Amorphis – “Live At Helsinki Ice Hall” (2021) | Resenha

 

“Live At Helsinki Ice Hall” é um disco ao vivo da banda finlandesa Amorphis, gravado em dezembro de 2019, lançado em 2021, e que chega ao Brasil pela parceria entre os selos Nuclear Blast e Shinigami Records.

Amorphis - Live At Helsinki Ice Hall resenha review Shinigami Records Nuclear Blast

O Amorphis é uma das bandas que detém uma das personalidades mais reconhecíveis no meio heavy metal na atualidade, cunhada numa das maiores metamorfoses sonoras vistas ao longo da carreira  de uma banda de heavy metal.

Essa musicalidade tão própria e cativante foi forjada e refinada ao longo de mais de três décadas de uma inquietude musical, e todos os seus discos são tão diferentes quanto marcantes pela identidade sonora contida nas diversas formas que a banda imprimiu sua fusão de metal, folk e progressivo.

Sem apego a rótulos e muito menos a seus cânones, o Amorphis deu aos seus fãs uma constante viagem musical que se expandiu em experimentações e posteriormente se contraiu numa personalidade própria amadurecida pelo que de melhor experienciaram.

Essa história musical está muito bem resumida nas quinze faixas que completam o repertório deste “Live At Helsinki Ice Hall”, o registro de um dos últimos shows que o Amorphis fez antes do início da pandemia no início de 2020.

O clima do material é de celebração, afinal o Amorphis estava fazendo um show num local simbólico para o rock/metal na Finlândia, na cidade natal da banda, Helsinki.

O Helsinki Ice Hall é o mesmo local onde os músicos do Amorphis assistiram shows de Deep Purple, Iron Maiden e Metallica, nos anos 1980, e onde eles sempre sonharam em tocar. Isso aconteceu no último show da turnê de “Queen of Time” na Finlândia.

O único problema destas circunstâncias é que o vocalista se comunica com o público apenas em finlandês, tornando impossível compreender o que é dito.

Nesse clima, a jornada que o Amorphis guia nossos ouvidos pelo metal à moda escandinava, vai da exploração folk no metal extremo de “Into Hiding”, passando por experimentalismo, abordagens alternativas e as evoluções progressivas dos últimos discos, como nas ótimas “Sampo” (uma das melhores músicas da banda), “Silver Bride”, “Bad Blood” (que refrão tem essa música) e “The Four Wise Ones” (dando um clima sombrio ao show).

Obviamente, temos várias faixas de “Queen of Time”, o último disco da banda e que era trabalhado na turnê deste show. A abertura inclusive é feita com “The Bee” uma das músicas de divulgação (que funcionou até melhor ao vivo do que em estúdio) e “Heart of the Giant” (um prog metal que ganhou ainda mais vida).

Ainda de “Queen of Time” teremos “Wrong Direction”, “Daughter of Hate” (encerrando a primeira parte do show), “Pyres on the Coast” e “The Golden Elk”, ambas que não fazem feio espremidas em meio aos clássicos da segunda metade do show.

Aliás, o grande momento do show está na segunda metade, onde podemos ouvir interpretações amadurecidas e vívidas de “Against Windows” (essa música é perfeita e na voz de Tomi Joutsen ficou ainda melhor), “My Kentele” (outra das mais brilhantes músicas do Amorphis), “Black Winter Day” (eternamente minha música favorita do Amorphis) e “House of Sleep”.

A organicidade da captação deu um tom de honestidade ao som que está muito bem mixado e masterizado, gerando um resultado além do satisfatório para um disco ao vivo de uma banda com tamanha personalidade e complexidade musical.

Muito disto vem da performance dos músicos que deixam as digitais progressivas da música do Amorphis ainda mais pronunciadas, pela capacidade técnica empregada, mas sem inorar o fato de que esta é uma banda moderna.

Além das guitarras marcantes de Esa Holopainen e Tomi Koivusaari, os vocais de Tomi Joutsen chamam a atenção pela energia e versatilidade que ele emprega, tanto nas linhas mais agressivas, quanto nas mais sutis. Isso permite que ele transite de forma consistente nas composições de todas as fases do Amorphis, além de ser um ótimo frontman.

Faltou um DVD? Sim, pois já faz dez anos do lançamento de “Forging the Land of Thousand Lakes”! 

Mas, ao mesmo tempo, “Live At Helsinki Ice Hall” é um disco ao vivo que se faz sozinho e junto a outros virarão símbolos de uma época em que ficamos impedidos de ir a shows.

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