Dia Indicado Pra Ouvir: Sexta-Feira
Hora do dia indicada para ouvir: Às sete e seis (da manhã ou noite, você escolhe).
Definição em um poucas palavras: Pesado, experimental, psicótico, violento, disco renegado.
Estilo do Artista: Thrash Metal
Comentário Geral: Se tornou praxe bater em alguns discos renegados e muitas vezes não damos a eles a chance devida de absorção e compreensão.
Do outro lado do Atlântico, no fim dos anos 1990, o Kreator nos oferecia o contestado “Endorama”.
E se você pensar em como os ícones do big four do thrash metal oitentista americano estavam na segunda metade daquela década, com Megadeth lançando “Risk”, o Metallica lançando “Reload” e o Anthrax com seu “Volume 8: The Thrast Is Real”, vai perceber que o Slayer estava até pouco fora deste esquadro, afinal, não há comparativos entre esses discos e o pesado, psicótico e violento “Diabolus In Musica”.
Já até escrevemos um artigo sobre esses discos renegados, e um dos mais injustiçados é “Diabolus in Musica”, o oitavo álbum de estúdio do Slayer.
Aliás, é senso comum criticar a parcela noventista da discografia do Slayer.
Claro que vindo do que apresentaram nos anos 1980, dificilmente repetiriam as doses de brilhantismo e as injeções cavalares de thrash metal puro em nossas veias.
O Slayer foi formado em 1981, na Califórnia e em sua primeira década estabeleceu, em cinco clássicos, os cânones para a definição do thrash metal como um dos estilos com maior potencial de crescimento dentro do (àquela época) ainda jovem heavy metal.
“Show No Mercy”, primeiro disco indicava o desejo de ser a banda mais rápida do planeta; “Hell Awaits”, mostrava evolução e entrelaçava o Slayer na primeira geração do black metal; “Reign in Blood” era sua primeira obra-prima; “South of Heaven” era a ruptura com a velocidade extrema e redenção ao peso cadenciado; e “Seasons in the Abyss” mostrava a metamorfose final de um gigante, equilibrando todas as suas potencialidades em um disco perfeito!
Com esses discos o Slayer não criou um estilo propriamente dito dentro do heavy metal, mas talvez tenha criado uma das formas mais particulares de executar um afluente deste gênero.
Na verdade, o Slayer definiu o thrash metal mesmo sem tê-lo inventado. E o fez de uma forma tão própria que tomou pra si o papel de pioneiro principal do thrash metal.
Porém, o Slayer que chegava a “Diabolus In Musica”, oito anos após “Seasons in the Abyss” já trazia marcas do tempo e mudanças musicais.
No ano seguinte a “Seasons in the Abyss”, para comemorar os dez anos de banda, lançam o duplo ao vivo “Decade of Aggression”. Uma parte do material foi gravada na Flórida , em 13 de junho de 1991 e a outra em Londres, na Inglaterra, em outubro do ano anterior.
O Slayer era cada vez mais gigante, praticamente uma entidade dentro do heavy metal mundial, com fãs devotos e até mesmo exagerados em alguns casos.
Porém, os antigos problemas com Dave Lombardo voltaram nessa época e a própria banda resolveu demiti-lo.
O filho do baterista iria nascer bem na época da turnê e os três remanescentes não queriam ser surpreendidos com na época de “South of Heaven”, quando o Lombardo se afastou da para curtir uma lua de mel com a esposa Theresa.
Naquela primeira vez seu substituto foi Tony Scaglione, do Whiplash, mas ele acabou não agradando e Lombardo voltou logo para o Slayer.
Agora era a vez do excelente Paul Bostaph, à época recém-saído do Forbidden, um dos ícones do thrash metal da Bay Area, encarar o desafio de substituir um baterista lendário.
Após a turnê que passou pelo Monsters of Rock, o Slayer entrou em hibernação, até aparecer em 1993, com a inclusão da faixa “Disorder”, onde Tom Araya divide os vocais com Ice-T, na trilha sonora do filme “Judgement Night”, iniciando, de fato a década de 1990 para o Slayer.
Seu primeiro disco de estúdio nos anos 1990 só sairia em 1994, “Divine Intervention”. Talvez o dono da melhor capa de um disco da banda!
Foi esse disco que apresentou Paul Bostaph no comando das baquetas, de forma técnica e com muito feeling, como já entregava a faixa “Killing Fields”.
Na sequência veio “Undisputted Attitude”, um disco de covers de punk/hardcore que era uma resposta clara e direta ao pop punk da época, liderado por bandas como Green Day, Offspring e Bad Religion.
Deste disco, faixas como “Ddamn”, “Can’t Stand You” (ambas oriundas do projeto punk oitentista de Jeff Hanneman) e a inédita “Gemini” apontavam como as influências do punk iriam ser exploradas à partir de então pelo Slayer.
Até por isso, esse disco é essencial para entender como o Slayer de “Seasons in the Abyss” se transforma no de “Diabolus in Musica”.
E é justamente em “Diabolus in Musica” onde o Slayer mais experimenta em sua carreira. Seja em arranjos, letras, mas principalmente em timbragens.
Nestas onze composições temos o ápice de sua ousadia, onde a banda força qualquer de seus dogmas e barreiras musicais, o que resulta num disco tão diversificado quanto ousado.
