The Doors | A Banda de Rock que Incendiou os EUA nos Anos 1960

 

O Doors foi uma das bandas mais importantes da história do rock, isso ninguém discute, mesmo aqueles que não curtem as loucuras psicodélicas da banda de Jim Morrison. De fato, ele era a alma do Doors, mas seus demônios eram alimentados pela música sofisticada e viajante de Ray Manzareck, John Densmore e Robby Krieger, seus companheiros de banda.

O quarteto tinha uma essência especial e uma musicalidade diferenciada se comparado outros nomes importantes de sua época, como o Grateful Dead, Janis Joplin, Canned Heat e Jimi Hendrix.  Não melhor, nem pior, mas diferente. E muito desta diferença vinha da capacidade poética de Jim Morrison que era canalizada para as letras.

Além disso, os shows do Doors eram históricos. Afinal, dois deles nunca eram iguais. O imprevisível mandava e num deles Jim poderia apenas cantar as músicas, noutro improvisar poesias, fazer danças esquisitas, ou até mesmo fazer gestos obscenos para a plateia e ser preso no palco por desacato.

The Doors

O Nascimento do The Doors

A história do The Doors começa em 1964, quando Jim Morrison pede transferência para o departamento de artes cênicas do UCLA, onde também estava Ray Manzarek estudando cinema. Durante este período no UCLA, ele iria escrever letras e poemas que iriam aparecer nos dois primeiros discos do The Doors.

Ray e Jim já se conheciam (haviam tocado juntos no Rick & The Ravens numa festa de ginásio) quando se encontraram novamente na praia de Venice em agosto de 1965. O vocalista havia se bacharelado em junho daquele mesmo ano e estava morando em Venice no momento. E bastou Jim cantar a letra de “Moonlight Drive” para Ray insistir que os dois formassem uma banda que é instantaneamente batizada por Jim Morrison.

Por outro lado, em 1965, John Densmore e Robby Krieger começam a tocar juntos numa banda chamada Psychedelic Rangers. Em setembro daquele mesmo ano, Manzarek chama John Densmore para tocar bateria no recém-formado The Doors, que contavam ainda com os seus irmãos, Rick e Jim, além do próprio Jim Morrison.

Na verdade esta primeira formação era uma extensão do Rick & The Ravens, contando com os irmãos Manzarek (Rick, Ray e Jim), além de Jim Morrison, John Densmore e um baixista que mudava constantemente. Com este time entrariam no World Pacific Studios e registrariam uma demo-tape.

Em três horas de estúdio conseguem gravar seis músicas: “Moonlinght Driver”, “End of the Night”, “Hello, I Love You”, “Summer Almost Gone”, “My Eyes Have Seen You” e “Go Insane” (que se tornaria, mais tarde, “A Little Game”).

Com esta fita conseguiriam chamar a atenção da gravadora Columbia Records, que assina com a banda em outubro de 1966, um contrato de cinco anos e meio com a obrigação de lançar um single nos seis primeiros meses.

Em novembro de 1966, os irmãos Manzarek, Jim e Rick decidem deixar a banda, abrindo espaço para a chegada do guitarrista Robby Kriegger, irmão mais velho de John Densmore. O Doors, enfim, se restringia ao quarteto Jim Morrison (vocais), John Densmore (bateria), Robbie Krieger (guitarra) e Ray Manzarek (Fender Piano Bass).

Como nenhum baixista conseguia se encaixar na banda, Ray Manzarek começou a usar o Fender Piano Bass, e o Doors era a banda de rock que não tinha um baixista, e isso chamava a atenção.

The Doors, Uma Banda Incendiária nos Palcos

O primeiro show do The Doors aconteceu em janeiro de 1966, no London Fog, um dos clubes da época na Sunset Strip, e nesta início eles já estavam chamando a atenção pelos shows provocativos e incendiários.

Tanto que em abril de 1966, após perder o contrato com a Columbia por não entregar o single prometido, eles recebem um aviso prévio de uma semana no London Fog. Os empresários da casa de shows alegavam que eles incentivavam brigas na plateia.

Porém, no último show no London Fog eles foram vistos pelo agente de shows do Whisky A Go-Go, outra casa que os acolheu e ajudou a criar a reputação  do Doors, enquanto abriam para bandas como Love, The Mothers of Invention, Captain Beefheart, Buffalo Springfield, The Byrds, The Rasclas, The Animals e Paul Butterfield Blues Band.

