Surgical Strike – Resenha de “Part Of A Sick World” (2020)

 

“Part of a Sick World” é o primeiro álbum de estúdio da banda alemã de thrash metal Surgical Strike.

Fundada em 1993, a banda entrou num hiato em 1996, e nesse ínterim lançou duas demo tapes.

O retorno das atividades ocorreu em 2014 e esse primeiro disco só veio após mais de duas décadas e meia da função do Surgical Strike.

Surgical Strike - Part Of A Sick World

Todavia, a missão permanece a mesma de antes: misturar o thrash metal alemão e o norte-americano da forma mais rápida, pura, pesada e contestadora possível.

Com essa carta de intensões não nos surpreende ouvir uma forma híbrida entre a nostalgia e a modernidade do thrash metal, muito bem produzida, mas sem deixar de ser brutal, intenso e faminto.

O grande trunfo do Surgical Strike reside no fato de conseguir ser uma banda agressiva e extrema, mas também dona de musicalidade coesa, enquanto se divide por faixas rápidas ou de cadências pesadas.

Também temos aqueles riffs primitivos e aquelas paradinhas precisas e empolgantes, guitarras incisivas e carregadas de técnica e versatilidade, vocal que alia brutalidade e atitude,  além dos refrãos potentes.

As influências de Kreator e Destruction são notórias, assim como as do Exodus (nos vocais principalmente) e Megadeth, principalmente pela fúria primitiva e crua que inserem em faixas como “Failed State”, “Conspiracy”, “Below Zero” (com palhetadas mortais), “Lamb to the Slaughter” (com um groove empolgante no refrão), “Confrontation” “Sorrow of War” (uma das melhores!)

No geral, as faixas são diretas, onde as facetas climáticas e atmosféricas não possuem espaço, pois a ideia é ser brutal e virtuoso ao mesmo tempo.

Apesar de algumas incursões mais lentas, elas estão ali servindo como alívios dinâmicos ou abrindo caminho para a pauleira comer solta na sequência, com solos em profusão, energia desmedida, grooves bem alocados e uma bateria que espanca os ouvidos impiedosamente!

Mesmo quando existe melodia ela é levada para o lado agressivo e extremo (como em “Dead End Gone”).

Inclusive, “Politicians” e “Part of a Sick World possuem um “q” de death metal melódico em alguns arranjos de guitarra.

A última faixa, “The Breed” tem até aquelas palhetadas que nunca viram riffs do black metal.

Por isso, percebemos que o tradicionalismo do estilo é renovado no ataque sonoro registrado em “Part of a Sick World”, principalmente pela produção brilhante e pelo timbre das guitarras, mas também pela forma de organizar suas músicas.

O abuso dos clichês é claramente utilizado não pela falta de criatividade, mas por assim desejarem os músicos e até por isso não podemos apontar tal observação com um problema do disco.

E apesar de ter um espirito oitentista, “Part of a Sick World” vem com mudanças bruscas nos andamentos, transpirando técnica e inteligência metálica, criando faixas nada lineares e que fervem o sangue nas veias dos fãs do estilo.

Esse disco foi lançado no Brasil via Hellion Records e vale cada segundo da sua atenção se você é fã de thrash metal!

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