Therion: “Leviathan” (2021) – Resenha

 

O Therion, nome responsável por levar a fusão de música clássica com heavy metal para um outro nível, apresenta “Leviathan”, seu décimo sétimo álbum de estúdio.

Nascido dentro do modos mais sombrios do metal extremo sueco, sem amarras e preconceitos o Therion evoluiu  sua música de modo imprevisível, por texturas góticas e imponência sinfônica.

Sempre liderada musical e intelectualmente pelo músico Christofer Johnsson a banda parece olhar novamente para sua obra do passado, deixando de lado a megalomania de “Beloved Antichrist” (2018), o anterior álbum triplo conceitual.

De certa forma, o Therion, que sempre esteve à frente de seu tempo, deu passo para trás e analisou melhor seu panorama musical, oferecendo seu mais cativante disco desde o ótimo “Gothic Kabbalah” (2007).

Isso porque nas suas onze composições “Leviathan” nos transporta novamente para as sonoridades desenvolvidas em momentos brilhantes de sua discografia, principalmente nos álbuns “Theli” (1996), “Vovin” (1998), “Deggial” (2000), “Lemuria” (2004), e “Sirius B” (2004).

Um impressão que vem pelos coros eruditos, os elementos orquestrais e os vocais femininos sobrepostos aos ensinamentos do metal oitentista de Iron Maiden, Accept, Manowar e Judas Priest, principalmente na construção dos riffs.

Chama a atenção em “Leviathan” a variedade de abordagens que se completam num todo pesado, melódico e erudito; sofisticado por definição.

Existem tons diferenciados, tempos variados e uma clara preocupação com detalhes, ao mesmo tempo que um calculado desejo de agradar os fãs.

Fãs que nunca esconderam a esperança pelo retorno ao caminho musical que criou uma imagética formada por orientalismos, simbologias, corais, passagens operísticas, e metal tradicional.

Ainda é incerto para mim se esta ruptura na crescente ousadia da musicalidade do Therion é reflexo da resposta ruim ao disco anterior, ou simplesmente um retorno para pegar um outro caminho musical.

A intenção declarada de Christofer Johnsson era dar aos fãs o disco do Therion que eles sempre pediram, capturando o espírito das suas canções mais populares e a essência de sua sonoridade clássica junto a letras envolvendo mitologia e esoterismo, além de um forte acento folk.

Ou seja, temos uma banda que olha para o próprio legado musical, dialogando com o passado sem a pretensão da transformação constante, apostando novamente em músicas diretas e com melodias envolventes.

Claro que falta a inspiração daqueles refrãos explosivos impressos em faixas como “To Mega Therion”, mas aquela aura mística e insinuante da fase “Lemuria”/“Sirius B” é perene ao longo de faixas que investem no espírito mais tradicional do heavy metal, em duetos de vozes masculinas e femininas e aspectos sinfônicos.

Ou seja, um atrito de contrastes criando muita energia através de uma estrutura musical melódica e épica, mas longe da megalomania e da pretensão.

Cabe mencionar que mesmo o álbum sendo produzido à distância em razão da pandemia, o trabalho em estúdio e a performance dos músicos são irrepreensíveis.

Destaques? Anota aí: “The Leaf on the Oak of Far”,”Leviathan”, “Die Wellen der Zeit”, “Eye of Algol”, “Nocturnal Light”, “Great Marquis of Hell”, ” Psalm of Retribution” e “Ten Courts of Diyu”.

Sim, quase o disco todo!

Pode até não ser o melhor disco da banda, mas creio que o Therion criou uma síntese introdutória perfeita para quem quiser conhecer sua musicalidade clássica.

Fica agora a questão: tendo Christofer Johnsson feito seu disco dos sonhos (“Beloved Antichrist”) e agora composto o disco que os fãs supostamente pediam, seria esse o último disco do Therion?

Leia Mais:

Sugestão de Livros:

Outros Artigos que Podem Ser do Seu Interesse:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *