O Airforce é uma daquelas bandas cult do rock/metal inglês, que apareceram como promessa, mas depois perderam o bonde da história por motivos diversos.
A banda foi formada no final da década de 1980 por Doug Sampson, o baterista do Iron Maiden na histórica demo tape “The Soundhouse Tapes”, lançada em 1979.
Ele montou o Airforce ao lado do irmão Sam Sampson (vocal) e dos músicos Tony Hatton (baixo) e Chop Pitman (guitarra), mas a trajetória da banda é ciclotímica e incerta até 2001.
“Strike Hard” é o segundo álbum da banda desde o retorno em 2008, sucessor de “Judgement Day” (2016), contando com os membros originais Chop Pit e Tony Hatton, além do vocalista português Flávio Lino, que veio de uma banda cover do Iron Maiden e substitui Ivan Giannini (hoje no Vision Divine).
O álbum ainda traz a participação especial de Paul Di’anno na faixa “Don’t Look In Her Eyes” (obviamente um dos destaques) que alimenta ainda mais a impressão de estarmos diante de uma banda da NWOBHM trazida para os dias atuais.
Uma impressão também marcada nas faixas “Fight” (abertura onde o vocalista já deixa uma ótima impressão) e “Finest Hour” (talvez, mais Iron Maiden que sua atual versão original), ambas com aquela vibe oitentista característica.
As influências das bandas menos polidas do metal inglês, como Saxon, Judas Priest (da fase “British Steel”), Tygers of Pan Tang, Diamond Head, Jaguar e Samson são óbvias e estão emoldurando com energia os vocais épicos e dramáticos, à lá Bruce Dickinson e Tony Martin.
O trabalho de guitarras é baseado de forma competente na estética direta de riffs e solos que não se preocupam com harmonias mais complexas, mas é inegável que a maior influência por aqui é o Iron Maiden.
Porém, o dono das seis cordas conhece os ensinamentos básicos do heavy metal e tira de seu instrumento linhas inteligentes, sustentadas por uma precisa seção rítmica.
Em especial, o talento de Chop Pit pode ser ouvido com primor nas faixas “War Games” e “The War Inside”, e o da banda como um todo enquanto encarnam uma fusão de Judas Priest e Iron Maiden na ótima “Die For You”.
Já “The Reaper” mostra um fusão interessante de heavy metal inglês com o hard rock norte americano, principalmente pelo dueto de Flávio Lino com Ivan Giannini. Sem dúvidas, é uma das melhores músicas do disco, assim como a diferenciada “Band of Brothers”.
É importante salientar a existência de detalhes que imprimem a personalidade da banda em cada uma destas composições, apesar que em alguns momentos falta um pouco mais de energia, como na interessante “Son of the Damned” (com suas mudanças de andamentos) ou em “I Feel Your Pain”.
Ou seja, “Strike Hard” nos dá o puro heavy metal oitentista sem espaço para vanguardismos ou modernidades, transbordando maturidade nas composições simples, diretas, cruas, eficientes e que são impressas por uma produção orgânica e excelente.
Ainda merece menção a participação especial de Zal Cleminson, o guitarrista original da Sensational Alex Harvey Band, banda a qual o Airforce nos oferece o cover de “Faith Healer”, como bônus na edição nacional lançada via Hellion Records.
Se você gosta de bandas de heavy metal que sabem que “menos é mais” eu te aconselho a ouvir este disco, pois vale a pena conferir!
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