e “Git From Round Me”, passando pelo blues rock “Welcome To Bushwackers” (outro dos destaques do repertório, onde temos a ilustre presença de Jeff Beck), a irônica “We Gotta Rise” (tipicamente setentista e com uma letra interessantíssima), até a psicodelia gótica de “Mr. Spider”, uma faixa sensacional que poderia estar em qualquer disco setentista de Alice Cooper.

E se você gosta de de hard rock setentista, com riff pegajoso, refrão infalível, e velocidade controlada pela adrenalina e leve psicodelia estradeira, certamente a longa “I Want My Now”, responsável por abrir o trabalho, vai cair nas suas graças de imediato.

Por essa faixa inicial poderemos antecipar uma verdade sobre “Rise”: muito do poder deste disco vem da aura de Alice Cooper.

Convenhamos, se Alice Cooper cantar música sacra, ou canto gregoriano, vai soar devasso, profano, e ficar com a cara dele. Sua linhas vocais estão brilhantes e envolventes como sempre, assim como as guitarras de Perry, que sacam riffs e ganchos certeiros.

Além disso, certos experimentalismos pontuais ficaram bem interessantes e deram consistência à personalidade do Hollywood Vampires, aprofundada pela dramaticidade e criatividade na criação dos climas.

“The Wrong Bandage”, por exemplo, é a introdução perfeita para a composição de Johnny Thunders que ele não fez.

Assim como “Good People Are Hard to Find”, com suas referências ao Pink Floyd (atenção aos detalhes em segundo plano), traz o spoken word para o jogo desde o início e serve de preâmbulo para a irônica e climática “Who’s Laughing Now”, uma das mais instigantes do repertório!

Por falar em Pink Floyd“A Pitiful Beauty” é outra destas pequenas faixas que tem algo do quarteto londrino misturado às trilhas sonoras de filmes de terror oitentista, muito inspiradas pelos trabalhos de Jean-Michel Jarre e Mike Oldfield.

Tudo em “Rise” é teatral e possui uma fumaça gótica que remete aos filmes de terror da metade do século passado, e as faixas fluem de modo envolvente usando o rock clássico norte-americano como peça-chave, interligadas por curtas transições que dão um tom requintado e inteligente à simplicidade que temos nas composições como um todo.

A produção de Tommy Henriksen, uma espécie de quarto integrante da confraria, conseguiu trazer para o estúdio a vibração da banda ao vivo. Uma abordagem musical como a deles pede por algo mais vívido e orgânico, com cores fortes, e o trabalho de estúdio foi preciso em equalizar tudo isso com a imagética criada pelos nomes envolvidos.

Ok! Até concordo que em diversos momentos o rock retrô aqui impresso soa tão inofensivo quanto o Nosferatu de Max Schreck ou o Drácula de Béla Lugosi nos são nas telas em alta definição nos dias de hoje.

Mas o objetivo é justamente reviver aquele saudosismo, aquela “inocência” do humor negro que você ainda gosta de absorver daquele conhecido episódio de “Os Monstros”, ou de um antigo filme de Vincent Price, pois te remete a um lugar onde mesmo as sombras e o lado obscuro eram lúdicos e despidos da maldade crua e pura!

Sim, muitos deste solos de guitarra poderiam soar ainda mais afiados, a bateria mais pesada e as músicas mais pujantes, mas esse não é o foco! Existe um conceito teatral, burlesco e gótico, por aqui, e ele vai muito além da música!

O principal disso tudo, é que mesmo com essas observações, o Hollywood Vampires não soa datado e é divertido ao extremo!

Aproveite que esse disco está sendo lançado no Brasil (com uma capa diferente, aliás, que agrega ainda mais valor para quem coleciona) pela Shinigami Records e confira “Rise”, não só pelos três principais nomes envolvidos, mas pelo rock n’ roll aqui contido!

FAIXAS: 

1. I Want My Now
2. Good People Are Hard To Find
3. Who’s Laughing Now
4. How The Glass Fell
5. The Boogieman Surprise
6. Welcome To Bushwackers (feat. Jeff Beck & John Waters)
7. The Wrong Bandage
8. You Can’t Put Your Arms Around A Memory
9. Git From Round Me
10. Heroes
11. A Pitiful Beauty
12. New Threat
13. Mr. Spider
14. We Gotta Rise
15. People Who Died
16. Congratulations

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FORMAÇÃO 

Alice Cooper (Vocal, Harmônica)
Joe Perry (Guitarra, Vocal, Teclados)
Johnny Depp (Guitarra, Vocal)

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