Ali, no palco do Whisky A Go-Go, Jim Morrison criaria parte de “The End”, durante um improviso. Fatalmente os versos incestuosos levaram o proprietário da casa, Elmer Valentine, a despedir a banda por achar a letra muito profana.

Este seria um problema que acompanharia a banda ao longo de sua trajetória. Quando fossem para Nova York dali a alguns meses, teriam que fazer concessões sobre a letra de “Break on Through” que sofreria uma autocensura no palco. E isso era só o início!

Num dos primeiros shows após o lançamento do disco “Strange Days”, realizado na New Haven Arena, Jim Morrison era repreendido por um policial e já no palco, durante a performance de “Back Door Man”, ele narra o acontecido com obscenidades. O show é interrompido e Morrison se torna o primeiro rock star a ser preso em pleno palco durante uma apresentação. Anos mais tarde mais um show da banda teria a energia cortada sob a alegação de que estava demorando muito tempo.

Mais do que marketing para a banda numa época de contracultura estas ocorrências mostravam muito bem a diferença que Jim Morrison fazia no cenário musical.

De Onde Veio o Nome The Doors?

A sugestão de Jim Morrison para que banda se chamasse The Doors, veio de uma linha de um poema de William Blake: “Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito.”.

“Naquela época estávamos ingerindo muita química psicodélica, então as portas da percepção estavam limpas em nossas mentes, então nós vimos a música como um veículo para, em um senso, se tornar convertidos de uma nova religião, uma religião do próprio, de cada homem como Deus. Esta era a ideia original por trás do Doors, usando a música e as letras brilhantes de Jim”, contou Ray Manzarek.

A Maior Banda do Rock Norte-Americano nos Anos 1960

O Doors chegaria à Elektra Records, após o presidente da gravadora, Jac Holzman, assisti-los por indicação de Arthur Lee, do seminal Love.  O primeiro disco seria gravado em setembro de 1966, no Sunset Sound Recording Studios, ao lado do produtor Paul Rothchild e o engenheiro de som Bruce Botnick.

O auto-intitulado primeiro disco seria lançado em janeiro de 1967, seguido do single “Break on Through” / “End of the Night”. Após uma série de shows a gravadora aposta em “Light My Fire” como novo single, tendo “Crystal Ship” como lado B.

Com “Light My Fire” veio a explosão do Doors que chegou ao primeiro posto das paradas norte-americanas em 29 de julho de 1967, impulsionando o primeiro disco que ainda trazia as ótimas “Alabama Song (Whisky Bar)”, “The End” e “Take It as It Comes”.

E aproveitando o embalo a gravadora coloca o quarteto em estúdio novamente para aprontar o próximo disco. Por boa parte do segundo semestre daquele mesmo ano eles estariam trabalhando em “Strange Days”. Enquanto isso, a gravadora lança mais um single, agora para “People Are Strange” / “Unhappy Girl”.

Em 25 de setembro de 1967 o segundo disco, “Strange Days”, era lançado seguido do single de “Love Me Two Times”. O disco mostrava um The Doors mais sombrio, sinistro e ousado, lapidando melhor a essência primal do primeiro trabalho, como em clássicos do quilate “You’re Lost Little Girl”, “When the Music’s Over”, “My Eyes Have Seen You” “Moonlight Drive”, além dos singles “People Are Strange” e “Love Me Two Times”.

No início de 1968 os quatro são colocados em estúdio novamente, para começar a trabalhar em “Waiting For The Sun”, e em março já lançam o single “The Unknown Soldier / We Could Be So Good Together”, seguido de “Hello, I Love You/Love Street” que antecipam o lançamento do terceiro disco que deveria se chamar “Celebration of the Lizard”, mas foi vetado pela gravadora. “Waiting For The Sun” ainda trazia como destaques “Wintertime Love”, “We Could Be So Good Together” “Spanish Caravan”.

O Doors, em dois anos, se tornava a maior banda de rock dentro dos Estados Unidos em sua geração, já como headliner nos shows ao lado de nomes como Sttepenwolf e The Who. Com isso, e com o single de “Hello, I Love You” atingindo o número 1 nas paradas norte-americanas, os quatro embarcam para uma turnê européia ao lado do Jefferson Airplane.

Em outubro de 1968 já estavam de volta e preparando o próximo álbum no Elektra Studios. O próximo single foi para “Touch Me”\”Wild Child” e em 24 de janeiro de 1969 tocavam no Madison Square Garden, em Nova York, numa apresentação sold-out. Em fevereiro, mais um single era lançado, desta vez para “Wishful Sinful”\”Who Scared You”.

