Tuatha de Danann – “In Nomine Eireann” (2020) | Resenha

 

Se eu achava que “The Tribes of Witching Souls”, EP de 2019, podia ser encarado como um trabalho de transição na história da banda mineira Tuatha de Danann, é fato que “In Nomine Éireann”, novo trabalho, me faz crer que estão em uma nova fase de ouro da sua discografia.

Uma das pedras fundamentais do folk metal nacional, a Tuatha de Danann mergulhou na cultura musical irlandesa para conjurar um trabalho brilhante e digno de paralelos com seus grandes clássicos.

Tuatha de Dannan - In Nomine Eireann (2020, Heavy Metal Rock)

É fato que a banda liderada pelo multi-instrumentista Bruno Maia sempre usou o espírito celta como orientador de sua fórmula musical, criando seu próprio universo de forma particular.

O núcleo da Tuatha de Danann, hoje formado por Bruno Maia, Giovani Gomes e Edgard Britto, amadureceu sua musicalidade diferenciada e muito rica na exploração de sonoridades alheias aos cânones do heavy metal.

A relação da banda com a cultura celta já é própria das suas raízes, o que me faz pensar por que demoraram tanto para disponibilizar um material como esse de “In Nomine Éireann”?

Afinal, o disco reúne canções tradicionais irlandesas rearranjadas e readaptadas para sua a musicalidade híbrida com o heavy metal.

Bruno Maia foi muito feliz na seleção do repertório retirado do acervo musical tradicional da Irlanda.

Nada mais natural vindo de um conhecedor da arte celta, principalmente pelo trabalho com a banda Terror Celta, dedicada à música tradicional irlandesa ao lado de outros três músicos da Tuatha de Danann.

Quatro destaques imediatos do repertório são “The Wind That Shakes The Barley” (um prog/folk metal moderno, cheio de detalhes e nuances), “Molly Maguires” (com a participação de Keith Fay, do Cruachan, e peso bem controlado), “The Devil Drink Cider” (dramática, pesada e com teclados instigantes) e “Guns and Pikes” (um folk metal com velocidade e peso administrados para potencializar as melodias).

Nestas músicas, a Tuatha de Danann desenrola intrincadas melodias em instrumentos tradicionais e teclados, deixando o heavy metal como base de sustentação para as harmonias.

Apesar do papel coadjuvante da sonoridade metálica, devemos lembrar que isso se encaixa perfeitamente à proposta do disco, salientando ainda que o bom gosto serviu de equilíbrio para a fórmula, tirando qualquer saturação de tempero folk nestas canções.

Todavia, também devemos enaltecer as quatro faixas instrumentais do trabalho: “Nick Gwerk’s Jigs” (responsável por abrir o disco), “Moytura” (belíssima e com cara de trilha sonora),“The Master Reels” e “The Dream One Dreamt” (com passagens progressivas que dariam orgulho tanto ao Jethro Tull quanto ao Yes), todas mostrando a capacidade desta formação de enriquecer os aspectos rítmicos e acústicos da sua herança folk.

Além disso, podemos ver Bruno Maia dialogando com as músicas tradicionais, inserindo passagens e letras autorais entremeadas nas composições, o que gera um sentimento de contextualização e pertencimento desta músicas à obra da banda.

Eles até mesmo nos entregam faixas inéditas que se encaixam perfeitamente na proposta.

São os casos de “The Calling” (mostrando o amadurecimento dos músicos como compositores dentro de sua fórmula) e “King” (dona de linhas sinuosas e envolventes, sendo uma das melhores do repertório).

Cabe ainda menção à produção cristalina e orgânica que deu o poder certo para os timbres inerentes ao folk metal, além de definir perfeitamente cada instrumento. Ou seja, trabalho em estúdio primoroso para imprimir um disco que transborda bom gosto.

“In Nomine Éireann” foi lançado em CD-Digipack pelo selo Heavy Metal Rock e se você gosta de boa música, devia ir atrás urgentemente!

Leia Mais:

Sugestão de Livros:

Outros Artigos que Podem Ser do Seu Interesse:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *