Os 17 Discos Essenciais Pra Conhecer o Punk/Hardcore Escandinavo

 

Neste artigo queremos falar sobre o punk rock e o hardcore escandinavo através de 17 discos essenciais, uma cena que teve grande influência na música extrema, seja no punk ou no heavy metal.

Neste artigo queremos falar sobre o punk rock e o hardcore escandinavo através de 17 discos essenciais, uma cena que teve grande influência na música extrema, seja no punk ou no heavy metal.

Minha memória seletiva tinha adormecido um dos grandes ensinamentos que tinha absorvido na época da faculdade: “cara, punk legal e porrada é o da cena escandinava!” Claro que não fora proferido por um professor, mas por um colega que adorava punk e Marduk, e com quem eu tinha longas conversas sobre música. Um ensinamento que me foi relembrado ao ler a biografia de João Gordo, chamada sagazmente de “Viva La Vida Tosca”.

Hoje em dia, a Escandinávia é famosa por sua cena cult de Punk/Hardcore oitentista, muito pelos relançamentos e coletâneas que reavivaram a chama primitiva do gélido e áspero modo nórdico de se praticar o gênero, com velocidade, vocais podres, e instrumental caótico.

Pode-se dizer que o gênero aflorou por lá ainda tímido no final dos anos 1970, sendo que em 1978, o Sex Pistols teve que cancelar seus shows na Finlândia por causa de um bombardeio da mídia que acarretou na negativa do ministro local para a visita da banda.

Nada melhor para despertar a curiosidade da juventude rebelde do que uma proibição e contravenção, o que ajudou a catapultar uma cena que já se desenvolvia pela rapidez e agressividade da segunda geração do punk, criando uma identidade própria, crua, de estética carregada, amplificada pela língua nativa, junto a violência sonora desenvolvida à partir da base cunhada pelo Discharge em “Realities of War” e “Fight Back”, ambos EPs de 1980.

Os 17 Discos Essenciais Pra Conhecer o Punk e Hardcore Escandinavo

Hoje, apresentamos dezessete álbuns que marcaram essa cena que teve grande influência na música extrema, seja metálica ou punk, que estendeu seus tentáculos até a cena Hardcore nacional, gerando um intercâmbio musical interessantíssimo.

1) RIISTETYT: “Valtion vankina” (1982)

Representando a Finlândia, a banda Riistetyt que possuía uma sonoridade muito próxima à do histórico Discharge, sendo um dos pilares do D-beat e do Crust-Punk, inicia sua discografia com este “Valtion vankina”.

O disco abre com um cover para a histórica banda Varukers e sua agressiva “Protest And Survive”,  mostrando quais são as suas diretrizes dentro da cena escandinava, ao longo de vinte e dois assaltos furiosos: hardcore frenético, barulhento e agressivo, de clima apocalíptico e cantado em sua língua natal. Este álbum é um dos pilares do Hardcore escandinavo, sendo indiscutível sua presença nesta lista.

Confira também os álbuns “Skitsofrenia” (1983) e “Kuolonhymnejä” (2009).

2) RATTUS: “Uskonto on vaara” (1984)

Bebendo ainda mais intensamente na fonte do Discharge, a banda Rattus entrega nove socos musicais em pouco menos de quinze minutos neste “Uskonto on vaara”, seu mais emblemático lançamento.

E apesar das faixas não gastarem nem dois minutos, existe uma forma relativamente versátil (principalmente em algumas introduções e solos) de se exercitar esta agressividade inerente ao Hardcore escandinavo.

São furiosos, violentos e barulhentos, algumas vezes diretos demais em sua canalização de energia, noutras até mesmo dissonantes, mas existe algo a mais neste assalto rápido, mais ligado às emoções do que ao gênero praticado.

Confira também os álbuns “Rattus” (1984) e “Ihmiset on sairaita” (1985, EP).

3) KAAOS: “Ristiinnaulittu Kaaos” (1984)

Essa é banda é um dos pilares do Hardcore Escandinavo, ajudando a definir a estética peculiar deste gênero, na mais pura tradição e fascinação que o punk vigoroso e sistematicamente barulhento pode oferecer.

O diferencial destes finlandeses, estava na manuseio de um senso melódico diferenciado de seus pares, oriundo do flerte com o Hardcore clássico, além da inclusão de eco nos vocais, numa estética quase gótica em dado momento.

Mas nada que retire as visceralidade inerente a tudo que rondava a cena, principalmente pela produção suja que camufla estes pontuais artifícios. Ouça e reverencie um dos mais importantes nomes do Hardcore mundial.

Confira também o EP e “Totaalinen Kaaos” (1982)

4) TEERVEET KÄDET: “Black God” (1984)

Outra das pioneiras do Hardcore escandinavo, o Teerveet Kädet foi uma das primeiras bandas da Finlândia a explorar o gênero, de modo direto, rápido e até menos criativo nas estruturas, mas com muita força e agressividade, gerando alta energia pelo mínimo de diversidade o que muitas vezes incomoda alguns ouvidos numa primeira audição.