Porém, os problemas com Jim Morrison seguiam, e ele era preso constantemente, sob diferentes acusações. Em março de 1969, a cidade de Miami emitia uma procuração de prisão para ele, acusando-o de conduta má e obscena, exposição indecente, profanidade pública e bebedeira em público.

Até por isso, “The Soft Parade”, lançado em julho de 1969, era o disco mais fraco do The Doors, mesmo sendo o que levou mais tempo de trabalho (de julho de 1968 a maio de 1969). Naquela época, Jim Morrison usa o Elektra Studios para gravar vários de seus poemas sem o acompanhamento da banda e estréia como orador solo, lendo “An American Prayer” no Teatro Cinematheque em Los Angeles.

Nos shows desta turnê, além da participação no Seattle Pop Festival, ao lado do Led Zeppelin, do Santana e de Chucky Berry, o Doors registra alguns momentos para um futuro álbum ao vivo. Porém, era nítido que os excessos estavam começando a cobrar seu preço para Jim Morrison, que se tornara o inimigo público número um da conservadora sociedade norte-americana.

Tanto que em março de 1968, o vocalista era julgado culpado das acusações de interferência em um vôo de Los Angeles para Phoenix, e passaria três meses na cadeia. Ao sair, Jim Morrison vai passar férias em Paris com a esposa. Mas os problemas com as prisões do vocalista estavam longe de terminar e ele chega a afirmar que o show no Festival da Ilha de Wight de 1970 poderia ter sido sua última performance ao vivo.

Os caminhos escolhidos antes pelos outros integrantes os levaria novamente ao estúdio Sunset Sound para tentar resgatar a aura de seus três primeiros discos. Com esta proposta, “Morrison Hotel” era lançado em fevereiro de 1970, sustentado pelo single “You Make Me Real”\”Roadhouse Blues”.

Com a pausa nas atividades pelos problemas de Morrison, em julho daquele mesmo ano eles lançam “Absolutely Live”, disco ao vivo com gravações de concertos entre julho de 1969 e maio de 1970.

Mesmo com a condenação de seis meses de cadeia para Jim Morrison, com a apelação dos advogados da banda, os quatro rumam para o estúdio trabalhar em “LA Woman”, que seria lançado em 29 de abril de 1971. O primeiro single de “LA Woman” foi para “Love Her Madly” seguido de “Riders on the Storm”.

Entre dezembro de 1970 e janeiro de 1971 as sessões de gravação aconteceram sob a produção de Paul Rothchild e depois Bruce Botnick. Neste período de estúdio Jim Morrison gravaria várias de suas poesias que seriam lançadas mais tarde no disco “The American Prayer” (1978).

A Morte de Jim Morrison

A pressão social e a prisão iminente, aliados aos excessos de bebida e drogas, eram demais para Jim Morrison, que logo após as gravações de “LA Woman”, em janeiro de 1971, se mudaria para Paris com Pamela Courson. Seu último show com o Doors acontecera em dezembro de 1970, no Warehouse, de New Orleans.

No dia 03 de julho de 1971 Jim Morrison é encontrado morto na banheira do apartamento que estava dividindo com Pam Courson (que morreria em 1974, aparentemente de overdose de heroína), sendo enterrado no dia 08 daquele mesmo mês no cemitério Perelacheise, em Paris. Era o fim do The Doors?

The Doors Após a Morte de Jim Morrison

Um mês após a morte de Jim Morrison os três remanescentes começam a gravar um novo material, que seria lançado em outubro com o título “Other Voices” (1971), com os vocais de Robby Krieger e Ray Manzarek. Espantosamente, o material mostra muita qualidade, apesar de ignorado completamente.

Os três tentariam repetir a dose com “Full Circle”, em 1972, mas o simbolismo de Jim Morrison acabou se tornando maior do que o Doors e sua morte era sinônimo da morte da banda para o grande público.

Com isso, o Doors realizaria seu último show em 10 de setembro de 1972, no Hollywood Bowl, com abertura de Tim Buckley e tendo Frank Zappa como headliner. Eles até pensaram em achar um vocalista, mas a ideia foi sepultada no final de 1973. Era o fim do Doors!

Nos anos subsequentes teríamos várias coletâneas e sobras de estúdio lançadas, assim como livros e um excelente filme de Oliver Stone, trazendo Val Kilmer numa interpretação brilhante de Jim Morrison.

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