Em um mergulho no universo macabro de H. P. Lovecraft, exploramos a obscura história de Herbert West. Esta figura sombria e misteriosa é a fonte de inspiração para o gênero zumbi na literatura. Descubra como Lovecraft misturou ciência e terror, criando uma obra inovadora e perturbadora.
H. P. Lovecraft, o mestre do horror cósmico, não é conhecido por sua escrita sobre zumbis, mas sua obra “Herbert West: Reanimator” lança luz sobre essa faceta obscura. Esta história, publicada em 1922, traz à tona o cientista louco Herbert West e suas experiências grotescas para reanimar os mortos. Uma mistura de humor negro, paródia gótica e elementos científicos, Lovecraft abriu caminho para o gênero de zumbis moderno, mesmo que tenha negligenciado essa criação. Vamos explorar as profundezas desse conto macabro e sua importância na obra de H. P. Lovecraft.
| Se você quer entender mais sobre a genialidade de Lovecraft indicamos o livro “H.P. Lovecraft: contra o mundo, contra a vida: Contra o mundo, contra a vida”, de Michel Houellebecq. |
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Herbert West: O Cientista de H. P. Lovecraft que Desafiou a Morte
H. P. Lovecraft, renomado por sua contribuição ao gênero do horror cósmico, é lembrado por suas criações cósmicas e deuses antigos que desafiam a compreensão humana. No entanto, há um canto sombrio em seu universo literário que muitas vezes é negligenciado: a história de Herbert West, o cientista louco por trás de um dos primeiros contos de zumbis na literatura, intitulado “Herbert West: Reanimator.”
Este conto, escrito entre outubro de 1921 e junho de 1922, foi publicado em uma série de cinco partes no periódico “Home Brew” entre fevereiro e julho de 1922. Embora H. P. Lovecraft tenha posteriormente desconsiderado essa obra, ela é um marco na evolução do gênero de zumbis na literatura e cultura pop.
A trama é narrada por um colega não identificado de Herbert West, que testemunha suas experiências ousadas e terríveis. West é um médico ambicioso que se torna obcecado em reanimar os mortos através da ciência. Sua busca pela ressurreição leva a um enredo perturbador e grotesco, no qual corpos reanimados se tornam agressivos e animalescos.
O conto de H. P. Lovecraft mistura elementos de horror, humor negro e até mesmo uma paródia sutil de “Frankenstein” de Mary Shelley. Enquanto Shelley explorou as consequências éticas de brincar com a vida, Lovecraft leva o conceito adiante, trazendo uma reviravolta científica e criando um dos estereótipos mais intrigantes da ficção científica: o cientista louco.
Ao longo da história, testemunhamos a transformação gradual de Herbert West de um médico ambicioso em um monstro obcecado pela busca da vida após a morte. O final é trágico, e há ecos da dualidade entre o bem e o mal, semelhante a “O Médico e o Monstro” de Robert Louis Stevenson.
Uma curiosidade notável é que H. P. Lovecraft, inicialmente, não deu a devida atenção a esta obra. Foi somente entre 1942 e 1943, após sua morte, que “Herbert West: Reanimator” foi republicado na revista “Weird Tales” como uma nova história de Lovecraft. O periódico original, “Home Brew”, era independente e sua trama quase foi esquecida por anos.
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A estrutura de publicação seriada de “Herbert West: Reanimator” é perceptível, já que cada parte começa com um “resumo” do que foi apresentado anteriormente, fornecendo um contexto para o leitor. Isso pode parecer estranho para aqueles que pegam o conto completo agora, mas não diminui o brilho da narrativa.
A verdadeira magia de “Herbert West: Reanimator” reside na riqueza de temas subjacentes que H. P. Lovecraft aborda. Além do horror científico, o conto aborda questões profundas, como o uso de seres humanos em experimentos científicos, o darwinismo, a ética na ciência, lutas clandestinas, os horrores da guerra e o racismo. É importante notar que, neste conto, o racismo de Lovecraft é mais evidente e veemente do que em algumas de suas outras obras, como “O Horror em Red Hook” e “A Sombra Vinda do Tempo.”
A presença do racismo é inegável e desconfortável, mas também nos lembra da necessidade de contextualizar as obras literárias em seu tempo. H. P. Lovecraft era um homem de seu tempo e, infelizmente, seu preconceito racial se refletiu em sua escrita. Isso não justifica, mas é um lembrete de que a literatura reflete não apenas o mundo do autor, mas também suas limitações e preconceitos.
“Herbert West: Reanimator” é um conto complexo que oferece muito para refletir. O cientista louco e suas “diversões blasfemas” desafiam a morte, a moralidade e a natureza da humanidade. Enquanto H. P. Lovecraft pode não tê-lo considerado um de seus melhores trabalhos, este conto é uma parte crucial do legado do autor, influenciando inúmeras representações posteriores de zumbis e ciência sombria.
Embora muitos possam estar mais familiarizados com os escritos mais célebres de H. P. Lovecraft, como “A Sombra de Innsmouth” e “Nas Montanhas da Loucura”, “Herbert West: Reanimator” é uma peça valiosa do quebra-cabeça do horror lovecraftiano. E, apesar de suas imperfeições, é uma obra que continua a cativar e provocar reflexão.
Em resumo, a história de Herbert West é um mergulho no lado sombrio e pouco explorado da obra de H. P. Lovecraft. É um lembrete de que, por trás dos deuses cósmicos e das entidades insondáveis, Lovecraft também brincou com temas mais terrenos e perturbadores. “Herbert West: Reanimator” é um conto que desafia a morte, a ética e o próprio conceito de humanidade, e seu legado ressoa nas obras de horror modernas até hoje.
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Conclusão
“Herbert West: Reanimator” pode ser uma obra subestimada na vasta bibliografia de H. P. Lovecraft, mas seu impacto na literatura de horror é inegável. Este conto pioneiro não apenas introduziu o conceito de zumbis cientificamente reanimados, mas também abordou temas profundos, como ética científica, racismo e os horrores da guerra.
Apesar de seu ritmo acelerado, a história de Herbert West continua a intrigar e inspirar, mostrando que o legado de H. P. Lovecraft transcende seus contos mais conhecidos.
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