The Dead Daisies – “Holy Ground” (2021) | Resenha

 

“Holy Ground” é o aguardado quinto álbum de estúdio da banda The Dead Daisies, não só pela franca evolução musical, mas principalmente pelas substanciais mudanças na formação desde o ótimo “Burn It Down” (2018).

The Dead Daisies - Holy Ground (2021, Shinigami Records, SPV Steamhammer)

O Dead Daisies trabalhou arduamente em sua discografia. Foram quatro discos de estúdios em cinco anos e mais um disco ao vivo que fizeram dela a banda mais instigante do hard rock tipicamente norte-americano na atualidade.

Com seu quarto disco de estúdio, ” Burn It Down” (2018), a banda mostrou que estava iniciando uma nova fase em sua carreira, apresentando uma sonoridade mais suja, libertina e despojada.

Naquele disco, o Dead Daisies abraçou uma sonoridade vintage dentro de seu hard rock moderno, invocando memórias de bandas diferentes do classic rock, numa vibe  mais áspera, sóbria, e grave, como se inspirada mais na crueza e melodia dos anos 1970 do que na magia afetada dos anos 1980.

Iam do Deep Purple ao Rolling Stones, ou do James Gang ao Van Halen, passando por Beatles, Black Sabbath, Aerosmith e até mesmo algo de Blackfoot, de uma forma natural, sem mimetismos, e com autoridade.

Essa é um observação importante para percebermos que aquilo que ouvimos em “Holy Ground” é uma evolução natural do que foi inciado em “Burn It Down”, e não está influenciado, apesar de transformado, pela entrada de Glenn Hughes no lugar de Jon Corabi.

Nesta observação reside um ponto crucial de “Holy Ground”.

A a voz “curtida em álcool e tabaco” de Corabi, dava uma personalidade ainda mais libertina e despojada à proposta musical que o Dead Daisies construía e sua saída, de fato, representou uma ruptura.

Glenn Hughes dispensa apresentações e defesas, e poucos conhecem de classic rock como ele, mas é fato que tudo o que ele toca é afetado musicalmente por sua personalidade artística forte.

E nesta nova formação do The Dead Daisies ele substitui também o baixista Marco Mendoza, imprimindo ainda mais sua marca e estilo, mesmo que tenha a seu lado músicos de personalidade forte como o guitarrista Doug Aldrich e o baterista Deen Castronovo (que já foi substituído por Tommy Clufetos).

Enfim, eu confesso que tinha receio dele transformar a música do Dead Daisies e depois cair fora deixando o estrago para trás nas mãos do dono da banda, o guitarrista David Lowy.

Dizer que tudo está como antes em “Holy Ground” é mentir descaradamente.

É um bom disco? Não. É um disco excelente! Mas diferente do Dead Daisies que conhecemos.

“Holy Ground” foi gravado na França e produzido por Ben Grosse no La Fabrique Studio, sendo que o peso, a adrenalina e a intensidade de antes estão aqui, mas trabalhadas de uma forma diferente.

Digamos que esse disco é uma continuidade mais groovada daquilo que ouvimos em “Burn it Down”, aditivada pela energia soul/funk que acompanha Glenn Hughes onde quer que ele vá e encorpada pelo ótimo trabalho em estúdio que deixou tudo brilhante e límpido.

A química funcionou muito bem. A energia rítmica de Hughes deu um sustentação mais explosiva e vibrante às linhas de guitarras incisivas e cortantes de Aldrich, que se desdobram no espectro entre o heavy rock setentista e o blues rock de personalidade sulista.

Por outro lado, apesar dos ótimos discos lançados, o Dead Daisies está cada vez mais se tornando um projeto de David Lowy (como o dono de um time que contrata o melhores jogadores para cada temporada) do que uma banda propriamente dita.

Os destaques de “Holy Ground”? Anota aí: “Holy Ground (Shake Your Memory)”, com um ótimo refrão; “Like No Other (Bassline)” com seu groove contagiante e direito a solo de baixo; “My Fate”, equilibrando bem peso e melodia; “Chosen and Justify” usando e abusando dos cânones do classic rock; “Unspoken” e sua abertura explosiva; e o cover para “30 Days In The Hole”, um clássico do Humble Pie.

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2 comentários em “The Dead Daisies – “Holy Ground” (2021) | Resenha”

  1. Marcelo Lopes Vieira

    Se você curte o trabalho do Glenn Hughes pode ouvir este novo do Dead Daisies sem medo! Depois me conta o que acho do disco. Abraços!

  2. Gostava demais do Dead com o Corabi e Mendonza mas sou fã demais do Glenn Hughes!!! Vou curtir esse novo trabalho com certeza!!

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