Muitos acusaram a banda de render-se ao modismo do New Metal!
Veja bem, em meados dos anos 1990 a nova onda do heavy metal norte-americano tinha como líderes Rob Zombie e seu White Zombie, Korn, Helmet, Rage Against the Machine, Prong, Marilyn Manson, Machine Head, Pantera e o duvidoso Limp Bizkit.
Até mesmo Ozzy Osbourne resolveu aproveitar o hype e se misturar à essa turma em seu Ozzfest.
O maior ponto de tangencia com o New Metal de “Diabolus in Musica”, reside, talvez, nos climas de faixas como a ótima “Wicked”, ou de “Stain of Mind” e “Desire”, além de alguns efeitos vocais que rementem ao que Marilyn Manson e Korn fazia à época.
Mas só!
O Slayer, neste disco, está para Marilyn Manson assim como o próprio Satanás está para alguma diabrete emplumada.
Desde a primeira faixa, “Bitter Piece” (com uma das introduções mais mortais da história da banda), o peso da antigamente se faz presente, numa versão contextualizada à contemporaneidade do metal, mas curto e grosso, com um clima que nos remete a filmes de terror como “Hellraiser” e “O Albergue”.
Assim como esfregaram o punk/hardcore na cara do “punk de butique”, o Slayer mostrava para os neófitos do new metal como era soar pesado, maléfico e agressivo em meio ao groove.
E por isso afirmo que “Diabolus in Musica” é tão experimental quanto pesado e brutal!
Não podíamos esperar nada diferente de um disco composto quase em sua totalidade pelo saudoso Jeff Hanneman, que o concebeu de forma crua, dispensando as melodias de guitarra.
“Musicalmente falando, Jeff fez cerca de 90% do álbum, quase tudo. Depois nós, junto com Tom e Paul, desenvolvemos as músicas e formos fazendo os arranjos”, nos cotou Kerry King em entrevista da época.
Ainda nas palavras do guitarrista: “Jeff estava mais inspirado, e começou a fazer muitas músicas, ele já tinha umas oito prontas, antes que eu soubesse”.
Até por isso, é natural que o Slayer usasse mais o groove em suas músicas e os esbarrões com o punk/hardcore – gênero pelo qual Hanneman era fanático – aparecem em “Death’s Head”, “Stain of Mind” e “Love to Hate”.
“Bitter Piece” ainda nos garante desde o início que Paul Bostaph será um dos destaques individuais do disco, seguido de perto por Tom Araya com suas linhas vocais agressivas, determinadas e seus refrãos de impacto, como em “Screaming from the Sky” (essa faixa poderia estar em “Seasons in the Abyss” [1990]), “Pervertions of Pain” (essa música é puro Slayer) e “In the Name of God”.
Aliás, “In the Name of God” era uma das favoritas de Kerry King, e como ele próprio disse na época, era “sua contribuição para o underground diabólico, na verdade a única que fala abertamente sobre o tema satânico” neste disco.
Além disso, “Scrum” e “Point” nos dão exatamente o que Slayer oferecia em seus movimentos mais pesados. Já “Overt Enemy” tem algo da cadência maléfica de “South of Heaven” (1988).
Na verdade, os fãs mais ortodoxos já estavam raivosos com a banda desde o início da década, e até mais do que as músicas deste disco, criticaram muito outros fatos, como a mudança do logo e a produção (de Rick Rubin, o mesmo de “Reign in Blood” [1986]) soar muito modernosa.
Pra mim, o único problema desse disco é que o Slayer novamente entregou o inesperado, e salvo por pontuais efeitos de voz continuava a usar sua música dotada de massa sonora pesadíssima pra extravasar sua raiva.
E até por essa ser uma virtude em bandas clássicas, VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!
Ano: 1998
Top 3: “Bitter Piece”, “Screaming from the Sky” e “In the Name of God”
Formação: Tom Araya (vocal e baixo), Jeff Hanneman (guitarra), Kerry King (guitarra) e Paul Bostaph (bateria)
Disco Pai: Sepultura – “Chaos A. D.” (1993)
Disco Irmão: Testament – “The Gatheringl” (1999)
Disco Filho: Exodus – “Shovel Headed Kill Machine” (2005)
Curiosidades: Diabolus in Musica é uma referência ao trítono, o som do diabo. Um som dissonante onde uma combinação de notas soa carregada de tensão e sombras.
O termo som do diabo foi cunhado ainda a Idade Média, quando a Igreja chegou a proibir que esse intervalo musical fosse incluído em composições da época, pois considerava-o maligno e extremamente desarmônico. Saiba mais sobre a influência do Diabo na Música Ocidental nesse artigo especial.
“Diabolus in musica é realmente um termo técnico, combina bem com a música pesada. É diabólico, arriscado…” nos dizia Kerry King na época do lançamento.
O guitarrista também contou de onde veio o nome do disco: “Na verdade esse nome apareceu em um songbook nosso editado no Japão, me um parágrafo que fala sobre a música ‘The Antichrist'”.
Pra quem gosta de: Perversões da dor, serial killers, modernidade ma no troppo, Satanás e cerveja (mesmo quente).
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