Anvil – Resenha de “Anvil Is Anvil” (2016)

 

O Anvil dá mais uma prova de que conseguiu envelhecer com dignidade, não somente ao que tange sua música pesada, mas também ao que diz respeito à aceitação dos tempos modernos!

Seu décimo sexto álbum de estúdio chega, após um financiamento via crowdfunding, com um título tradicional aos padrões da banda canadense e refletindo exatamente o que é a essência do álbum: um amálgama de auto-referências!

Longe disso ser um problema, as canções transpiram honestidade e a técnica instrumental está muito bem desenvolvida em linhas de guitarra fluidas, cavalares e inspiradas, além do alicerce musical pesado, engrandecido pela desenvolta performance do baixista Chris Robertson, que entrou na banda em 2014.

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Anvil, “Anvil Is Anvil” (2016, Steamhammer, Shinigami Records)

Falar da performance brutal de Robb Reiner é chover no molhado, afinal o cara é a verdadeira coluna estrutural do peso presente na discografia da banda.

A cadência do hinário bucaneiro dá as caras na abertura “Daggers and Run” (um respiro de originalidade dentro do álbum e que obviamente versa sobre piratas) e no desfecho com “Forgive Don’t Forget”, com guitarras ferozes, versos imperativos e cozinha pulsante, em andamentos variados.

Estas faixas refletem um detalhe que permeia sutilmente as demais: os arranjos usuais ao Power Metal tradicional convivem com arranjos levemente festeiros.

A energia que transborda em cada andamento, em cada acorde, é impressionante por sua naturalidade e, quiçá, seja sem paralelo no Heavy Metal atual, totalmente transmutada das guitarras potentes e trovejantes que despejam riffs e solos viscerais.

Segundo Lips, “basicamente estamos dizendo que não iremos mudar. Somos o que somos e estamos satisfeitos com isso”.

Garanto que faixas como “Up, Down, Sideways” (atenção às linhas de baixo desta música!), “Fire On The Highway”  (poderosa e sincopada), “Run Like Hell” (com senso melódico tipicamente alemão), que trazem o clima power/speed metal à tona com muita competência e energia, irão deixá-lo satisfeito também.

“Gun Control” apresenta, além de um alerta social em seus versos, uma pegada hard/stoner/vintage, bem na linha do que as bandas modernas estão praticando, mas injetadas de mais testosterona musical, advinda de influências de Rage e Motorhead, enquanto “Ambushed” tem uma pegada mais Hard N’ Roll.

E por falar em Motorhead,  “Runaway Train”  (que lembra um pouco a fase noventista do Anvil) e “It’s Your Move” são referências diretas à trupe de Lemmy, enquanto “Die For A Lie” (mais oitentista e “religiosa”) é um arrasa-quarteirão aos moldes do clássico Heavy Metal canadense: rápida, pujante e certeira!

Como destaque final, “Zombie Apocalipse” é arrastada e perigosa como uma ataque inesperado, com paradinhas mortais e bateria avassaladora.

Um álbum de heavy metal puro, feito por uma banda honesta e de coração metálico, para quem sente o sangue ferver com riffs pulsantes.

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