“Radical Waves” é o primeiro álbum da banda islandesa de stoner rock Volcanova, lançado em 2020 pelo selo The Sign Records. No Brasil, o disco chegou através do selo Hellion Records.
O Volcanova é um trio formado em Reykjavík, pelo baterista e vocalista Dagur, o guitarrista e vocalista Sammi e o baixista e vocalista Steini. Um trio na tradição determinada e enérgica dos power trios históricos e que se dedica a uma forma interessante do stoner/sludge/doom.
Nesse sentido, a banda traz uma proposta clara: misturar aquela atitude proto-punk de garagem com a incisividade hard rock da velha escola, dando foco no groove, no peso e na criação dos riffs provocativos, se encaixando nas formas modernas do stoner rock, inspirada tanto por Black Sabbath (confessada já na abertura com “Welcome”) e Stooges, quanto por Kyuss e Corrosion of Conformity.
Ou seja, não existe segredo na sonoridade do trio que não seja a energia, personalidade e força em sua manjada fusão de desert rock e proto-heavy metal, com muita força e vitalidade, usando a bateria como firme sustentáculo das harmonias e o baixo mostrando versatilidade, ora dobrando as guitarras ou preenchendo seus espaços, ora tomando para si o protagonismo nos arranjos.
Misturando a todo esse classicismo, ainda existem remissões claras às encarnações modernas do stoner rock, o que afastou um pouco o mofo musical vintage, resultando numa fórmula musical bem ajambrada e nada datada, similar ao que fazem contemporâneos como Mastodon, Audrey Horne, Clutch, The Sword e, obviamente, os conterrâneos do Vintage Caravan.
Não espere originalidade, pois eles transitam nos mesmos simples mimetismos da cena stoner rock atual. O grande trunfo de “Radical Waves” está no senso de diversão estampado na ótima capa e que transpira pelos solos harmônicos e nos vocais bem encaixados.
Nesse sentido, podemos destacar faixas como “Welcome” (colocando todas as influências do Black Sabbath na mesa); “Where’s the Time” (com o clima desértico do Kyuss e do Fu Manchu); “I’m Off” (com uma determinação quase heavy metal); “Stoneman Snowman” (aproxima a visceralidade punk do seu stoner do senso de jam session do southern rock); “Sushi Sam” (é tão direta e simples que se torna o melhor momento do disco); e “Lights”, que mostra uma banda atualizada com as formas do indie rock.
“Radical Waves”, primeiro disco do Volcanova, chegou em 2020 com dez músicas trabalhadas de meados de 2017 até 2018, quando entraram em estúdio para registrar suas composições, num num demorado trabalho em estúdio, realizado no Studio Helviti liderado por Helgi Durhuus, que produziu e mixou tudo, exceto a faixa “Mountain”.
Uma produção que manteve muito bem a organicidade da proposta da banda e forneceu mais visceralidade ao lado roqueiro e muito honestidade no que tange aos timbres valvulados da proposta, imprimindo a dose exata de sujeira e crueza ao arranjos.
Portanto, “Radical Waves” é um cartão de visitas energético do Volcanova, que mostra consistência e perspectiva, longe de soar monótono por ser retrô!
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