The Claypool Lennon Delirium – “Monolith of Phobos” (2016) | Resenha

 

“Monolith of Phobos” é o primeiro álbum de estúdio de Claypool Lennon Delirium, composto pelos multi-instrumentistas americanos Sean Lennon e Les Claypool, do Primus, lançado em 3 de junho de 2016 pelo selo ATO Records e auto-produzido pela dupla que no estúdio é acompanhada pelo baterista Paulo Baldi e pelo tecladista Money Mark.

The Claypool Lennon Delirium

Acredito que Sean Lennon tem uma das missões mais complicadas dentro da música pop. Afinal, muitos esperavam que ele seguisse o padrão genial de seu pai, John Lennon, uma das personas mais influentes da cultura pop do século XX. Todavia, Sean partiu para uma faceta mais exploratória dentro da música, sem se sobrecarregar com a impossibilidade de ser tão influente (o que não tem ligação com a genialidade do rebento Lennon) quanto seu pai e, acreditem, tem mostrado bons trabalhos dentro do que se propõe a fazer: música diferenciada não indicada a muitos ouvidos mais quadrados.

Nesta nova empreitada, se uniu ao virtuoso e excêntrico baixista Les Claypool, líder do Primus, e metade do sensacional Duo de Twang, para dar vida a um dos seus melhores trabalhos, “Monolith of Phobos” (2016), sob a alcunha de The Claypool Lennon Delirium, via ATO Records. Segundo Claypool, “Sean é um mutante musical, definitivamente refletindo sua genética, não somente a sensibilidade de seu pai, mas também a perspectiva abstrata de sua mãe”. Nada é melhor para descrever este álbum do que esta observação do também genial Claypool, pois se Sean é o cérebro excêntrico que se utilizada de um espectro abrangente de instrumentos musicais para pintar suas composições, em contrapartida, o baixo de Les é o coração pulsante que dá vida e dinamismo às composições.

A faixa-título abre o trabalho numa mistura da psicodelia floydiana elevada n-ésima potência de viagem musical, com detalhes tão instigantes quanto imprevisíveis. Estas características se repetirão ao longo de álbum, mas por formas diferentes nos arranjos vívidos e de sagacidade musical latente, mas sem soar pretensiosos. Além disso, mesmo com originalidade indiscutível, é possível saborear elementos de Frank Zappa, Pink Floyd, The Beatles, Primus e até pinceladas de Tchaikovsky na lúdica segunda parte de “Cricket and the Genie”.

Existem momentos musicais mais abstratos em alguns andamentos e mais evidenciados na faixa derradeira “There’s No Underwear In Space”, uma balada instrumental lisérgica, sóbria e melancólica. Todavia, ao contrário do que possa parecer, o delírio musical de Lennon e Claypool é, em sua maioria, bem palatável e nunca perde o sentido, principalmente em faixas com o DNA de Claypool (como “Captain Lariat”“Ohmerica”), ou naquelas alicerçadas num groove rústico em meio a guitarras febris e oscilantes (como em “Mr. Wright”“Breath of a Salesman”).

Digamos que a primeira parte de “Cricket and the Genie” é a faixa mais “musical” do álbum – claramente o maior destaque junto a “Boomerang Baby”“Bubbles Burst”-, delineada pelo baixo multifacetado de Les, vocais de Sean remetendo a John Lennon e andamentos que lembram nomes como Ghost e Witchcraft em alguns momentos.

Vale destacar que Sean tocou todos os instrumentos além do baixo de Claypool, que ainda contribuiu com algumas linhas vocais, forjando um rock que varia do puro ao alternativo, com transições fluidas e de múltiplas texturas, efeitos psicodélicos, mas sem o excesso de cores musicais. Ou seja, é rusticamente lisérgico, de uma forma jazzística mais sombria, melancólica e ludicamente sóbria e com versos surreais.

Absurdamente bom!

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