Death Metal | Qual Banda Criou o Metal da Morte?

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Qual banda criou o death metal? Esta é uma pergunta extremamente difícil de responder ao contrário da maioria dos afluentes do heavy metal. O death metal, se valendo de brutalidade em contraste com a harmonia musical, é um nicho do extremismo metálico que conseguiu unir como nunca visto antes, mensagens anti-religiosas, literárias, escatológicas, pútridas ou bélicas com trilha sonora perfeita para tais cenários.

O Death Metal tem como foco principal, desde seu advento, explorar temas incômodos, indo alem dos paradigmas pré-estabelecidos pelas convenções. A sonoridade sempre mostrou total indignação aos belos padrões musicais e sociais, sem que isso depreciasse o produto artístico final.

Death Metal - Qual Banda Criou o Metal da Morte Possessed Seven Churches

Qual Banda Criou o Death Metal?

Porém, como todo estilo musical, o death metal não começou a partir de um único nome e muito menos possui uma data de nascimento.

Foi uma revolução musical de jovens cheios de energia que queriam uma música mais pesada em todos os sentidos, tendo o Death transitado livremente dentre as mais diversas variações dentro do gênero, até atingir uma sonoridade sem precedentes, e na sua fase final era o expoente máximo do techincal death metal.

Mesmo assim, creio ser impossível estabelecer um criador para o death metal, pois ele foi um gênero desenvolvido por diversas bandas ao mesmo momento e catalisado no primeiro álbum da banda Death.

Aliás, o Death, liderado pelo gênio Chuck Schuldiner definiu as bases de todas as variações que o death metal experimenta até os dias de hoje.

Desta forma, o Possessed, ao meu ver, figuraria como um grupo que estabeleceu as bases do terreno onde seria erguido o death metal, ao lado do Hellhammer, do Celtic Frost, do Macabre e do Mantas, banda da qual emergiria o Death, a primeira que iria aglutinar todas as características daquilo que chamaríamos de death metal.

Ian Christe, no livro “Heavy Metal – A História Completa”, observa:

“Rascunhos brutos do death metal tinham sido rabiscados desde a aparição do Venom, em 1981, levando a uma fundação sólida no rock satânico mais habilidoso do Slayer e do Possessed. Em meados da década de 1980, ‘Death Metal’ foi uma uma música do Possessed e, numa compilação alemã de 1984, chamada ‘Death Metal’, tínhamos o mortífero Hellhammer em meio a um lamaçal de bandas europeias de speed metal.”

Tanto o Possessed quanto outras bandas ao redor do mundo orientaram sua música para uma fusão do thrash metal e do black metal da época, investindo em tempos ultra-rápidos, guitarras de afinação baixa e vocais guturais monstruosos.

“Cultivado em fitinhas demo imundas decoradas com esqueletos, sangue e tripas, os primeiros negociantes do death metal sugeriam o mapa da caça ao tesouro aos ouvintes,” registrou Ian Christe sobre essa contribuição global no nascimento do death metal.

Ele ainda deu uma lista de nomes, dentre eles, o Possessed, o Deathstrike (onde estava Paul Speckman, do Master), Sepultura e Sodom dentre os que estampavam essas fitas demo.

Até por isso, Jeff Becerra, vocalista e baixista do Possesssed, defende o ineditismo do extremismo que o Possessed mostrou antes mesmo do Death lançar seu basilar “Scream Bloody Gore” (1987):

“Acho que nós fizemos o som mais pesado e extremo que poderia existir naquela época. Até o nosso nome assustava. Quando Mike Torrao sugeriu Possessed, achamos perfeito. Queríamos apavorar os ouvintes, e ser a banda mais blasfema, satânica, e louca do mundo. Lembro-me de vários shows com dez, quinze pessoas nos assistindo com os olhos arregalados. A gente se divertia com aquilo.”

E ele continua a reflexão sobre a parcela do Possessed na gênese do death metal:

“O Possessed definitivamente foi um dos mentores do death metal. Nós, o Death, e algumas outras, criamos este estilo. Levamos o thrash metal a um nível acima de agressividade, bestialidade e blasfêmia”.

“Inspirados pela era ‘Show No Mercy’ do Slayer, o direcionamento brutal e primitivo do Possessed se provou fortemente influente para as legiões de de bandas gore e ‘satanistas’ que seguiram seus passos”, registrou Daniel Bukszpan no livro “The Encyclöpedia öf Heavy Metal”. 

E Bukszpan, na verbete do Possessed ainda registra que “Seven Churches”, o primeiro álbum da banda, “foi a apresentação do death metal para muita gente, e hoje existem muito que sustentam ele foi, de fato, o primeiro disco de death metal feito”. 

Para complicar ainda mais a história, Rino Gissi, em “Death By Metal: A História de Chuck Schuldiner e do Death”, revela uma conexão entre o Death e o Possessed:

“Schuldiner morou na casa de Krystal Mahoney, líder do fã-clube do Possessed, como records Becerra: ‘Escutei o Death pela primeira vez na casa de Krystal, vendo o Chuck tocar alguns riffs ao vivo. Eu não fazia ideia de quem era aquele cara da Florida e nunca tinha ouvido falar do Mantes. Ele estava usando uma camiseta do Possessed e me impressionou com o seu talento'”.

Além disso, as relações continuam, pois o produtor do primeiro disco do Death seria o mesmo que produziu “Seven Churches”, o primeiro disco do Possessed.

Por fim, chamamos o guitarrista Rick Rozz, que fundou o Mantas junto com Chuck Schuldiner:

“A cena do death metal nasceu em San Francisco com o Possessed, enquanto na Flórida ainda não acontecia nada. Nunca houve ua cena thrash na Flórida; o Savatage não fazia thrash, nem o Nasty Savage.”

O death metal, por definição, se vale de brutalidade em contraste com a harmonia musical, é um nicho do extremismo metálico que conseguiu unir como nunca visto antes, mensagens anti-religiosas, literárias, escatológicas, pútridas ou bélicas com trilha sonora perfeita para tais cenários.

De certa maneira, o Possessed em seu primeiro trabalho se encaixa em quase todos esses quesitos, mas não todos.

Desde as letras satânicas, até as fotos da contra capa com muito sangue, cruzes invertidas, estes caras despejaram uma muralha sonora cujo extremismo ia além do thrash metal, causando impacto na cena norte americana.

Isso, em 1985, era um feito impressionante, e o próprio vocalista Jeff Becerra é assertivo quando diz que “nós éramos muito satânicos e muito pesados para ser uma banda de thrash”. Mas também em 1985, mais precisamente em março, na Flórida, o Death gravava sua primeira demo tape com “Infernal Death”.

Na biografia de Chuck Schuldiner, escrita por Rino Gissi, ele chega a uma conclusão interessante:

“‘Reign In Blood’ e ‘Pleasure To Kill’, embora muito distintos quanto à produção, foram as bases do metal extremo e alguns jornalistas da época catalogaram essas obras como ‘death’, embora hoje em dia seja mais comum identificá-las como verdadeiras pérolas do thrash. Deste modo, é difícil estabelecer um ponto de partida absolutamente preciso para o death metal, até porque o tempo redefine conceitos. O Possessed sem dúvida tinha um toque blasfemo e violento e ‘Seven Churches’ foi um álbum que certamente inspirou Schuldiner. Hoje podemos afirmar que, de certa forma, os caras de San Francisco que deram o pontapé inicial no death, posteriormente codificado por ‘Scream Bloody Gore””

E você? O que pensa disso?

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