White Stones – Resenha de “Kuarahy” (2020)

 

“Kuarahy” é o primeiro álbum da banda espanhola de prog/death metal White Stones, um projeto paralelo do baixista uruguaio naturalizado sueco e que mora na Espanha, Martín Mendez, do Opeth.

O projeto teve início na pausa que o Opeth fez após a turnê do espetacular “Sorceress” (2016), com Mendez buscando o processo de composição para relaxar e explorar suas raízes musicas no death metal.

As músicas começaram a tomar forma quando Mendez convidou seu amigo Eloi Boucherie, proprietário do estúdio Farm Of Sounds e vocalista da banda catalã de death metal Vidres a la Sang, para fazer os vocais.

Para completar o time Mendez trouxe Jordi Farré, também da banda Vidres a la Sang, mas gravou todas as linhas de guitarra e baixo para o álbum, exceto os solos, para os quais chamou alguns amigos ilustres como Frederik Akesson, do Opeth, e Per Eriksson do Katatonia e do Bloodbath.

White Stones - Kuahary (2020, Nuclear Blast, Shinigami Records)
White Stones – “Kuahary” (2020, Nuclear Blast, Shinigami Records)

Até por isso, as comparações com o Opeth são inevitáveis, mas desencaixadas se você pensar na fase atual da banda sueca.

Afinal, o assunto aqui é mais próximo ao death metal!

Com ousadia progressiva, groovy moderno, mas espírito old-school nas composições cruas, diretas e sem digressões complexas, apesar das belas construções melódicas das guitarras.

Entretanto, alguns movimentos de “Drowned in Time” (com as melhores guitarras do disco), “Infected Soul” (a mais longa faixa do disco) e “Rusty Shell” vagamente irão lembrar os modos de composição do Opeth, presentes em discos como “Morningrise” (1996), “Deliverance” (2002) e “Ghost Reveries” (2005).

Ou seja, a musicalidade aqui é bem mais brutal que a do Opeth atual, porém não tão brilhante nos desdobramentos progressivos, isso é verdade (“Ashes” e “Taste of Blood” são casos onde isso fica claro, pois são as mais fraca do disco).

O que não significa que não tenhamos bons momentos dentro dessa proposta mais direta e pesada.

“Worms”, por exemplo, se destaca pelo atrito entre peso primitivo e clima atmosférico profundo, sobre uma estrutura progressiva.

Já “The One” chama a atenção pelo ótimo trabalho das guitarras nos riffs groovados e nos solos, enquanto “Guyra” se apresenta como a mais progressiva e uma das melhores do disco ao lado das já citadas “Rusty Shell” e “Infested Soul”.

As letras variam de temas sociais e políticos a conflitos internos, cabendo interpretações múltiplas por parte do ouvinte, assim como o título do álbum que significa “sol” na língua guarani.

No geral, “Kuarahy” agrada muito, ao mesmo tempo que deixa espaço para maturação da fórmula construída sobre riffs pesados, andamentos lentos e climas que conferem tridimensionalidade aos aspectos old-school de seu death metal.

Mendez já declarou que enxerga o White Stones como uma banda e não como um projeto, deixando explícito o desejo de lançar mais discos e até mesmo fazer alguns shows.

Embora não esteja pareado aos clássicos do death metal progressivo, “Kuarahy” pode agradar muito os fãs do gênero, podendo ser o início de um nome promissor do segmento.

Por fim, cabe mencionar que disco foi lançado no Brasil via Shinigami Records, e certamente vai aplacar um pouco da sede daqueles que não são saciados pelos discos da última década do Opeth.

FAIXAS:

1. Kuarahy
2. Rusty Shell
3. Worms
4. Drowned In Time
5. The One
6. Guyra
7. Ashes
8. Infected Soul
9. Taste Of Blood
10. Jasy

FORMAÇÃO

Martin Méndez »» Baixo & Guitarra
Eloi Boucherie »» Vocal
Jordi Farré »» Bateria

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