De forma imprecisa e simples, podemos dizer que o grindcore é uma fusão do metal extremo com o crust punk. Mas sua característica livre e exploratória gerou um gênero diversificado que incorpora elementos de outras formas musicais, como industrial e eletrônico, ao mesmo tempo em que gera uma variedade estonteante de ramificações.
Até por isso, definir o que é o grindcore não é tarefa fácil nem mesmo por parte de seus admiradores. Parece ser um estilo nascido das premissas contestadoras básicas do punk/hardcore, tanto artísticas quanto políticas, mas que é aceito de braços abertos pelos ensimesmados devotos das vertentes mais extremas do heavy metal.
Isso porque, apesar de parecer ser apenas isso, o grindcore está longe de ser só uma fusão entre o hardcore e o death metal. No biografia de Chuck Schuldiner e do Death, Rino Gissi definiu o grindcore como:
“trata-se de uma sub-ramificação do heavy metal que apresenta características sônicas e estéticas ainda mais extremas que as do death metal. No grind não há espaço algum para a melodia e os álbuns dessa corrente reúnem uma sequência impressionante de músicas que às vezes não duram mais do que apenas alguns segundos.”
Neste artigo, queremos definir, contar rapidamente a história e elencar as principais bandas e discos do grindcore, o gênero mais extremo e brutal da música ocidental.
Napalm Death: O Arauto do Grindcore
O precursor do grindcore foi o Napalm Death, banda originária de Birmingham, o berço do heavy metal, com seu primeiro álbum, “Scum”, lançado pela Earache em 1987, contendo 28 músicas em pouco mais de meia hora.
Como um dos principais arautos do grindcore ao lado do Repulsion, o Napalm Death era a velocidade, a violência e a ruptura com qualquer tipo de estética e regra, em forma de música.
O Napalm Death pretendia tocar uma música que mesclasse a agressividade direta e a consciência social do punk hardcore com a brutalidade e teatralidade de outro gênero em desenvolvimento: o death metal.
A formula era simples: vocais ininteligíveis, letras contestadoras (seja em estética ou em conteúdo), ritmo insano, guitarras produzindo riffs e servindo de massa sonora, além de um baixo que acompanhava a bateria em suas levadas à velocidade da luz.
A ideia musical não era complicada, mas seu poder vinha não só da agressividade. A ousadia permitia misturar tudo o que fosse mais sujo, violento, crú e anti-musical, desde o punk rock escandinavo, ao hardcore norte-americano, passando pelo D-Beat do Discharge, o crust de bandas como Crude S.S., Amebix e Anti-Cimex e e até o thrash metal europeu.
Somava-se à fórmula o discurso político que era urrado, contrapondo a qualquer tipo de técnica ou estética, e voilà, tínhamos um novo estilo, um grito de total insanidade contra tudo e contra todos!
As Mutações do Grindcore
Após o Napalm Death e o Repulsion, algumas bandas desenvolveram o grindcore a novos horizontes de temática e fusão com outros estilo. Começando com o clássico primeiro disco do Carcass, “Reek of Putrefaction” (1988), o gênero evoluiu em todas as direções, adicionando uma camada extra de teatralidade, distorção de guitarras e várias outras explorações musicais e temáticas.
Com isso, o grindcore se tornou um gênero livre, onde exageros e exotismos eram sempre bem-vindos e o fluxo livre de ideias musicais extremas se chocavam e criavam coisas que beiravam o inclassificável.
Nesse caminho surgiram os subgêneros mais extremos do grindcore, como goregrind, o pornogrind, o cybergrind, o mathcore e o noisegrind, por exemplo. Além disso, fusões com estilos como rock progressivo, jazz, black metal e até música erudita geraram discos de altíssimo valor artístico, como o bizarríssimo e genial “Grand Guignol” (1992), da banda Naked City, capitaneada por John Zorn.
Qual Diferença Entre Grindcore e Death Metal Brutal?
Quem já ouviu Dying Fetus e Lock Up, exemplos de bandas fáceis de confundir os ouvintes se são grindcore ou death metal brutal, pode se perguntar, o que diferencia os dois estilos?
Podemos dizer que o death metal é um estilo musical brutal, mas que ainda carrega muito senso melódico e virtuosismo. Existem solos de guitarra, padrões de bateria complicados, vocalistas com técnicas bem desenvolvidas de vocal gutural e que no fim das contas se preocupam com o desempenho musical.
O grindcore, por sua vez, é uma expressão artística do caos, onde a música, mesmo sendo a principal, é apenas uma das partes do todo. Para algumas bandas existem motivos filosóficos e sociais na sua arte (como o Napalm Death e o Brutal Truth), para outras a estética, a performance e a rebeldia em explorar os extremos é o que importa (como no caso do Anal Cunt e do Last Days of Humanity). Em ambos os casos, a música é apenas um veículo, não um objetivo.
Mas não há como negar que em termos apenas musicais existe uma zona intermediária entre os dois gêneros, onde a união da pancadaria do grindcore com o death metal gerou bandas rotuladas como deathgrind e excelentes como o Terrorizer, o Macabre, o Lock Up (um dissidência do Napalm Death), o Exhumed, o Brujeria e o Cattle Decapitation.
Em suma, o deathgrind usa vocais guturais baixos de death metal e gritos agudos de grindcore, embora também possua o tecnicismo do death metal e a intensidade do grindcore. As estruturas das músicas freqüentemente apresentam mudanças bruscas ao contrário da maioria das bandas de grindcore e as músicas são em geral bastante curtas, mas não tão extremamente curtas quanto no grindcore.
As 25 Bandas e Discos essenciais do Grindcore
Agora, vamos enumerar os principais discos do grindcore tendo como critério a escolha de um álbum único de cada banda. Com isso, trazemos uma lista de bandas e discos essenciais do estilo.
1) Napalm Death – “From Enslavement To Obliteration” (1988)
2) Carcass – “Reek of Putrefaction” (1988)
3) Terrorizer – “World Downfall” (1989)
4) Repulsion – “Horrified” (1989)
5) Brutal Truth – “Extreme Conditions Demand Extreme Responses” (1992)
6) Extreme Noise Terror – “A Holocaust in Your Head” (1991)
7) Nasum – “Inhale/Exhale” (1998)
8) Pig Destroyer – “Prowler in the Yard” (2001)
9) Discordance Axis – “The Inalienable Dreamless” (2000)
11) Cephalic Carnage – “Xenosapian” (2007)
12) Anaal Nathrakh – “In the Constellation of the Black Widow” (2009)
13) Virulence – “A Conflict Scenario” (2001)
14) Nails – “Unsilent Death” (2010)
15) Assück – “Anticapital” (1992)
16) Cattle Decapitation – “Monolith of Inhumanity” (2012)
17) Rotten Sound – “Exit” (2005)
18) Exhumed – “Slaughtercult” (2000)
19) Macabre – “Dahmer” (2000)
20) Arsedestroyer – “Teenass Revolt” (2001)
21) Insect Warfare – “World Extermination” (2007)
22) Trap Them – “Darker Handcraft” (2011)
23) Agoraphobic Nosebleed – “Frozen Corpse Stuffed With Dope” (2002)
24) Regurgitate – “Carnivorous Erection” (2000)
25) Anal Cunt – “40 More Reasons to Hate Us” (1996)
Leia Mais:
- Black Metal | 18 Discos Essenciais do Metal Satânico
- Napalm Death | 5 Discos Pra Conhecer
- Slayer | Cinco Lições Básicas do Thrash Metal!
- Death Metal | Qual Banda Criou o Metal da Morte?
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