Discharge – Resenha de “End Of Days” (2016)

 

O Discharge é um dos pilares do Punk/Hardcore, formado no fim da década de 1970 e uma das maiores influências para a construção do Thrash Metal, principalmente pela sua abordagem crua e agressiva, além das guitarras que eram donas de riffs que flertavam com o Heavy Metal.

Este fator sonoro agradava muito o público Heavy Metal, do qual a banda se aproximou mais em 1986, com o álbum “Grave New World”, que trazia uma contextualização da sua sonoridade ao que estava em voga na época, assustando os fãs da sujeira agressiva apresentava no histórico “Hear Nothing See Nothing Say Nothing” (1982), álbum que impactou até mesmo os integrantes do Metallica em seus primórdios.

Discharge - End Of Days (2016)
Discharge: “End Of Days” (2016, Nuclear Blast, Shinigami Records)

Confesso que assim como muitos da minha geração, ouvi falar do Discharge pela primeira vez quando o Metallica registrou excelentes faixas daquele álbum de 1982 em algumas de suas visitas à garagem, fato que impulsionou a reunião do line-up original (que já não se encontra mais reunido), em 2000, após um hiato de quase uma década.

O intuito era trazer de volta um pouco da intensidade de seus primeiros anos e este “End of Days” é o terceiro e, quiçá, melhor álbum deste retorno.

Em alguns momentos deste álbum, principalmente pela voz rouca e agressiva  JJ Janiak, ou pelas linhas de guitarra de Bones (robustas e exaltadas até por mesmo por gente como James Hetfield), é impossível não pensar no Motorhead, numa versão mais despojada e com timbragens que remetem à destruição e à degradação.

A maturidade que a banda atingiu reflete na bem vinda variação da sonoridade, misturando faixas mais “melódicas” com pedradas tipicamente punk (como na excelente “Raped and Pillaged”).

Mas não se engane, desde o princípio, com a ótima “New World Order” (veloz e acachapante), até “The Terror Alert” (com as melhores guitarras do álbum), passando por destaques como “End of Days” (pesada e direta), “False Flag Entertainment” (tradicionalista), “It Can’t Happen Here” (um Motorhead mais iracundo), “Infected” (mais cadenciada e numa abordagem mais rock n’ roll, cheia de sujeira e pujança) e “Population Control” (que transpira inconformismo), a banda se embriaga na rusticidade do punk/hardcore, com muita atitude.

Este álbum é um certeiro tiro musical, com velocidade controlada de modo inteligente pelas linhas de bateria, mas que, mesmo assim, pagaria multa por excesso de velocidade, principalmente quando observamos que poucas das quinze faixas do álbum ultrapassam os três minutos e outras cruzam os 60 segundos por pouco, sendo claro que no caso do Discharge isso não é depreciativo, nos fazendo lembrar da importância da banda para o advento do Grindcore em anos pregressos.

Ouso dizer que depois do clássico “Hear Nothing See Nothing Say Nothing” (1982), este “End of Days” (2016) é o melhor trabalho que a banda produziu em sua carreira, perdendo pelo simples saldo de importância histórica!

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