Jordan Rudess – Resenha de “Wired For Madness” (2019)

 

Jordan Rudess Wired For Madness
Jordan Rudess: “Wired For Madness” (2019 | Mascot Records, Hellion Records) NOTA: 9,0

“Wired For Madness” é o novo álbum solo do tecladista Jordan Rudess, o primeiro em quatro anos, que acaba de ser lançado no Brasil pela Hellion Records.

E se o o rock progressivo é definido pela fusão de rock pop com outros gêneros de harmonia mais complexa como jazz, música clássica, folk, somando aspectos sinfônicos a estruturas jazzísticas, então a épica faixa título deste disco de Jordan Rudess é a essência dessa definição, impressa pelo frescor da modernidade.

Trazendo a megalomania setentista para as duas partes da faixa-titulo que, além de abrir o trabalho, juntas somam mais de trinta minutos de música divididos em capítulos que narram um intrincado conto de ficção científica, o tecladista do Dream Theater nos oferece uma versão moderna da abordagem utilizada em discos como “Tarkus” (1971) e “Brain Sallad Surgery” (1973), do histórico trio Emerson, Lake & Palmer.

Se bem que nunca foi segredo que Jordan Rudess é um herdeiro direto de Keith Emerson, e em “Wired For Madness” isso fica ainda mais evidente pela exploração de formas diversas do teclado, com criatividade para usar texturas, abordagens e técnicas diferentes, como piano clássico, sintetizadores, orquestrações e música eletrônica.

O sabor de ficção científica desta faixa título é mantido com os bons climas e efeitos, enquanto as melodias e passagens técnicas do instrumental se fazem palavras quando acompanhamos esse conto épico com o encarte em mãos.

E até por conter a participação dos companheiros de Dream Theater, James Labrie e John Petrucci, é impossível não lembrar, em diversas passagens desta faixa, dos melhores momentos da banda após a entrada de Jordan Rudess, que além de compositor brilhante, se revela  um ótimo cantor.

Pelo que ouvimos aqui, em comparação aos últimos três discos do Dream Theater, acho que poderiam, nos próximos álbuns,  dar mais espaço ao tecladista, tanto em composições quanto nos vocais, pois geraria um contraste interessante com a voz de LaBrie. Para completar ele ainda toca baixo neste álbum.

Até por isso, “Wired For Madness” já nos soa diferente do último trabalho solo de Jordan Rudess, com mais peso (existem algumas partes de guitarra ao longo do disco que até lembram os movimentos mais contundentes do Dream Theater) em sua viagem pelas diferentes formas do rock progressivo.

Dentre todos os convidados que participam de “Wired For Madness”, o baterista Marco Minneman, aliás, rouba a cena na segunda parte da faixa-título, com sua técnica e feeling apuradíssimos.

Se o disco tivesse só as duas partes da faixa-título já seria excelente, mas Jordan Rudess ainda mostra sua sensibilidade como compositor nas belíssimas “Off the Ground”“Just for Today”, além de nos oferecer outra instigante peça progressiva intitulada “Why I Dream”. 

Olhando friamente, Jordan Rudess podia ter intitulado esse álbum como “Wired For Madness & Other Short Stories”, pois o apelo literário se aplica ao conceito e temos dois momentos bem distintos no trabalho, cuja segunda metade traz faixas progressivas, mas por vias menos canônicas, investindo em ritmos mais dinâmicos, como mais groove organicidade, como ouvimos em “Drop Twist” (com seus blips, blopsgroove irresistível) e “Perpetual Shine” (com algo do flamejante Dixie Dregs).

Aliás, as referências que permeiam “Wired For Madness” como um todo vão além do trio Emerson, Lake & Palmer, pois ouvimos elementos que remetem a Rick Wakeman, Liquid Tension Experiment, Transatlantic e até mesmo o Renaissance (como em “I’ll Be Waiting”).

Porém, o grande destaque (além da faixa-título) deste disco solo de Jordan Rudess vai para “Just Can’t Win”, não só pela participação do sempre vibrante Joe Bonamassa, mas também pela clara referencia a Frank Zappa e um piano blues de altíssimo nível.

A precisão técnica de Jordan Rudess impressiona, assim como o seu bom gosto para amalgamar as diferentes nuances dadas por seus convidados especiais. Ao longo do disco ainda temos, dentre outras, as participações de Rod Morgenstein (Winger e Dixie Dregs), Guthrie Govan (Asia, The Aristocrats) e Vinnie Moore (Vicious Rumors).

“Wired For Madness” é um disco que pede uma audição atenta, acompanhado as letras no encarte, e não seria exagero dizer que Jordan Rudess é, hoje em dia, a parcela mais interessante do Dream Theater.

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