Steve Perry – Resenha de “Traces” (2018, Hellion Records)

 

Steve Perry Traces
Steve Perry: “Traces” (2018, Hellion Records, Fantasy Records)

“Traces” é primeiro disco solo de Steve Perry desde “For the Love of Strange Medicine”, lançado em 1994.

Naquele ano Steve Perry ainda era o vocalista do Journey (mesmo que estivessem num hiato), banda onde revelou e consolidou seu talento, principalmente em sua primeira era, de 1977 a 1987, quando produziram discos clássicos do quilate de “Infinity” (1978), “Escape” (1981) e “Frontiers” (1983), e geraram ao menos um hit atemporal e que transcende o rock: “Don’t Stop Believe In”.

O vocalista voltaria ao Journey em 1995, após a banda por fim ao hiato que durava desde 1987, mas quando deixou a banda em definitivo, no ano de 1998, se isolou em sua cidade natal, desaparecendo do mundo da música.

Foram mais de duas décadas de espera dos fãs para que Steve Perry colocasse fim ao silêncio da carreira e encantasse todos novamente com sua voz, agora mais amadurecida e menos polida, afinal, o cantor, também (assim como Frank Sinatra)  apelidado de “A Voz”, já tem quase setenta anos de idade. Mas não se preocupe, o gogó deste senhor ainda está em forma.

Até por essa fuga do mundo da música, acho que pouco da “evolução” do mercado fonográfico tenho o influenciado em “Traces”, justificando a sensação de que este poderia ser um disco perdido ou engavetado por Steve Perry nos anos 1990. Na verdade, vemos o cantor inspirado por seus ídolos declarados, como Sam Cooke, Jackie Wilson e Marvin Gaye.

Claro que a produção de “Traces” não tem nada de datada, mas os estratagemas melódicos, os ganchos dramáticos, e os refrãos cheio de técnica e paixão ainda parecem os mesmos de 30 anos atrás, o que já cria certa familiaridade e um sabor nostálgico nestas dez composições.

Sabe quando relembramos velhas e boas histórias da vida com velhos amigos? Essa é a sensação nostálgica a que me refiro. A versão das histórias nunca são as mesmas, exageramos certos pontos, tiramos enfases de outros, e potencializamos elementos marcantes.

Steve Perry fez exatamente isso em “Traces”.

A “história” é a mesma contada outras vezes por ele; exagerada nas baladas – são cinco em sequência na abertura (“We’re Still Here” é a melhor delas)-, dá ênfase à nostalgia que emociona em “No Erasin'” (com a cara do Journey) e “No More Cryin'” (balada com herança soul dos ídolos de Perry), e potencializa seus melhores atributos em “Sun Shines Gray” (a mais roqueira do álbum), “You Belong to Me” e “Easy to Love”, estas duas com uma vibe soul interessante.

“Traces” tem dividido opiniões entre os fãs, quase num esquema ame ou odeie.

Talvez aqueles que não gostaram do álbum confundam ideias e identidades musicais recicladas com falta de inspiração, ou até mesmo esperavam músicas na linha do Journey, algo que ele entregou nos outros dois discos solo, mas até ali, em sua era de ouro, haviam momentos mais puxados ao pop que ao rock. Eram pontuais, é verdade, e “Traces” é basicamente é um disco construído ao piano/teclado e percussão, carente em guitarras, e se essa carência geralmente é um problema pra você, acredito que dificilmente esse disco irá te agradar.

Não temos em “Traces” a mesma vibração de antes guiada pelas guitarras, porém, não há como negar que os arranjos são bem feitos, mais discretos, entre o Melodic Rock e o Soul Pop, bem desenhados para servir de cama para a voz de Steve Perry .

O mais importante é que no fundo, o espírito permanece o mesmo, e existem algumas letras bem confessionais em suas alegorias.

Confira e tenha sua própria impressão de “Traces”, afinal foram mais de duas décadas de espera e Steve Perry merece ao menos quarenta minutos da atenção de seus fãs!

TRACKLIST

1 No Erasin’
2 We’re Still Here
3 Most of All
4 No More Cryin’
5 In the Rain
6 Sun Shines Gray
7 You Belong to Me
8 Easy to Love
9 I Need You
10 We Fly

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