Visions of Atlantis – Resenha de “The Deep and the Dark” (2018)

 

Visions of Atlantis The Deeper and the Dark
Visions of Atlantis – “The Deep and the Dark” (2018, Hellion Records) NOTA:8,5

Gustav Mahler. Franz Schubert. Johann Strauss. Joseph Haydn. Wolfgang Amadeus Mozart.

Uma lista de peso dentro da música erudita, que além do talento e maestria, também compartilham a nacionalidade austríaca.

Ou seja, a tradição da Áustria  na música de apelo sinfônico e operístico é incalculável.

Claro que naqueles tempos a geografia era outra, mas, sem dúvidas, podemos dizer que a banda austríaca Visions of Atlantis tenta trazer todo esse legado musical para a modernidade.

Fundada exatamente no ano 2000, a banda tinha como objetivo inicial trabalhar conceitos de fantasia e mitos clássicos por um heavy metal dotado de melodias virtuosas e movimentos sinfônicos bombásticos.

Desde sua gênese, o Visions of Atlantis pereceu com mudanças constantes de formação, dificilmente mantendo a estabilidade por dois discos seguidos.

Nesse panorama, “The Deep and the Dark” chega como o sexto álbum da carreira e primeiro com a vocalista Clémentine Delauney (Exit Eden, e que apareceu recentemente nos trabalhos do Hansen & Friends).

Na verdade, de “Ethera” (2013), álbum anterior, somente o baterista e fundador Thomas Caser permanece.

E o Visions of Atlantis nos oferece mais uma parcela de sua poderosa aventura musical com sabor de fantasia literária e clima de trilha sonora de um épico místico.

“The Deep and the Dark” traz um heavy metal sinfônico e melódico, construído sobre as bases mais tradicionais da abordagem e com produção precisa para destacar todas as suas virtudes: belíssimos arranjos sinfônicos, passagens climáticas, épicas e dramáticas, além de um bem-vindo acento hard rock que deixa tudo mais acessível.

É fato que Clémentine Delauney deu uma renovada na dinâmica da sonoridade da banda, sendo o fator que ainda cativa dentro de uma fórmula desgastada.

Sua técnica e talento permitem que ela transite com maestria e fluidez dos ganchos pop ao mezzo soprano, mostrando uma amplitude vocal impressionante.

Justamente por aí o Visions of Atlantis ganhou em termos de envolvência, usando esta versatilidade para criar passagens mais acessíveis, mesmo com estruturação complexa no geral, que oxigenam o metal sinfônico, principalmente no contraste com os vocais masculinos.

Isso e os estrategicamente dispostos modernismos, como muito bem fizeram em “Dead Reckoning”.

Aliás, os vocais masculinos são limpos, fugindo da estética gótica noventista, e dando um tom dramático ao trabalho de vozes da banda, invocando mais os maneirismos vocais do power metal (“Words of War” é prova disso) do que do metal extremo, como já podemos conferir na segunda faixa, “Returno to Lemuria”. 

Ok! Esta segunda faixa não é das melhores do álbum, apesar das melodias “grudentas” e do virtuoso solo de teclados.

São melhores exemplos de como as duas vozes funciona bem faixas como “Ritual Night” (com instrumentação belíssima), “The Silent Mutiny” (faixa empolgante, quiçá, a melhor do álbum), “Book of Nature”, e a já citada faixa-título, que lançam mão de ganchos melódicos saborosos em meio bombásticos aspectos sinfônicos, se aproximando dos meios mais comerciais do heavy metal já na primeira metade do trabalho.

Por este prisma, não seria exagero dizer que o Vision of Atlantis de “The Deep and the Dark” soa mais próximo do Within Temptation e do Nightwish, do que do Edenbridge ou do After Forever, explorando até mesmo um número maior de baladas que o seu usual, um terreno que a banda ganha menos pontos.

Destaque também ao trabalho de guitarras, que nos agraciam com belos solos, além de ser o elemento que finca a bandeira do heavy metal em “The Deep and the Dark” – como feito em “The Grand Illusion”-, um disco que usa e abusa da mistura de aspectos sinfônicos e progressivos, mas sem perder a adrenalina e a grandiloquência melódica.

Duvido muito que se você não gosta de metal sinfônico será com “The Deep and the Dark” que mudará de ideia, mas, caso contrário, se a pompa sinfônica e o sabor de fantasia e mitologia dos arranjos te agrada em meio ao hard rock/heavy metal, então pode conferir o disco sem medo, pois a satisfação é garantida. Tem até uma pitada de “açúcar pop” pra quem tem saudades do Nightwish da fase “Once”.

TRACKLIST

1 The Deep & the Dark
2 Return to Lemuria
3 Ritual Night
4 The Silent Mutiny
5 Book of Nature
6 The Last Home
7 The Grand Illusion
8 Dead Reckoning
9 Words of War
10 Prayer to the Lost

FORMAÇÃO

Mike Koren (baixo)
Christian Douscha (guitarra)
Thomas Caser (bateria)
Chris Kamper (teclados)
Siegfried Samer (vocais)
Clémentine Delauney (vocais)

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