Star Wars | A Maior de Todas as Sagas do Cinema

 

Não seria exagero algum dizer que George Lucas criou uma religião com a saga “Star Wars”. Desde sua primeira apresentação na tela grande do cinema, a saga de “Star Wars” vem angariando admiradores por todas as gerações, sendo uma odisseia moderna permeada por elementos importantes da cultura pop, como historias em quadrinhos, ficção científica e faroeste.

Entretanto, com o passado dos anos, talvez tenha se tornado o maior expoente deste nicho após a segunda metade do século XX. Não estranhe quem encare a saga quase como um evangelho.

A sua concepção se baseia em preceitos básicos da criação de uma figura heroica, que surge com capacidades além das naturais, para mudar sua época, além de todo o desenvolvimento de enredo ser carregado de ingredientes que compõem a maioria dos mitos clássicos, como a eterna luta entre o bem e o mal, a iniciação de um herói e a busca por sentido universal.

Além disso, George Lucas foi astuto o suficiente para emoldurar todo o seu enredo em modernos e belos efeitos especiais, bem como infalíveis ferramentas hollywoodianas. Hoje, vamos conversar um pouco sobre esta que é a maior de todas as sagas do cinema.

Star Wars - A Maior de Todas As Sagas do Cinema

Star Wars – A Maior de Todas as Sagas do Cinema

Quando a década de 1970 já caminhava para o seu desfecho, um filme de relativo baixo orçamento ganhava o coração de inúmeros espectadores pelo mundo.

A história de Luke Skywalker, que após a morte dos tios que o criou, se junta ao velho cavaleiro jedi Obi-Wan, dois robôs e um piloto arrogante para resgatar uma princesa que está nas garras de um vilão de túnica preta e capacete plástico, pode parecer simplória, mas tem um forma arrebatadora de se desenvolver, além de ter sido produto de um profundo estudo de seu concebedor, George Lucas.

“Star Wars”, filme de 1977, foi sucesso de bilheteria, tendo arrecadado 524 milhões de dólares, enquanto seu custo foi de apenas 11 milhões de dólares. No futuro, a franquia levaria dez estatuetas do Oscar, num total de vinte e cinco indicações.

A certeza de fracasso do projeto era tamanha dentro do estúdio que o produzia que o chefões cederam todos os direitos de merchandising de qualquer produto relacionado ao filme a George Lucas.

O que estes caciques de estúdio não viam era a sabedoria de Lucas em juntar dois estilos consagrados dentro do cinema e que englobavam duas gerações de fãs dos filmes de ação, oferecendo um faroeste sci-fi.

Mas não foram somente os estúdios que desacreditavam o projeto de George Lucas. Segundo ele próprio, “as pessoas diziam que após Loucuras de Verão eu deveria ter feito um filme como Apocalypse Now e não Star Wars, diziam que eu devia estar fazendo filmes como ‘Taxi Driver'”.

Todavia, o poder do filme está além do roteiro. George Lucas conseguiu trazer para as telas do cinema modelos carregados de inúmeros detalhes, truques cinematográficos inteligentíssimos e locações muito bem escolhidas, em uma época distante em ao menos duas décadas das imagens computadorizadas.

Neste arcabouço, ele conseguiu forjar um novo estilo de se fazer cinema que fascinava tanto adultos quanto adolescentes, unindo gerações que fatalmente estariam em oposição de predileções cinematográficas.

Muito desta condição se dá ainda pelas implicações pessoais implícitas na luta entre o bem e o mal do roteiro. Num primeiro momento, a primeira trilogia, que sedimentou todo o culto à saga, contava a história de um pedaço do universo dominado pelo império maligno de Darth Vader que se via em conflito com forças rebeldes, na tentativa de derrubar sua tirania.

Contudo, existem ainda outros detalhes sutis que garantem elegância intelectual ao enredo. Um dos mais evidentes está na discussão do peso da herança paterna, ou seja, o direito do herdeiro em recusar a sucessão em uma empresa familiar, visto que a relação difícil entre pai e filho na trama é uma projeção da vida pessoal de George Lucas na obra.

Indo um pouco mais além nos ingredientes implícitos na trama de George Lucas, podemos dizer que os filmes pregam uma necessidade de ouvir a voz interior e confiar em seus instintos, como forma de despertar um tipo de espiritualidade na juventude, sendo “a força” mais uma convicção da existência e onipresença de Deus do que um sistema religioso.

Mas se engana quem toma este fato como um meio subliminar de sugestionar crenças judaico-cristãs, afinal, a trama é uma verdadeira colcha de retalhos de mitos e sabedorias religiosas, que vão dos contos de fadas, histórias folclóricas e mitos heroicos.

Em determinado momento, Obi-Wan Kenobi irá nos dizer que “a força é o que dá poder ao jedi”, ainda a descrevendo como um campo de energia criado sobre todas as coisas, nos cercando e penetrando, e mantendo a galáxia unida. Ora, isto é uma clara influência da filosofia oriental no trabalho de George Lucas, mais especificamente do Taoísmo.

Além disso, ele ainda conseguiu amalgamar características dos tipos clássicos de heróis em sua trama:

1) o herói grego de aventuras triunfais;

2) o heróis medieval da cavalaria embebido em charme irresistível; e

3) os cowboys que circundam entre a vilania e a virtude.

Ou seja, o brilhantismo da pseudo-teologia de George Lucas está em unir preceitos mitológicos com cultura pop moderna. Temos um pouco da geografia presente em Duna, de Frank Herbert, aqui, mais algumas doses de ficção científica à lá Flash Gordon acolá.

Nos quesitos políticos da trama temperamos com pitadas de filmes de baixo orçamento sobre o Império Romano e um pouco da filosofia bélica dos filmes de samurais. Outra clara influência é a película oriental A Fortaleza Escondida, de Kurosawa.

Pronto o quadro, emolduramos tudo em uma epopeia espacial, presente em obras literárias de Edward E. Smith, que George Lucas consumira na infância, junto a outros clássicos como O Senhor dos Anéis.

Estes são os ingredientes da alquimia que criou um universo, uma nova mitologia, várias criaturas oriundas de distantes galáxias, além de objetos clássicos da cultura pop, como os sabres de luz, os stormtroopers imperais de péssima mira, os carismáticos robôs R2D2 e C3PO, bem como os cavaleiros jedi, uma nova formatação para os cavaleiros da távola redonda do Rei Arthur.

A forma que George Lucas encontrou para dar corpo à sua saga adveio obra O Herói de Mil Faces, de Joseph Campbell, um erudito em assuntos religiosos e narrativas orientais.

Neste livro, o autor destrincha todos os aspectos da formação do mito do herói, enumerando todos os passos da jornada que transmutará o ser simples em um herói, sendo esta composta de dezessete passos, divididos em três partes.

George Lucas teve contato com Campbell na University of Southern California e usou sua esquematização para começar a construir sua história a partir de algumas anotações sobre mitos e heróis.

Futuramente, Campbell iria participar de debates junto com Lucas acerca da composição de alguns episódios (em questões como se Obi-Wan e Darth Vader deveriam ser o mesmo personagem, como no roteiro original, além da transformação do personagem Annikin Starkiller em Luke Skywalker), analisando algumas figuras da trama, além de ajudar no conceito da divisão da força em dois lados: o lado do bem (denominado Asla) e o lado negro (denominado Bogan).

Quando se jogou no trabalho seus objetivos estavam muito bem definidos: queria algo que mesclasse ensinamentos das principais religiões, a diversão dos filmes de ficção científica e a emoção dos filmes de faroeste. Tudo embutido em um pacote moderno e inovador, distante da violência gratuita e do sexo.

Passou dois anos e meio trabalhando no roteiro de Star Wars, que trazia a corrupção pelo poder do imperador inspirada em Richard Nixon e Francis Ford Coppola inspirando a rebeldia consciente de Han Solo.

A simplicidade do primeiro plano da história foi a chave para ao sucesso da saga. A narrativa heroica de Luke Skywalker é extremamente familiar: uma pessoa comum, vivendo com parentes comuns, começa a despertar da condição ordinária quando aqueles que amam são feridos.

Pensem por um segundo. Esta é a história de Luke, bem como a do Homem Aranha. Esta familiaridade criou uma verdadeira legião de fanáticos pela saga que não se contentavam apenas com o que era apresentado nas telas do cinema.

Desta feita, a trilogia cinematográfica inicial expandiu seu universo para as mais diversas mídias, compreendendo um período iniciado trinta mil anos antes dos eventos de A Ameaça Fantasma (primeiro filme da segunda trilogia, que conta a história de Anakin Skywalker), avançando mais de cento e trinta anos após o episódio seis, O Retorno de Jedi.

Dentre as obras literárias que ajudaram a constituir expansão do universo de Star Wars, temos dez títulos entre 1977 e 1983, até ressurgir em 1991 com a trilogia Thraw, narrando eventos datados de meia década após “O Retorno de Jedi”.

A Batalha de Endor é uma mostra de que a força da saga está além do roteiro. George Lucas conseguiu trazer para as telas do cinema modelos carregados de inúmeros detalhes, truques cinematográficos inteligentíssimos e locações muito bem escolhidas, em uma época distante em ao menos duas décadas das imagens computadorizadas.

A compra da Lucasfilm pela Disney em 2012, pelo fabuloso um montante de quatro bilhões de dólares, deu um novo fôlego à saga que planeja dar vida a mais três filmes nos próximos seis anos.

A primeira destas novas películas a ganhar as telas do cinema é o Episódio VII: O Despertar da Força, tendo o nome de J. J. Abrams (Star Trek, Fringe e Lost), atual mago da ficção científica (e fã da saga Star Wars) na direção.

Lançado no fim de 2015, as críticas estão favoráveis ao trabalho do diretor, dizendo que ele conseguiu manter uma coerência com o restante da saga, levando o espectador a novas experiências, mesmo explorando o universo de George Lucas de um modo diferente de seus antecessores.

Sem mais delongas quanto a este novo filme para não exibir os famigerados spoilers, posso terminar dizendo que este novo capítulo da saga deixa mais perguntas do que respostas, criando enorme expectativa quanto os capítulos que irão se seguir.

Como se não bastasse, conseguiram, novamente, esboçar um vilão marcante, que agora não é nem jedi, nem sith, apesar de ser um exímio e cruel manuseador do lado negro da força.

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