Kentucky Headhunters – Resenha de “Live At The Ramblin’ Man Fair” (2019)

 

O Kentucky Headhunters é conhecido pelo southern rock guiado por riffs inpirados no blues e muito sentimento aliado à energia e  “Live At The Ramblin’ Man Fair”, como o próprio título adianta, traz um registro ao vivo da banda que, por décadas, se chamou Itchy Brothers  e nos anos 1980, após reformulações na formação, mudou seu nome inspirado pela banda de apoio de Muddy Waters, tendo lançado seu primeiro disco, “Pink”, em 1988, de forma independente.

The Kentucky Headhunters - Live At The Ramblin' Man Fair (2019)

Estas composições foram relançadas em “Pickin’ on Nashville” (1989), após assinarem com a Mercury Records, com mais algumas músicas, um disco que iniciava um legado controverso, pois mesclava elementos de hard rockheavy metal com a música country, algo que o Lynyrd Skynyrd fizera anos antes.

Hiatos e mudanças na formação não afetaram o ritmo dos lançamentos de estúdio ao longo das próximas duas décadas que assistiram a uma mudança de rumo na musicalidade da banda, em direção  a um rock n’ soul com espírito sulista e feeling do blues, algo bem impresso neste disco ao vivo

Aliás, a trinca de blues (formada por “Stumblin'”, “Shufflin’ Back to Memphis” e “Have You Ever Loved a Woman”) é um destaque à parte, com emoção, técnica e paixão em cima do palco, oscilando do boogie malicioso às cadencias guiadas por guitarras inspiradas, mais tarde completada por “Walking With That Wolf”, uma faixa que até lembra o ZZ Top.

Cabe ressaltar a captação excepcional, principalmente nas guitarras e no baixo, que sustentam as harmonias com tenacidade e groove. Algo perceptível desde abertura explosiva com “Big Boss Man”, que já coloca o público de joelhos, até o desfecho  apoteótico com sua releitura dilacerante de “Don’t Let Me Down”, dos Beatles, ao lado do Black Stone Cherry.

Existe uma força hard rock nos movimentos mais intensos, mas a timbragem rústica e os vocais carregam as marcas do southern rock, em faixas como “Ragtop”, “Wishin’ Well”, “My Daddy was a Milkman” (com direito a solo de bateria).

A produção foi inteligente ao manter os diálogos com a platéia, dando maior fluidez e naturalidade ao show, e vermos como a platéia responde.

O disco foi gravado no The Ramblin’ Man Fair, defronte vinte e cinco mil pessoas e é dedicado a Frances Johnson, Orville Almon, Dora Phelps e Nina Brown.

Como bônus temos três composições descobertas das sessões que deram origem ao clássico álbum “Meet Me In Bluesland”, ao lado do icônico bluesman Johnnie Johnson.

Imperdível! Um dos discos ao vivo do ano. Só não leva nota máxima por falta de um DVD!

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