Mas, com o passar do tempo, as marcas de pedradas como “Ongelma”, “The Problem” e “Sniffin” massageiam nosso fascínio profano pelo barulho sistemático nos impelindo a ouvir mais, principalmente se for um entusiasta do grindcore, gênero tangenciado pelos vocais lunáticos de Läjä.

Confira também “The Horse” (1985) e o EP “Ääretön joulu” (1982)

5) LAMA: “Lama” (1982)

“Lama”, em finlandês, pode ser traduzido como “depressão” e é o termo utilizado para batizar mais um dos grandes nomes do Hardcore escandinavo. O Lama não se privava da perversão musical intermitente, com brutalidade, agressividade, velocidade e virulência, mas  incluindo a seu assalto musical sistemático um pouco mais de elementos musicais envolventes, em sua música furiosa, perpetuada em seu autointitulado álbum de 1982, por uma produção orgânica e limpa.

Confira também o EP “Väliaikainen” (1982), e o ao vivo “Tavastia” (2007)

6) SVART PARAD: “Sista kriget 1984-1986” (1997)

Abrimos o precedente de indicar uma coletânea de uma das bandas mais legais e relativamente obscuras da cena escandinava. De origem sueca, o Svart Parad durou apenas dois anos, de 1984 a 1986, e praticava uma versão totalmente pervertida do D-Beat, com vocais guturais e brutais que veríamos mais ajustados ao Death Metal, e de instrumental extremamente agressivo, antecipando o crust de nomes como Crude SS. Este material reúne os registros das três demos lançadas pela banda, além de algumas faixas que entrariam num split com com a banda  Kazjurol.

7) ASTA KASK: “Aldrig en LP” (1986)

Irônico já no título (que pode ser traduzido como “Nunca em LP”), este álbum reúne dezenove pedradas insanas entre material inédito e outras músicas pinçadas dos clássicos singles e EP’s da banda Asta Kask, que dizia nunca lançar um full lenght.

Extremamente rápidos e primitivos, estes suecos também sabiam dosar a melodia em suas composições diretas que mesclavam o tradicional punk rock com a aspereza do Hardcore, variando solos de guitarra incisivos e vocais rústicos que entoam letras irônicas em sua língua natal.

Confira também o EP “En tyst minut” (1983), e o ao vivo “Från andra sidan: Live” (1993)

8) MOB 47: “Mob 47 EP” (1984)

Formada em 1982 com o nome de Censur, alterado após a entrada do vocalista Mentis, a banda Mob 47 é uma das precursoras do primitivismo punk/hardcore nas fronteiras escandinavas, afinal, este grupo sueco esteve ao lado de lendas como Anti-Cimex e Kaaos, desde os primeiros acordes tortos.

Este é EP é, de longe, seu mais emblemático trabalho, com nove composições rápidas, cortantes e insanas misturando o melhor do D-Beat e a escola Hardcore norte americana. É possível ouvir ascendências de Discharge aqui e de D.R.I. acolá, entre o poderoso arsenal de riffs apresentado neste assalto hardcore de ferocidade desmedida.

Confira também os EPs “Sjuk värld” (1984), e “Dom Ljuger Igen” (2008)

9) SVART FRAMTID: “1984 EP” (1984)

Na ativa de 1982 a 1984, a banda Svart Framtid se tornou clássica dentro da cena norueguesa muito pelo EP “1984” que trazia a agressividade do Hardcore escandinavo, mas não somente isso. Amaciando um pouco esta violência musical a banda alternava velocidade e intensidade, tangenciando o punk mais clássico em alguns momentos. A banda finalizou as atividades no mesmo ano de lançamento deste EP, que atinge valores exorbitantes dentre os colecionadores. Após o fim das atividades seus membros orbitaram entre outras bandas e um deles tentou até mesmo a carreira de ator. Um marco do Punk escandinavo.

10) KLAMYDIA: “Los Celibatos” (1991)

Certamente com o nome mais feio da lista, a banda finlandesa Klamydia cativa pelo Punk Rock pujante, escrachado, bem humorado, sarcástico em suas críticas sociais e cheio de energia em álbuns sazonais, mas nivelados por cima. Dentre estes, é inevitável elevar o segundo álbum, de 1991, “Los Celibatos” com suas quase vinte faixas construídas sobre o melhor do oi/pop/punk, com destaque às linhas de baixo de Arto Laaksoharju. Divertido e conciso como o bom punk deve ser!

Confira também os álbuns “Älpee” (1990), e “Rujoa taidetta” (2009)

11) FORÇA MACABRA: “Nos Tumulos Abertos” (1995)

Sim, uma banda finlandesa que cantava em português. Pode soar estranho, mas este fato é reflexo das influências do Hardcore e do Thrash Metal brasileiro, absorvidas de bandas como Armagedom, Lobotomia, Ratos de Porão, Dorsal Atlântica, Overdose e Sarcófago, que tem seu ápice discográfico neste primeiro álbum, desenvolvendo treze pedradas estruturadas pela tradicional estética agressiva do Hardcore/Punk  em vinte e seis minutos.

É tosco, rústico, primitivo, e relativamente estranho, mas tem sua identidade. O próximo álbum completo só sairia em 2002, e a banda sofreria uma mutação em direção ao Crossover/Thrash. Mas, sem dúvidas este é um dos mais interessantes álbuns da cena Hardcore/Punk escandinava.

Confira também o split “Armagedom / Força Macabra” (1999), e  o EP “Punk a raiz de todo o mal” (2004)

12) ELECTRIC DEADS: “Anti-Sex” (1982)

Agora vamos para a gênese do Hardcore/Punk da Dinamarca, país tradicional dentro do Heavy Metal, com a banda Electric Deads, quarteto liderado por uma vocalista e que praticava os tradicionalismos rústicos e rápidos do gênero e ficou marcada por três EP’s praticamente esquecidos nos anos 1908. A banda foi redescoberta nos fim dos anos 1990 após figurar na clássica coletânea “Bloodstains Across Denmark” (que também trazia versões do Brat, que viria a se tornar o Mercyful Fate) com quatro faixas, sendo que duas delas foram retiradas deste primeiro e raro EP da banda.

Confira também os EP’s “Order” (1982), e  “Mind Bomb” (1983)

13) SKITSLICKERS: “Sprackta Snutskaller – GBG EP” (1982)

Um dos nomes mais obscuros da lista, essa banda sueca teve uma vida curta, rendendo apenas este EP, mas sendo um nome importante na consolidação do movimento Hardcore/Punk nas terras nórdicas, principalmente pelo excesso de agressividade e brutalidade. Uma banda que claramente se deleitava em perversões harmônicas. Sua insanidade era tão eficiente que fazia o assalto do D-Beat parecerem beijos de mãe! É possível escutar influências deste trabalho nas pedradas de grandes nomes da cena posteriormente.

14) ANTI-CIMEX: “Raped Ass” (1983)

Deixamos para o final três dos grandes clássicos da cena. O Anti-Cimex extrapola a cena escandinava, sendo uma das banda mais interessantes de Crust Punk/Hardcore da história, ao lado do Amebix e do Discharge.

Formada em 1981, na cidade sueca de Gotemburgo, tem no EP “Raped Ass” seu ápice da discografia que tem dois álbuns completos também altamente destacáveis. Todavia, a energia advinda da entropia causada pelo barulho e da fúria punk fazem destes menos de dez minutos, alguns dos mais caóticos e cativantes que a música já viu! Clássico!

Confira também o álbum “Scandinavian Jawbreaker” (1993), e o EP  “Victims of a Bomb Raid” (1983)

15) CRUDE S.S.: “Who’ll Survive” (1984)

É impossível falar da cena Punk/Hardcore escandinava nos anos 1980 sem citar essa banda, pois o Crude Society System é a epítome do Crust/Hardcore escandinavo, formada na Suécia.

A sigla S.S. chegou a enganosamente coloca-los dentro da cena Nazi-Punk, erro rapidamente superado através das letras engajadas de suas músicas rápidas e agressivas, barulhentas, tangenciando o D-Beat, seguindo junto ao Anti-Cimex na abordagem áspera e monocromática do Punk/Hardcore, apimentada com uma pitada de metal em certos momentos.

16) WOLFPACK: “Lycanthro Punk” (1997)

Hoje em dia, esta banda sueca atende pelo nome de Wolfbrigade para fugir da associação com o movimento neonazista sueco chamado de Wolfpack, mas seu legado permanece inalterado com ápice em três full lenghts irrepreensíveis, donde destaco este “Lycanthro Punk”, um típico álbum de crust-punk visceral, com tempero metálico, forjado por uma banda que traz na bagagem membros de bandas como Anti-Cimex, Obscure Infinity e Harlequin Band.

Confira também os álbuns “A New Dawn Fades” (1996) e “Allday Hell” (1999).

17) TOTALITÄR: “Luftslott” (1987)

E fechando nossa lista temos um dos maiores expoentes da fórmula escandinava de misturar o D-Beat com o Hardcore/Punk. O Totalitär surgiu na cena sueca entre 1984 e 1985 e manteve uma discografia com EP’s de respeito até sua primeira parada em 1994, quando foram convencidos a retornar pela gravadora e lançaram seu primeiro full lenght.

Desta primeira fase, o ápice, sem dúvidas é este EP de 1987, onde o peso e agressividade do híbrido de crust com hardcore old-school vem acompanhada de diversão e traquinagem, ao longo de sete predadas em doze minutos de pura perversão musical.

Confira também o álbum “Sin egen motståndare” (1994) e o EP “Multinationella mördare” (1987).

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