Diamond Head – Resenha de “Lightning to the Nations 2020” (2020)

 

“Lightning to the Nations 2020” chega para comemorar as quatro décadas de um dos maiores clássicos da história do heavy metal: o primeiro álbum da banda Diamond Head.

Um relançamento de um clássico como esse, principalmente pelo fato da atual formação ter regravado todo o álbum, sempre traz consigo uma questão inquietante.

Existe a necessidade de mexer no “sagrado”?

Essa pergunta desperta debates, mas uma certeza reside no fato de que, assim como o Blitzkrieg fez com seu “A Time of Changes”, o Diamond Head tem todo o direito de fazer o que quiser com sua obra.

Mas vamos voltar no tempo e entender a história.

Diamond Head - Lightning to the Nations 2020 (Shinigami Rec)

Lançado no abrir das cortinas da década de 1980, “Lightning To The Nations” transpirava potencial metálico, aliando energia, peso, melodia, simplicidade e um pouco de modernidade, formando um conjunto audacioso de canções.

A impressão é que o Diamond Head seguia na contra-mão da influência musical do punk (como nos primeiros álbuns do Iron Maiden) e investiam em peso acelerado nas canções longas, quase como uma reencarnação de um nome da tríade sagrada Zeppelin-Sabbath-Purple, esperando por lapidação.

Imprimiram mais velocidade na cartilha do rock pesado ensinada na década anterior, mas a não suavização das arestas sonoras e a falta de orientação profissional fizeram o potencial da banda ser limado e se perder pelo caminho.

Porém, a familiaridade com canções do quilate de “Am I Evil”, “Helpless”, “The Prince” e “It’s Electric” é imediata devido às versões executadas pelo Metallica em suas visitas e revisitas à “garagem”.

Obviamente os registros perpetrados pelo Metallica de mais da metade das canções presentes em “Lightning To The Nations”, fez com que grande parte do trabalho se tornasse conhecido, mesmo poucos tendo contato com as versões originais do Diamond Head, um dos pilares da New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM).

Por sua vez, “Lightning to the Nations 2020” é uma reedição deste clássico repensada nos mínimos detalhes.

À começar pelo fato da formação atual ter regravado todo o disco com a tecnologia moderna, o que deu ainda mais poder de fogo a cada uma dessas músicas, principalmente a composições outrora coadjuvantes como “Lightning to th Nations”, “Sucking My Love” “Sweet and Innocent”.

Além disso, conta à favor da banda a maturidade adquirida nestes quarenta anos, ressaltando a habilidade, a técnica e os estratagemas que tornaram tudo ainda mais grandioso.

Ao contrário do que aconteceu em algumas regravações de clássicos, não estamos diante de um sacrilégio.

Muito pelo contrário!

A energia bruta permanece, mas revigorada, assim como a rebeldia juvenil foi equilibrada pela maturidade dos músicos.

Assim como no álbum anterior, o impactante “The Coffin Train”, a produção ficou à cargo do vocalista Rasmus Bom Andersen, que deu peso atualizado aos arranjos e se destacou também nos vocais com timbre lembrando muito o de Ozzy Osbourne.

Impressiona ver como sua voz se encaixou perfeitamente nas linhas originais destes clássicos, encharcados de emoção, potência e técnica, sendo um fator determinante para ajusta-los à contemporaneidade.

Isso pode ser conferido, principalmente, em “Helpless” e “Am I Evil” – duvido que alguém consiga estragar essa música!

Os acordes, riffs, solos e harmonias outrora desfilados em versões rústicas, são guiados pelo membro-fundador Brian Tatler ao lado de Andy Abberley, nos dando a impressão do que existia algo muito maior a ser explorado neste disco.

O Diamond Head foi além e registrou alguns covers interessantes para “Sinner” do Judas Priest, “Immigrant Song” do Led Zeppelin, “Rat Bat Blue” do Deep Purple e “No Remorse” do Metallica.

No que tange aos covers, “No Remorse” funcionou muito bem, assim como “Sinner”“Rat Bat Blue” (ainda melhor que a versão do Iron Maiden), enquanto “Immigrant Song”, aos meus ouvidos, não encaixou na voz de Rasmus.

Este lançamento veio reafirmar o fato de que “Lightning To The Nations” é uma das pedras fundamentais do heavy metal moderno. Afinal, soa vibrante, agressivo, técnico e nada anacrônico.

Se a moda pegar, seria interessante ouvir uma regravação dos debut albums de bandas como Angel Witch, Demon, Jaguar e Tysondog, dentre vários outros diamantes brutos da NWOBHM que podiam ser lapidados pela modernidade.

Aproveite que esse disco foi lançado no Brasil via Shinigami Records e vá atrás dele.

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